segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Basta de privilégios, segregações e discriminações

Causa estranheza que, em pleno século XXI, a par dos significativos e importantes avanços e conquistas do ser humano, em que os conhecimentos científicos, tecnológicos, cibernéticos etc. revolucionaram completamente a compreensão quanto à valorização da humanidade, ainda se pense em ideias arcaicas e ultrapassadas de criação de cotas para proteção de determinada classe social, em prejuízo de outras, como essa que acaba de ser instituída para a reserva de 20% para negros no serviço público federal. Diante disso, é totalmente inconcebível que, na atualidade, a etnia negra seja tratada como sub-raça, colocada em condições de inferioridade em relação às demais pessoas, como se estas fossem possuidoras de dons intelectuais superiores a outras raças. Causa espécie que os negros aceitem pacificamente a condição de gentes incapacitadas, ineptas, a galgar, em igualdade de condições, posições e colocações acessíveis às demais raças, a revelar patente inferioridade humana, respaldada sempre por atos das autoridades republicanas, que deveriam, ao contrário, promover medidas socioculturais no sentido de valorização, de maneira uniforme, das pessoas, indistintamente de raças, cor ou qualquer sentimento de sociabilidade. Ao invés de incentivar e estimular a mediocridade sobre a aceitação da condição de desqualificação e de inferioridade, o governo deveria se sensibilizar que as cotas estigmatizam e denigrem a imagem dos beneficiários, pela tentativa de reconhecer que eles são realmente incapazes de competição. Causa perplexidade se verificar que a criação de cotas trata-se de motivação estritamente eleitoreira, por servir de inspiração nada edificante como iniciativa de cunho visivelmente discriminatório, em contrariedade aos princípios que solidificam os direitos humanos. Na concepção atual de modernidade dos recursos humanos, compete aos governantes promoverem políticas públicas visando à eliminação de desigualdade e de discriminação entre as pessoas, como forma de fortalecimento do crescimento humanitário. Essa estupidez da criação de cotas contribui, de forma irresponsável, para estigmatizar o paradigma de que o negro, tendo sido castigado, no passado, pelo homem branco, foi prejudicado pela sociedade e deve continuar sendo eterna vítima desse passado tenebroso, como marca indelével que não faz sentido permanecer pesando na consciência da atual geração, que não teve participação nos eventos escravagistas nem deles se beneficiou. A nova geração tem o dever de mudar e mentalidade daqueles que ainda defendem erroneamente a necessidade de reparação histórica, como se os afrodescendentes fossem seres inferiores, despreparados e incapazes de enfrentar seus conflitos, que não diferem em nada daqueles encarados pelos demais seres humanos. O mais grave dessas cotas é que o governo as utiliza em proveito próprio, a título da indevida reparação de algo que a sociedade não deve, mas é eternamente cobrada, como se ela devesse em nome de geração que não herdou qualquer benefício. Na verdade, as cotas só aumentam a dependência e a exigência de mais facilidades injustificáveis, quando o correto seria a promoção de políticas contemplando educação de qualidade, especialização, profissionalização e, principalmente condições favoráveis à concorrência, em igualdade de preparação, no mercado de trabalho público e privado, para os brasileiros, porque ninguém, em harmonia com os princípios fundamentais dos direitos humanos, pode ser considerado inferior nem carente de intelectualidade, a exigir que haja essa famigerada reserva de cotas no serviço público ou noutras situações, por revelarem nítidas discriminação e incapacidade de competição entre os seres humanos. A continuar nessa injustificável linha protecionista, os negros vão permanecer com o sentimento de eternos perseguidos e carentes de exclusivas ajudas do Estado, como se somente eles tivessem a primazia de se beneficiar das indevidas e infindáveis cotas governamentais, que contribuem cada vez mais para a falta de interesse ao preparo e à qualificação das gerações de determinadas raças. Compete ao governo estudar, com urgência, medidas que consolidem, de forma séria e responsável, mecanismos que possibilitem a melhoria das condições de vida das classes realmente carentes, sem que isso implique violação aos princípios fundamentais dos direitos humanos, em especial quanto à igualdade de oportunidade de ascensão no trabalho para todos, indistintamente. Não há dúvida de que as vergonhosas cotas raciais são forma de pobreza criativa, retrocesso histórico e irracionalidade, pela evidência da odiosa e repugnante divisão dos brasileiros em brancos e negros, contribuindo para fortalecer o distanciamento que jamais deveria ser estimulado com medida antagônica aos saudáveis princípios humanitários, que têm por propósito a união, integridade e harmonia nas relações entre as pessoas, independentemente, em especial, da cor da pele, que não deveria servir para motivar privilégios, segregações e discriminações. A sociedade tem o dever cívico e humanitário de recriminar a adoção do abominável e retrógrado paradigma da cultura protecionista, na vã e enganosa tentativa de reparação de algo do passado que não diz respeito à atual geração, quando se trata mesmo de satisfação de objetivo político, em prejuízo da adoção de medidas visando à preparação intelectual, ao apoio moral e à ajuda do Estado para que os brasileiros de quaisquer raças possam participar desse plano e se beneficiar sem discriminação, mas em harmonia com os princípios verdadeiramente republicanos e humanitários, com a garantia de serem assegurados direitos e obrigações em igualdade para os brasileiros. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 10 de novembro de 2013

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