Em conformidade com o divulgado pela imprensa, o
governo federal não conseguir cumprir nem a metade da meta prometida de
entregar, aos nordestinos atingidos pela seca, até julho passado, de 130 mil
cisternas. Somente 59 mil reservatórios de água foram entregues no prazo, apesar
da garantia da presidente, em evento realizado em Fortaleza, no dia 2 de abril
do fluente ano, que contou com a presença de sete governadores da região. Conviria
que as cisternas fossem entregues até meados deste ano, para aproveitamento do
período climático das chuvas, que se intensifica na região do semiárido, e possibilitar
o armazenamento de água para o resto do ano, seguramente de pesada e difícil
estiagem. O prejuízo é enorme para a população que não conseguiu receber os
reservatórios, em virtude de ter que passar a depender do fornecimento de água
por intermédio de carros-pipa, sempre dificultado pela falta de regularidade e
de escassez do precioso líquido na região atingida pela seca. O sertanejo ainda
tem a opção da compra de água, abastecida por carro-pipa de particular, mediante
a cobrança de cerca de R$ 100,00 para enchimento do reservatório ou, ainda, na
pior das hipóteses, ele pode contar com o abastecimento feito por veículo da
prefeitura, que, via de regra, atende somente a aliados políticos do prefeito.
Segundo estatísticas oficiais, a seca, considerada a pior dos últimos 60 anos,
estende-se por cerca de 1.500 municípios do Nordeste e de Minas Gerais, que
foram declarados em estado de emergência, para possibilitar o atendimento
especial a, pelo menos, dez milhões de pessoas afetadas pela terrível tragédia,
que também agravou a agropecuária, com perdas de cultivos, e os animais,
dizimados pela sequidão. A irresponsabilidade e falta de seriedade da efetividade
desse programa são patentes, a ponto de um agricultor ter recebido o
reservatório, deixado em seu quintal há quatro meses, sob a promessa de
instalação rápida, porém até o momento ele se encontra intocável, na forma como
foi deixado, aguardando a instalação. Outro sertanejo recebeu a cisterna no
início do último mês, que foi abastecido com água comprada de carro-pipa
particular, porque a água do carro do Exército é pouca: “Não dá pra todo mundo”, disse ele. De acordo com o apurado, as
ações governamentais são demoradas e realizadas com lentidão incompatível com a
gravidade da situação do nordestino, que enfrenta a mais grave tragédia causada
pela natureza e ainda é obrigado a aturar o desprezo pela demora ou a falta da
instalação das cisternas, pelo atraso na entrega de gêneros alimentícios e pela
liberação de verbas para perfuração de poços. É bastante lamentável que a
reportagem denuncia a falta de pontualidade e responsabilidade do governo, por
se tratar de promessa da mandatária do país, que não conseguiu sequer
satisfazer, no prazo estabelecido, o atendimento da metade das necessidades dos
nordestinos, no que diz à instalação de cisternas, deixando completamente
frustradas as pessoas que ficaram a ver navio, sem poder usufruir de benefício
indispensável à sobrevivência. O mais grave da quebra do compromisso é que tudo
fica por isso mesmo, sem que ninguém seja responsabilizado nem punido por tão
grave falha e desprezo à dignidade do ser humano, que teve sua ingenuidade
traída pela promessa não cumprida da instalação das importantes cisternas, que
possibilitaria amenizar o sofrimento causado pela escassez de água. Para quem
vem sendo castigado pela terrível seca, a assistência anunciada pelo governo
seria importante alívio, ante o caos demonstrado pela falta generalizada de
socorro às vitimas que vêm padecendo sob forte crueldade, em virtude, não
somente da inexistência das cisternas, mas, sobretudo, da falta de ampla
assistência, em especial de alimentos e água, indispensáveis à sobrevivência
das pessoas e dos animais de estimação. Este é o país dos injustificáveis contrassensos,
onde os descasos são consentidos exatamente por quem usufrui amplamente do
conforto nos palácios, com abundância e fartura de bebidas e comidas, à custa
do dinheiro público, enquanto os sofridos nordestinos são obrigados a conviver
com a miragem da terrível escassez do precioso líquido e da indispensável
alimentação, que poderia ser amenizada se houvesse determinação presidencial
para a solução do problema. Diante desse fato imperdoável e de tantos outros
igualmente prejudiciais ao povo nordestino, compete à sociedade lamentar e
recriminar o descaso do governo federal, pela brutal demonstração de
indiferença na implementação da importante promessa presidencial de instalação
de cisternas e na priorização quanto à urgência na disponibilização de recursos
materiais e financeiros à região assoberbada de problemas. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 07 de novembro de 2013
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