domingo, 3 de novembro de 2013

Único programa govrnamental?


Ao completar dez anos do programa Bolsa Família, o ex-presidente da República petista, a par de defender os êxitos da transferência de renda para as famílias mais pobres, atacou com dureza os críticos do benefício. Ele disse que se iniciasse seu governo agora combateria a fome e a desigualdade da mesma forma. O presidente aproveitou para lembrar a sua origem pobre e disse que as pessoas que criticam o Bolsa Família nunca passaram fome. Em sua opinião, são preconceituosos aqueles que acham que o pobre está no Bolsa Família porque não quer trabalhar: “O que essa crítica denota é uma visão extremamente preconceituosa no nosso país. Significa dizer que a pessoa é pobre por indolência, e não porque nunca teve uma chance real em nossa sociedade. É tentar transmitir para o pobre a responsabilidade pelo abismo social criado pelos que sempre estiveram no poder em nosso país”. Ele desqualificou os que criticam o programa, ao afirmar: “Chama atenção que umas pessoas falam tanto em porta de saída para o Bolsa Família, quando as portas da inclusão para os pobres acabam de ser abertas. Vamos deixar claro: esse é uma programa que acaba de completar dez anos, num país onde a injustiça vem de cinco séculos”. O ex-presidente fala com tanta convicção como quem se beneficiam do programa são somente os pobres. Infelizmente, o programa que o governo petista defende e considera exitoso é exatamente o Bolsa Família, o único que mereceu total prioridade e vem sendo implementado como se administrar o país fosse tão somente cuidar da execução das despesas relacionadas com os beneficiários por ele assistidos. Não há dúvida de que esse programa tem sua relevância, mas o governo não pode se iludir que somente por meio dele é capaz de mostrar competência gerencial do país, mesmo porque, a todo instante, é revelada irregularidade na sua execução, como a infinidade de beneficiários que não se enquadram nas finalidades preconizadas pelo Bolsa Família, que são exatamente e apenas as famílias de extrema carência, ao invés de políticos, seus familiares e pessoas ligadas a eles, que recebem o benefício de forma indevida. Outra grave falha constatada na execução desse programa é a falta de fiscalização e controle quanto ao cumprimento do efetivo comparecimento dos filhos às escolas e à profissionalização dos pais, que não estão sendo especializados como previsto no programa, tendo como finalidade a possibilidade de os beneficiários se interessarem por emprego decente e digno, ao invés de ficarem eternamente dependendo da assistência governamental. Não deixa de ser estranho que o ex-presidente defenda com unhas e dentes o Bolsa Família como se se tratasse de programa exclusivamente custeado pelos bolsos dos filiados ao PT, quando os recursos são dos bestas dos contribuintes, que não têm o direito de estabelecer prioridades quanto à sua aplicação em programas que pudessem beneficiar a sociedade brasileira, principalmente a população mais necessitada. Há que se ressaltar que, ante a importância do programa Bolsa Família para as famílias realmente carentes, a sua execução seria obrigatória por qualquer governo, não importando a sua ideologia programática ou filiação partidária, porque os bolsões de pessoas carentes são uma realidade que nenhum governo pode ter a indignidade de ignorar e de menosprezar, sob pena de ser responsabilizado por sua imperdoável omissão. Entretanto, com certeza, nenhum outro governo seria incapaz de permitir que o programa Bolsa Família fosse executado com tantas irregularidades como revelam os órgãos de imprensa e a sociedade, que constantemente denunciam abusos no pagamento de benefícios, principalmente para pessoas incompatíveis com a sua real finalidade. O governo tem que se conscientizar de que esse programa apenas faz parte das atribuições de competência do Estado, sem necessidade da sua demagógica exploração como uma obra-prima de sua exclusiva bondade, por defendê-lo como se ele fosse a pérola do rei e que a sua existência depende apenas do PT. É lamentável que os políticos petistas tenham a mentalidade limitada sobre programa custeado pelos brasileiros e que sempre argumentam erroneamente como se ele fosse da sua exclusiva iniciativa e propriedade e não dos brasileiros. Convém que os candidatos à Presidência da República tenham real consciência de que o programa Bolsa Família faz parte das responsabilidades do Estado, por ter a finalidade da justa e necessária distribuição de renda às famílias verdadeira e efetivamente carentes, que não dispõem da mínima fonte de renda senão da assistência dos brasileiros aquinhoados de recursos, que pagam religiosamente pesados tributos para atender, entre outros, os programas, os projetos e as atividades governamentais, entre os quais o Bolsa Família. Acorda, Brasil!
 

ANTONIO ADALMIR FERNANDES

 
Brasília, em 02 de novembro de 2013

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