domingo, 10 de novembro de 2013

Repúdio à incompetência e ao descaso

O primeiro canal da transposição do Rio São Francisco, com previsão inicial para ser inaugurado em 2010, pelo então presidente da República, teve avançou de somente 1% no último ano e não ficará pronto até o fim do atual governo. Conforme previsão oficial, o chamado eixo leste da transposição, iniciado em 2007, que corta os Estados de Pernambuco e Paraíba, somente deverá ficar pronto em dezembro de 2015. As previsões mais otimistas são de que, se as obras avançarem, com a efetividade planejada, elas somente deverão ser inauguradas pelo próximo presidente da República, quando os dois canais estarão concluídos, com a promessa do governo de levar água a 12 milhões de habitantes dos Estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. A transposição em causa tem os eixos leste e norte, sendo que este cruza os Estados de Pernambuco, Ceará e Paraíba e tem previsão de entrega também para o final de 2015. O atraso nas obras, segundo o governo, é atribuído à lentidão causada pela burocracia, que exige novas licitações para a retomada e continuidade delas, de modo a permitir a liberação dos recursos. No lançamento do projeto, com toda pompa, havia previsão da sua conclusão e inauguração da obra para o final de 2012. O custo total do projeto foi orçado no valor de R$ 4,6 bilhões, mas, passados mais de três anos e licitados novos trechos, o custo final deverá superar os R$ 8 bilhões, cuja conclusão está prevista para 31 de dezembro de 2015. Diante da importância das obras da transposição em apreço para a região nordestina, que estão sendo custeadas com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento - PAC, vitrine das realizações do governo para a campanha da presidente, os candidatos, por certo, vão explorar, com bastante argumentação, a falta de efetividade desse projeto, que já serviu, no passado, de importante tema eleitoral. Tratando-se de obra de relevância social, por se destinar à satisfação de necessidades básicas da população menos favorecida do país, jamais poderia haver atraso, por mínimo que fosse, no seu cronograma, sob qualquer hipótese, a despeito de que as obras inúteis dos estádios para a Copa do Mundo foram executadas em tempo recorde e com a maciça aplicação de dinheiros públicos nas construções de inúteis arenas, para atender às absurdas solicitações e exigências da Fifa. Não há a menor dúvida de que os candidatos vão centralizar seus discursos na busca da melhor forma de canalizar mecanismos de eficiência dos investimentos na referida transposição e também no combate aos terríveis efeitos das secas nordestinas, que afetam cruelmente os sertanejos, por terem importante peso no resultado das urnas, motivando que os candidatos se empenhem, de forma especial, pela realização de obras de melhoria para o Nordeste. Embora seja mais bem sabido que as promessas de campanha são logo relegadas a planos secundários, a exemplo de muitas outras que jamais foram atendidas, mesmo no auge da tragédia causada pela seca, como agora, nada tem sido feito para amenizar o sofrimento dos nordestinos. O sertanejo deveria aproveitar o total descaso dos governos, estaduais e federal, com relação especificamente à transposição em referência e às demais situações notoriamente não resolvidas, a exemplo da falta de assistência às vítimas afetadas pela tragédia da seca, que estão sofrendo à mingua da assistência do Estado, principalmente no que diz respeito à falta de água e de alimentos, para avaliar, com o devido rigor, quem dos candidatos terá condições de priorizar as políticas destinadas ao saneamento das eternas mazelas causadoras de sofrimento e de desespero, à vista da ausência da indispensável ajuda oficial. O povo do Nordeste precisa ter dignidade e altivez para dizer alto e bom som que o governo federal precisa, com urgência, cuidar, com a devida prioridade, da região que mais carece de políticas públicas, contemplando importantes obras e maciços recursos para incrementar o seu desenvolvimento social e econômico, de modo a minorar o terrível impacto causado pela seca, que tem o efeito devastador e destruidor ao sertanejo. A sociedade, a par de repudiar a indiferença à grave situação da seca, exige que o governo federal tenha sensibilidade política para dar preferência às causas do povo nordestino, de forma permanente, ante o evidente desprezo por ele demonstrado, principalmente no caso da seca, que muito pouco tem sido priorizado ou feito para resolver essa grave tragédia natural que assola a região. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 09 de novembro de 2013

Nenhum comentário:

Postar um comentário