quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Somente agressiva verborragia


Indignado por ter sido apanhado pelo laço certeiro do juiz federal de Curitiba, o ex-presidente da República petista tenta, desesperadamente, arranjar álibi para reverter situação das mais constrangedoras para quem se julga o deus das terras tupiniquins.
Totalmente massacrado moralmente depois de ter se tornado réu pela segunda vez na Operação Lava-Jato, em razão de ter recebido propinas da construtora OAS, o político decidiu tentar desacreditar e desmerecer as autoridades e as instituições, como forma de se livrar da prisão.
Os artifícios empregados pelo petista deixam evidentes as dificuldades para destruir as consistentes provas levantadas pela Lava-Jato, de que ele teria se beneficiado de dinheiro desviado da Petrobras, fato que sugere que ele se insurja contra os denunciantes, preferencialmente com palavras duras em desacato às autoridades, nada condizentes com a sua relevância política de ex-presidente do país.
Demonstrando total desequilíbrio, o político zombou dos investigadores da Lava-Jato, quando discursava em comício, no Ceará, ao denominá-los de “uns meninos do MPF (Ministério Público Federal)” que “futucam” a sua vida, como se os fatos denunciados o envolvendo não pudessem ser apurados, com vistas à busca da verdade.
Logo depois, ele achou por bem apontar a sua metralhadora carregada de verborragia em direção ao juiz de Curitiba, ao afirmar, pasmem, que “Duvido que alguém dentro do MP e até mesmo o Sérgio Moro seja mais honesto do que eu”, dando a entender que os citados integrantes da Lava-Jato não são tão honestos como ele, que teria se tornado réu de forma injusta e indevida.    
A maquiavélica estratégia agressiva de desacato às autoridades, construída para descreditar as instituições do país, tenta tão somente desestabilizar e desmoralizar as estruturas democráticas, em consonância com a ideologia do partido do ex-presidente, tendo como principal mentor o comandante máximo do petrolão, segundo definição dos investigadores do Ministério Público.
Essa mesma linha de tentativa de destruição de autoridades e instituições públicas é seguida por importantes autoridades do PT, que têm como modelo o “todo-poderoso”, como o fez o vice-líder do PT na Câmara, por ter entendido que a Operação Lava-Jato interfere nas eleições, a exemplo do disse, em tom irônico, que “Moro e os Golden Boys iniciam operação #BocaDeUrna”, enquanto um senador do partido sugeriu ao advogado do petista que o (o ex-presidente) encorajasse a dizer a seguinte “pérola”: “Fala para ele desacatar o juiz… se prenderem o Lula, aí vão prender e torná-lo um preso político. Aí nós fazemos esse país virar de cabeça para baixo”, em explícita estratégia de absurda tentativa de desmoralização da autoridade judicial, tendo por objetivo tumultuar os trabalhos da Lava-Jato, sob a forma de confronto político direto, próprio de regimes totalitários.
Ao que tudo indica, o petista e seus asseclas demonstram desconhecer o disposto no artigo 331 do Código Penal, que prevê até dois anos de reclusão “a quem desacatar um funcionário público no exercício da função ou em razão dela”.
Sempre que a Operação Lava-Jato faz revelação bombástica e cirúrgica sobre as atividades nada republicanas do ex-presidente, ele reage de maneira colérica contra os integrantes da força-tarefa, na tentativa desesperada e inócua de se colocar na condição de principal vítima, como se desconhecesse a realidade dos fatos, que são translúcidos diante dos inegáveis acontecimentos.
Aproveitando a presença de militantes, o petista sacou o seu surrado, reprisado e desacreditado repertório de hipocrisia, na tentativa de sensibilizá-los, ao dizer que a sua ascensão política vem de passado humilde até a Presidência da República, como se esse fato tivesse o poder do salvo-conduto da prática de atos apontados como irregulares.
Nessa mesma linha demagógica, ele classificou as denúncias contra a sua pessoa como tendo objetivo meramente político, a par de insinuar a existência do antigo complô baseado no “do nós contra eles” e pontificou que “Talvez eu tenha cometido crime de ter criado o Bolsa Família”, em mais uma vã, ridícula e absurda tentativa de autovitimização.
