terça-feira, 6 de setembro de 2016

As piores condições humanas?


Uma ex-ministra chavista do Meio Ambiente, que participou da campanha do atual presidente venezuelano, disse que o governo daquele país está dando as costas para a realidade da grave situação por que passa a nação, mas não entende que a solução para as questões seja a revogação do mandato presidencial.
Ela afirmou que "Maduro e alguns funcionários falam como se estivéssemos em 'Alice no País das Maravilhas' e isso é muito grave porque o povo está vivendo em outras condições. Não há razão para que o país esteja em crise. O problema é que não há uma liderança que confronte as dificuldades e, às vezes, o governo dá as costas para a realidade do país".
A ex-ministra não concorda que o referendo revogatório contra o atual presidente, pretendido pela oposição, tenha o condão de solucionar os graves problemas do país, por considerar que isso seria apenas "salto no escuro".
Ela questiona: "Revogá-lo para quê? Quem vai substituí-lo?", tendo acrescentado que governo de oposição seria pior que o atual, como se este já não tivesse demonstrado que seria humanamente impossível existir outro governante pior que ele, diante dos fatos altamente prejudiciais à administração do país e aos interesses da sociedade.
Para ela, "A solução está em tentar reagrupar o chavismo e abrir espaços de discussão para construir melhor as lideranças coletivas", embora reconheça que, em um país altamente polarizado, não se vislumbre, no momento, terceira via envolvendo chavistas descontentes.
As aludidas críticas contrariaram simpatizantes do chavismo, que a puniram com o isolamento do Partido Socialista Unido da Venezuela, mesmo tendo participado da sua direção, por anos. Pelo mesmo motivo, o presidente do país a chamou de "traidora", mas ela retrucou, ao dizer que "Eu acho que os traidores estão do outro lado".
Em conclusão, a ex-ministra reconhece que "O desenvolvimento dos acontecimentos demonstrou que o presidente Maduro não estava à altura porque, ante o calibre de Chávez, a comparação é injusta. Chávez se sacrificou muito por esse processo e me entristece pensar que este sacrifício foi em vão".
A degeneração da Venezuela é visível, com a constatação, em especial, da aguda escassez de alimentos e remédios, podendo ser contabilizada, no país, inflação estratosférica, este ano, em torno de 720%, segundo avaliação do FMI.
Não obstante, o atual presidente do país, que assumiu o poder depois da morte de seu mentor e idealizar da Revolução Bolivariana, tem sentimento de que o país é vítima de guerra econômica provocada pela queda dos preços do petróleo.
Em que pese a ex-ministra reconhecer as precariedade e incompetência administrativas do mandatário do país, à vista dos resultados e indicadores sofríveis e degradantes, impingindo enormes dificuldades à população, por força das crises de matizes múltiplas, ainda tenta poupar a imagem do governo que levou a nação para à ruína e destruição, sob o injustificável argumento, sem a menor fundamentação, de que a situação seria pior com a oposição, mesmo sem conhecer o seu talento ou a sua capacidade para lidar com crises, que certamente poderiam ser estancadas, permitindo mudança do processo degradante sem precedente na história do país.
Tanto lá como aqui no país tupiniquim, os partidos de esquerda somente enxergam seus interesses, não se admitindo a necessidade da alternância de poder, com novas ideologias que possam viabilizar novas ações e políticas públicas capazes de mudar o status quo, de modo a possibilitar novas perspectivas político-administrativas, em condições de serem encontrados os rumos para o entendimento político, o saneamento das crises e a retomada do desenvolvimento.
Por seu turno, é totalmente impensável que socialista tenha sensibilidade suficiente para enxergar a realidade dos fatos, principalmente porque a sua ideologia de igual social somente permite ver os interesses pessoais e partidários, a exemplo do que acontece com o partido que foi afastado do governo, no Brasil, conquanto o seu sentimento foi sempre o de que o patrimônio público era exclusividade sua, a exemplo da destruição da Petrobras, que teve seu patrimônio dilapidado para atender interesses políticos do PT, PMDB e PP, entre outros agentes inescrupulosos.
É lamentável que ainda tenha alguém com mentalidade insensata  diante de situação de extrema gravidade, em que se reconhece a catástrofe socioeconômica do país, onde o povo se encontra no olho do furacão e é obrigado a passar por situação vexaminosa de privações de alimentos, remédios e outras necessidades essenciais, inclusive de liberdade de expressão e de individualidade, próprias do homo sapiens, enquanto a degeneração administrativa simplesmente se acentua, sem a mínima perspectiva de melhoras, a curto prazo, em clara demonstração de que o martírio da população tende a se agravar cada vez mais com a continuidade de governo medíocre, incompetente e ditatorial, que somente enxerga as suas conveniências políticas de absoluta dominação e de  perenidade no poder. Acorda, Brasil! 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 06 de setembro de 2016

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