A cúpula do mensalão
petista que se encontra cumprindo pena na Papuda/DF expediu carta, que foi
mostrada à imprensa, contendo denúncia de maus tratos na cadeia, exigindo "respeito
à lei" e deixando consignada sua indignação por não aceitar
"humilhação", ao preferir o "risco e a dignidade da
luta". O ex-ministro da Casa Civil da Presidência da República, o
ex-presidente do PT e atual deputado federal e o ex-tesoureiro do PT não
estão usufruindo os privilégios que esperam na prisão, os quais cumprem pena em
regime semiaberto, mas ainda não receberam autorização para a reclusão durante a noite e os finais de semana e dias não úteis. Talvez,
por isso, eles estejam reclamando de humilhação e injustiças, embora os
trâmites prisionais estejam transcorrendo observadas às praxes legais e
regulamentares, com relação aos presos que se encontram nos locais destinados àqueles com direito
ao cumprimento de penas no regime semiaberto. Não há dúvida de que, quando a
pessoa política perde a liberdade à cidadania de ir, vir e agir, é normal a
presunção do sentimento de real humilhação, considerando principalmente a
relevância da posição que ela ocupa na sociedade, sempre merecedora das maiores
deferências nos palácios, nas repartições públicas e no âmbito da sociedade e do
empresariado, que se esforçaram para o merecimento da sua atenção e do seu
prestígio. Não há dúvida de que essa humilhação não restitui nem repara os
danos causados ao povo brasileiro, que foi obrigado a passar por alguma forma
de privação e até de humilhação, em face do desvio dos dinheiros que
alimentaram os cofres do mensalão, destinados à mera satisfação do governo para
manter sob seu controle a consciência de alguns parlamentares, que se colocaram
em posição de fidelidade aos caprichos do governo, na votação de seus projetos
importantes. Para a sociedade, causa não somente humilhação o desvio de verbas
públicas, mas a percepção da inexistência de determinação para os beneficiados do
dinheiro da gatunagem não terem sido ainda obrigados a devolvê-lo, devidamente
atualizado, às suas verdadeiras destinações, que poderiam ter sido à educação,
saúde pública, segurança pública ou a outro programa de suma importância para a
satisfação do interesse público, tão prejudicado pela falta de recursos. Embora os petistas, tanto os que
estão presos como a sua cúpula, neguem com veemência, a existência dos fatos
delituosos do mensalão, a sociedade mais conscientizada tem enorme dificuldade
de desacreditar na altíssima competência dos ilustrados ministros do Supremo
Tribunal Federal, que não tiveram a menor dúvida de dar seu veredicto sobre a
culpabilidade dos réus integrantes do volumoso processo de milhares de laudas,
com extensos depoimentos acusatórios, comprovados por incontestáveis provas
circunstanciais, técnicas e legais acostadas aos autos, confirmando a
veracidade das apurações. Não há dúvida de que, em atenção aos direitos
humanos, a pessoa não pode nem deve ser humilhada quanto ao usufruto dos seus
direitos de cidadania. No entanto, consoante confirmação pelas pessoas
envolvidas e pelos elementos devidamente levantados, realmente houve pagamentos
de propinas aos parlamentares, que se sujeitaram a dar apoio aos projetos do
governo no Congresso Nacional, autorizadas pelos petistas presos, o que parece
justificar as punições. Veja-se que as investigações concluíram, com base em
substanciais provas materiais, testemunhais, periciais e outras revestidas de
legalidade, que houve desvios de recursos públicos para o mensalão, gerenciado
exatamente pelos líderes petistas que estão trancafiados, em razão de seus atos
prejudiciais à sociedade. Há de se reconhecer que as verdadeiras humilhações
existem nos corredores lotados dos hospitais, na péssima qualidade do ensino
público, na exigência de absurdas burocracias das repartições públicas, na
falta de segurança pública, nas estradas esburacadas e sucateadas, no
transporte de pessoas e de cargas e nas demais políticas públicas da
incumbência do governo, que, apesar das evidentes deficiências gerenciais do
país, ainda consegue se manter na vanguarda das pesquisas de intenção de voto
para a Presidência da República, o que bem demonstra o nível dos cidadãos
brasileiros, que não têm dignidade para perceber o tamanho dos maus tratos e da
falta de zelo para com o patrimônio público. O povo tem o dever cívico e moral
de repudiar as mazelas causadas pela ineficiência da administração das verbas
públicas e exigir que os governantes sejam capazes de estabelecer prioridades
às políticas públicas, como forma possível de se evitar que a sociedade
continue em estado de permanente humilhação, ante aos indecentes desvios dos
recursos destinados à saúde, educação, segurança pública... Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 20 de novembro de 2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário