Ao completar dez anos do programa Bolsa Família, o
ex-presidente da República petista, a par de defender os êxitos da
transferência de renda para as famílias mais pobres, atacou com dureza os
críticos do benefício. Ele disse que se iniciasse seu governo agora combateria a
fome e a desigualdade da mesma forma. O presidente aproveitou para lembrar a
sua origem pobre e disse que as pessoas que criticam o Bolsa Família nunca
passaram fome. Em sua opinião, são preconceituosos aqueles que acham que o
pobre está no Bolsa Família porque não quer trabalhar: “O que essa crítica denota é uma visão extremamente preconceituosa no
nosso país. Significa dizer que a pessoa é pobre por indolência, e não porque
nunca teve uma chance real em nossa sociedade. É tentar transmitir para o pobre
a responsabilidade pelo abismo social criado pelos que sempre estiveram no poder
em nosso país”. Ele desqualificou os que criticam o programa, ao afirmar: “Chama atenção que umas pessoas falam tanto
em porta de saída para o Bolsa Família, quando as portas da inclusão para os
pobres acabam de ser abertas. Vamos deixar claro: esse é uma programa que acaba
de completar dez anos, num país onde a injustiça vem de cinco séculos”. O
ex-presidente fala com tanta convicção como quem se beneficiam do programa são
somente os pobres. Infelizmente, o programa que o governo petista defende
e considera exitoso é exatamente o Bolsa Família, o único que mereceu total
prioridade e vem sendo implementado como se administrar o país fosse tão
somente cuidar da execução das despesas relacionadas com os beneficiários por
ele assistidos. Não há dúvida de que esse programa tem sua relevância, mas o
governo não pode se iludir que somente por meio dele é capaz de mostrar
competência gerencial do país, mesmo porque, a todo instante, é revelada irregularidade
na sua execução, como a infinidade de beneficiários que não se enquadram nas
finalidades preconizadas pelo Bolsa Família, que são exatamente e apenas as
famílias de extrema carência, ao invés de políticos, seus familiares e pessoas
ligadas a eles, que recebem o benefício de forma indevida. Outra grave falha
constatada na execução desse programa é a falta de fiscalização e controle
quanto ao cumprimento do efetivo comparecimento dos filhos às escolas e à
profissionalização dos pais, que não estão sendo especializados como previsto
no programa, tendo como finalidade a possibilidade de os beneficiários se
interessarem por emprego decente e digno, ao invés de ficarem eternamente
dependendo da assistência governamental. Não deixa de ser estranho que o
ex-presidente defenda com unhas e dentes o Bolsa Família como se se tratasse de
programa exclusivamente custeado pelos bolsos dos filiados ao PT, quando os
recursos são dos bestas dos contribuintes, que não têm o direito de estabelecer
prioridades quanto à sua aplicação em programas que pudessem beneficiar a
sociedade brasileira, principalmente a população mais necessitada. Há que se
ressaltar que, ante a importância do programa Bolsa Família para as famílias
realmente carentes, a sua execução seria obrigatória por qualquer governo, não
importando a sua ideologia programática ou filiação partidária, porque os
bolsões de pessoas carentes são uma realidade que nenhum governo pode ter a
indignidade de ignorar e de menosprezar, sob pena de ser responsabilizado por
sua imperdoável omissão. Entretanto, com certeza, nenhum outro governo seria
incapaz de permitir que o programa Bolsa Família fosse executado com tantas
irregularidades como revelam os órgãos de imprensa e a sociedade, que
constantemente denunciam abusos no pagamento de benefícios, principalmente para
pessoas incompatíveis com a sua real finalidade. O governo tem que se
conscientizar de que esse programa apenas faz parte das atribuições de
competência do Estado, sem necessidade da sua demagógica exploração como uma
obra-prima de sua exclusiva bondade, por defendê-lo como se ele fosse a pérola
do rei e que a sua existência depende apenas do PT. É lamentável que os
políticos petistas tenham a mentalidade limitada sobre programa custeado pelos
brasileiros e que sempre argumentam erroneamente como se ele fosse da sua
exclusiva iniciativa e propriedade e não dos brasileiros. Convém que os
candidatos à Presidência da República tenham real consciência de que o programa
Bolsa Família faz parte das responsabilidades do Estado, por ter a finalidade
da justa e necessária distribuição de renda às famílias verdadeira e
efetivamente carentes, que não dispõem da mínima fonte de renda senão da
assistência dos brasileiros aquinhoados de recursos, que pagam religiosamente pesados
tributos para atender, entre outros, os programas, os projetos e as atividades
governamentais, entre os quais o Bolsa Família. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 02 de novembro de 2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário