quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Enfim, modificação no sistema eleitoral?

O grupo de trabalho instituído pela Câmara dos Deputados, para discutir ideias objetivando a formulação de Proposta de Emenda à Constituição – PEC, com medidas destinadas à reforma política, aprovou o voto facultativo como novidade a ser inserido no texto das matérias a serem deliberadas pelo plenário. Um deputado defensor do fim do voto obrigatório assegurou que a Constituição Federal não estabelece que o cidadão tenha a obrigação de votar, mas somente de comparecer por ocasião da realização do pleito eleitoral. Diante disso, ele afirmou que “Não me parece razoável manter a obrigação de o eleitor participar de um processo eleitoral. Ele decide se gosta dos candidatos ou não”. A sociedade anseia por que essa importante iniciativa para o aprimoramento democrático não passe de mero ato demagógico, como forma de mostrar que o grupo, pelo menos, teve coragem para formular medida de grande aceitação do povo brasileiro, que não aguenta ser obrigado a fazer o que a sua consciência não está plenamente de acordo. Essa imposição do voto obrigatório contraria frontalmente os princípios da democracia moderna, segundo os quais o cidadão deve ser livre e independente para exercer na plenitude seus direitos cívicos, como no caso de optar por votar ou deixar de fazê-lo, em consonância com as sábias práticas usualmente adotadas, há bastante tempo, nos países desenvolvidos, onde os princípios constitucionais e democráticos são plenamente exercidos e os governantes são escolhidos, normalmente, pelos critérios do mérito, da competência, da responsabilidade pública e da eficiência na gestão dos recursos públicos, com pleno embargo aos repugnáveis conchavos políticos, às deletérias coalizões partidárias e às esdrúxulas alianças mantidas visando ao apoio aos projetos políticos, em troca de benesses e do livre tráfico de influência, próprios do inescrupuloso poder que se mantém à custa de recursos públicos, a exemplo do que ocorre normalmente nos países subdesenvolvidos. As salutares práticas políticas já deveriam ter sido implantadas neste país há muito tempo, como forma de acabar com o vergonhoso e indecente uso da máquina pública em apoio à implementação de interesses pessoais e partidários, demonstrados pelos partidos que se esforçam ao máximo e qualquer custo para continuar no poder, em humilhante desprezo às causas essenciais da nação e da sociedade, ante a falta de priorização das políticas públicas destinadas ao progresso do país. A título de exemplo, citem-se as reformas estruturais do Estado, cuja inexistência está contribuindo, de forma decisiva e efetiva, para que os piores entraves prejudiquem a competitividade da produção nacional, devido ao elevadíssimo Custo Brasil, composto em essência pela pesada carga tributária, pelo arcaico sistema dos encargos previdenciários e trabalhistas e por tantos gargalos que estão contribuindo para estagnar a possibilidade de desenvolvimento do país. Compete à sociedade enxergar, com urgência, as dificuldades e precariedades que imperam no sistema político-eleitoral, com notória implicação na administração dos negócios do Estado, as quais poderão ser saneadas mediante a votação de qualidade do povo, que tem o dever de participar intensamente da vida política, mas de forma responsável e com a consciência de que a sua atuação cívica tem que ser voltada com a exclusiva noção sobre a necessidade da satisfação do interesse público, em absoluto desprezo aos seus objetivos pessoais, em atitude bem diferente do status quo, que não pode mais ser aceita na atualidade, à luz do alto nível cultural que a sociedade vem experimentando nos últimos tempos, sempre ávida pela reafirmação, também no sistema político-administrativo, da modernidade alcançada pela humanidade. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 13 de novembro de 2013

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