sexta-feira, 8 de novembro de 2013

A dolorosa promessa descumprida

Em conformidade com o divulgado pela imprensa, o governo federal não conseguir cumprir nem a metade da meta prometida de entregar, aos nordestinos atingidos pela seca, até julho passado, de 130 mil cisternas. Somente 59 mil reservatórios de água foram entregues no prazo, apesar da garantia da presidente, em evento realizado em Fortaleza, no dia 2 de abril do fluente ano, que contou com a presença de sete governadores da região. Conviria que as cisternas fossem entregues até meados deste ano, para aproveitamento do período climático das chuvas, que se intensifica na região do semiárido, e possibilitar o armazenamento de água para o resto do ano, seguramente de pesada e difícil estiagem. O prejuízo é enorme para a população que não conseguiu receber os reservatórios, em virtude de ter que passar a depender do fornecimento de água por intermédio de carros-pipa, sempre dificultado pela falta de regularidade e de escassez do precioso líquido na região atingida pela seca. O sertanejo ainda tem a opção da compra de água, abastecida por carro-pipa de particular, mediante a cobrança de cerca de R$ 100,00 para enchimento do reservatório ou, ainda, na pior das hipóteses, ele pode contar com o abastecimento feito por veículo da prefeitura, que, via de regra, atende somente a aliados políticos do prefeito. Segundo estatísticas oficiais, a seca, considerada a pior dos últimos 60 anos, estende-se por cerca de 1.500 municípios do Nordeste e de Minas Gerais, que foram declarados em estado de emergência, para possibilitar o atendimento especial a, pelo menos, dez milhões de pessoas afetadas pela terrível tragédia, que também agravou a agropecuária, com perdas de cultivos, e os animais, dizimados pela sequidão. A irresponsabilidade e falta de seriedade da efetividade desse programa são patentes, a ponto de um agricultor ter recebido o reservatório, deixado em seu quintal há quatro meses, sob a promessa de instalação rápida, porém até o momento ele se encontra intocável, na forma como foi deixado, aguardando a instalação. Outro sertanejo recebeu a cisterna no início do último mês, que foi abastecido com água comprada de carro-pipa particular, porque a água do carro do Exército é pouca: “Não dá pra todo mundo”, disse ele. De acordo com o apurado, as ações governamentais são demoradas e realizadas com lentidão incompatível com a gravidade da situação do nordestino, que enfrenta a mais grave tragédia causada pela natureza e ainda é obrigado a aturar o desprezo pela demora ou a falta da instalação das cisternas, pelo atraso na entrega de gêneros alimentícios e pela liberação de verbas para perfuração de poços. É bastante lamentável que a reportagem denuncia a falta de pontualidade e responsabilidade do governo, por se tratar de promessa da mandatária do país, que não conseguiu sequer satisfazer, no prazo estabelecido, o atendimento da metade das necessidades dos nordestinos, no que diz à instalação de cisternas, deixando completamente frustradas as pessoas que ficaram a ver navio, sem poder usufruir de benefício indispensável à sobrevivência. O mais grave da quebra do compromisso é que tudo fica por isso mesmo, sem que ninguém seja responsabilizado nem punido por tão grave falha e desprezo à dignidade do ser humano, que teve sua ingenuidade traída pela promessa não cumprida da instalação das importantes cisternas, que possibilitaria amenizar o sofrimento causado pela escassez de água. Para quem vem sendo castigado pela terrível seca, a assistência anunciada pelo governo seria importante alívio, ante o caos demonstrado pela falta generalizada de socorro às vitimas que vêm padecendo sob forte crueldade, em virtude, não somente da inexistência das cisternas, mas, sobretudo, da falta de ampla assistência, em especial de alimentos e água, indispensáveis à sobrevivência das pessoas e dos animais de estimação. Este é o país dos injustificáveis contrassensos, onde os descasos são consentidos exatamente por quem usufrui amplamente do conforto nos palácios, com abundância e fartura de bebidas e comidas, à custa do dinheiro público, enquanto os sofridos nordestinos são obrigados a conviver com a miragem da terrível escassez do precioso líquido e da indispensável alimentação, que poderia ser amenizada se houvesse determinação presidencial para a solução do problema. Diante desse fato imperdoável e de tantos outros igualmente prejudiciais ao povo nordestino, compete à sociedade lamentar e recriminar o descaso do governo federal, pela brutal demonstração de indiferença na implementação da importante promessa presidencial de instalação de cisternas e na priorização quanto à urgência na disponibilização de recursos materiais e financeiros à região assoberbada de problemas. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 07 de novembro de 2013

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