domingo, 24 de novembro de 2013

A primazia dos projetos políticos

O ministro da Saúde, justificando a reprovação de profissionais do programa Mais Médicos, no Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos (Revalida), aplicado para reconhecer diplomas obtidos no exterior, disse que isso "não demonstra falta de preparo dos participantes". O ministro disse que "Não me preocupa a reprovação (no Revalida). Esse teste é feito para ver a capacidade que um médico tem de operar, trabalhar em UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e fazer procedimentos de alta complexidade. Já o foco do Mais Médicos é a atenção básica nos postos de saúde. Os participantes recebem um treinamento de três semanas para isso, e vão continuar sob supervisão permanente". Ao ser questionado se faria uma consulta com um médico reprovado no Revalida, o ministro respondeu prontamente que "Sim, sem medo. E o povo brasileiro também. O programa tem recebido mais elogios do que críticas, 80% da população já o aprova. Aos poucos, a classe médica e as demais categorias também percebem que o Mais Médicos não tira emprego dos brasileiros e acaba levando profissionais para as regiões carentes". A discussão sobre a validade ou não da necessidade do Revalida, como maneira de garantia da segurança dos pacientes, ainda rende troca de farpas entre o governo e o Conselho Federal de Medicina, que o defendeu de forma intransigente, conforme nota recém-divulgada, onde se lê que permitir que médicos formados em outros países atuem no Brasil antes de serem aprovados no Revalida cria duas categorias de profissionais, ou seja: "os de primeira linha, com graduação em universidades nacionais ou com diplomas revalidados, que podem atender em qualquer localidade; e os de segunda linha, sem competência devidamente avaliada, com atuação restrita ao programa Mais Médicos e sem condições de responder com plenitude às exigências da população". Segundo o CFM: "oferecer um indivíduo com perfil distinto é iludir os moradores das áreas mais carentes, pois, se houver um caso grave, esse médico de segunda linha terá dificuldades em agir, podendo inclusive causar danos maiores". Não fossem os projetos políticos da reeleição na Presidência da República e da eleição para o governo do Estado de São Paulo, dificilmente a população carente seria atendida com a contratação dessa enxurrada de médicos, vindos principalmente da ilha cubana, resultado da questionável negociação com o governo daquele país, que manda para o país tupiniquim a maioria dos profissionais e embolsa diretamente no seu Tesouro o grosso dos valores correspondentes às remunerações dos médicos cubanos, que são obrigados a deixar a família na ilha caribenha, numa espécie de transação absolutamente irregular, por ferir flagrantemente os princípios constitucionais e legais aplicáveis às relações empregatícias, visto que nem o Brasil é empregador nem os médicos cubanos são empregados brasileiros, posto que seu vínculo trabalhista permaneça com a ditadura castrista, que, mesmo a distância, manipula e controla a vida dos seus patrícios. Não obstante, quando se trata de justificar os atos inexplicáveis do governo tupiniquim, seus integrantes invariavelmente sempre têm o discurso ensaiado e amoldado a cada caso, como esse do Revalida, que passou a ser dispensável o respectivo exame justamente para atender às conveniências do Palácio da Alvorada. Impende relembrar que o então presidente da República, em certa ocasião, no auge da popularidade e sem imaginar que poderia ser acometido de doença grave, teceu precipitadas loas ao "eficientíssimo" Sistema Único de Saúde - SUS, ao dizer que ele era tão competente que poderia causar inveja ao sistema de saúde norte-americano. Para seu infortúnio, logo mais tarde, o ex-presidente foi acometido de doença grave e não teve dúvidas para se encaminhar imediatamente ao referenciado Sírio-Libanês. Agora, idêntica demagogia se repete, na pessoa do ministro da Saúde, ao defender a excelência do atendimento dos médicos inscritos no programa inspirado por ele, que tem por planejamento a inspiração beneficiar os projetos eleitoreiros à Presidência da República e ao governo de São Paulo. Urge que a população se conscientize sobre as manobras e os esquemas adotados pelo governo federal, na implantação e execução de seus programas, visando não apenas beneficiar o povo, mas, sobretudo, obter dividendos nos seus projetos políticos de conquistas eleitorais e de perpetuidade no poder, com a utilização de recursos públicos. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 23 de novembro de 2013

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