Na verdade, os crimes atribuídos, nesta fase, ao ex-presidente não se caracterizam como sendo de natureza política, uma vez que eles têm origem no recebimento de propinas da OAS, no valor estima em R$ 3,8 milhões, os quais deverão se juntar a outros, cujas investigações ainda pendem de conclusão, mas já há fortes suspeitas de que eles têm por base elementos igualmente consistentes, à vista da materialidade das provas.
É evidente que, diante das acusações repletas de provas, o ex-presidente parece ter enorme dificuldade para rebatê-las. Caso contrário, não estaria debochando e tentando desacreditar as investigações, autoridades e instituições, preferindo se insurgir, por conveniência, contra os resultados incriminatórios e ainda tratar com ironia e desdém as autoridades, que são apenas representantes do Estado, que fazem senão cumprir com o devido zelo - algo que muitos políticos não o entendem – a sua missão funcional e institucional, na forma legal.
Em que pese se autodenominar a “alma mais honesta” do país, o petista de notabilizou por criar frases de contestação judicial capciosa na tentativa de se distanciar da Justiça, a ponto de o procurador-geral da República e o ministro do Supremo Tribunal Federal, este responsável pela Operação Lava-Jato, terem dito que o ex-presidente tenta embaraçar as investigações do petrolão, ante os reiterados recursos impetrados por ele.
Além de tentar confundir e embaralhar as investigações da Lava-Jato, o ex-presidente recorreu até à ONU, alegando ser vítima de perseguição política, em que pese o PT ter governado o Brasil, por 13 anos, em clima de absoluta democracia, em que os fatos falam por si sós e mostram a realidade cruelmente construída pelo próprio petista, que precisa se defender contra as denúncias contra ele, como forma de demonstrar a sua inculpabilidade com relação aos fatos apontados pelos procuradores, ao invés de ficar agindo em desrespeito às autoridades, à Justiça e às leis.
Enquanto não houver lição pedagógica com força capaz de calar, em definitivo, aqueles que se julgam donos da razão, que pintam e bordam, se achando ainda como os verdadeiros donos do Brasil, embora eles já tivessem sido escorraçados do poder, a onda de desacato à autoridade e o deboche à Justiça vão continuar como regra, porque é exatamente assim que a prepotência e a arrogância se amoldam aos planos dos petistas, que se acham acima de tudo, de todos e das leis, as quais não devem ser aplicadas a eles, por se considerarem seres diferenciados dos demais mortais.
Como o ex-presidente tem absoluta certeza que é honesto e não incorreu na prática de ato irregular, cabe a ele apenas provar, em acatamento às regras democráticas, a sua inculpabilidade, por meio de documentos e elementos juridicamente válidos, sem necessidade de se insurgir contra as autoridades que apenas cumprem seu dever institucional de investigar e apontar o resultado pertinente, pois é justamente assim que funciona nos países sérios e evoluídos democraticamente, onde os homens públicos respeitam as autoridades e acatam as decisões judiciais, em clima de harmonia e de civilidade.
Na verdade, a rebeldia dos petistas somente conspira contra seus interesses, dando a entender que as denúncias têm a força de contrariar seus interesses políticos, principalmente no que diz à absoluta dominação das classes política e social e à conquista do poder, que são seus únicos e reais objetivos ideológicos político-partidários, em detrimento dos interesses nacionais, conforme denunciam os fatos e a história de seu triste legado.
Os brasileiros precisam se conscientizar sobre a verdadeira mentalidade distorcida de quem somente enxerga os fatos sob o prisma de suas conveniências e seus interesses pessoais e partidários, sem a menor preocupação com as causas nacionais, à vista do lastimável resultado da gestão do governo recém-afastado, que conseguiu deixar a nação quase em completa destruição, em termos de desenvolvimento econômico e social. Acorda, Brasil!   
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 29 de setembro de 2016

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