quarta-feira, 14 de setembro de 2016

O sucesso da Olimpíada, mas...


A Olimpíada realizada em terras tupiniquins mereceu os aplausos da crítica mundial, com o reconhecimento unânime sobre o seu resultado exitoso, em que tudo ocorreu em conformidade com os padrões normais esperados para evento de tamanha magnitude, o que não poderia ser diferente, ante o longo tempo disponível para a organização e o planejamento da programação dos empreendimentos.
Não obstante, ficou o lamentável registro sobre as queixas sobre a insatisfação relacionada às falhas nas instalações e acomodações, reclamadas por diversas delegações, diante dos alarmantes defeitos pertinentes às instalações hidráulicas, elétricas e de gás, que impediram o pleno e imediato uso das acomodações pelos atletas.
Diante disso, várias delegações foram obrigadas a alojar seus atletas e suas equipes técnicas em hotéis, enquanto se esperavam o conserto dos defeitos, que impediram o normal uso dos apartamentos construídos para propiciar conforto aos participantes da Olimpíada.
Segundo as delegações, os problemas se relacionaram com “vasos sanitários entupidos, vazamentos em canos, fiação exposta, escuridão nas escadarias, onde nenhuma luz foi instalada, e pisos sujos, precisando de uma limpeza profunda”.
É evidente que os organizadores dos eventos não precisavam passam por situação vexaminosa, com a exposição de problemas que deveriam ter sido saneados e evitados, caso a competência e a responsabilidade profissional estivessem presentes na Vila Olímpica, principalmente se houvesse prévia e rigorosa fiscalização sobre as obras realizadas.
O certo é que o mundo teve oportunidade para conhecer o tanto da incompetência administrativa e a arrogância de alguns funcionários responsáveis pela organização dos eventos, que permitiram a constatação de falhas absolutamente evitáveis, em que pese a suntuosidade do empreendimento, mas isso não justifica desrespeito aos nossos hóspedes, mesmo que por pouco tempo.
À toda evidência, é absolutamente imperdoável a demonstração de incompetência da organização da Olimpíada, em especial quanto às acomodações dos atletas, que evidenciaram esse mico tupiniquim, quando, no momento da ocupação das instalações, elas não funcionaram a contento, com a qualidade Fifa, no linguajar da excelência em casos que tais.
Por certo, ficou a desejar a completa incapacidade dos responsáveis pelo setor da administração imobiliária, que tiveram bastante tempo para a promoção de prévios e indispensáveis testes de avaliação sobre o funcionamento dos sistemas elétrico, hidráulico, de gás e demais instalações, de modo a se assegurar excelência do funcionamento e de se evitar esse indesejável vexame.
Não há dúvida de que assiste razão às justas reclamações sobre múltiplos defeitos das instalações e dos equipamentos, os quais apenas confirma a péssima qualidade do funcionamento e da segurança das acomodações, que são formas imprescindíveis para proporcionar bem-estar aos atletas.
Não obstante, constituiu forma da maior descortesia a estapafúrdia tentativa de se justificar a falta de competência demonstrada pelo prefeito do Rio de Janeiro, que deveria ter humildade para reconhecer as falhas, mas preferiu responder as queixas na base do jeitinho brasileiro, apenas dando a entender que falhas acontecem e que as delegações precisavam compreender isso, como se elas estivessem acostumadas com obras inacabadas e defeitos nas instalações.
Ademais, convém seja dito que a importância do empreendimento, especificamente com relação à administração imobiliária, jamais deveria ter sido confiada a ex-atleta, que foi excelente jogadora de basquete, mas demonstrou não estar à altura da incumbência que lhe foi confiada, justamente por se tratar de função que exige experiência e conhecimento no ramo da administração imobiliária.
Não há dúvida de que o preço pela incompetência foi muito alto para o Rio de Janeiro, que não teve capacidade para concluir, com a devida eficiência, as acomodações dos atletas, as quais, graças aos esforços à base de mutirões, organizadas às pressas, terminaram contribuindo para o sucesso do evento de tamanha magnitude mundial, mas a lastimável experiência aconselha que os brasileiros precisam se conscientizar sobre o dever de cumprir os compromissos assumidos com competência e eficiência, como fazem os países civilizados e evoluídos. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 14 de setembro de 2016

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