quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Catastrófico legado


A surpreendente revelação sobre a existência de caixa 2 nas campanhas eleitorais da ex-presidente da República petista deixou muitos brasileiros estupefatos, por acreditarem na indiscutível honestidade dela, que se dizia imune às suspeitas sobre malfeitos nas atividades político-partidárias.
Principalmente com relação ao processo de impeachment, a petista não se cansava de alardear, de forma até irônica, como é que vão punir uma mulher honesta, quando não há sequer denúncia contra a sua conduta, garantindo, inclusive, que os recursos financeiros repassados às suas campanhas eleitorais foram “recebidos na forma da lei e registrados na Justiça Eleitoral”.
Não obstante, a fonte insuspeitíssima do marqueteiro das campanhas da petista e sua mulher e sócia confessou ao juiz federal de Curitiba, em português claro, a prática do caixa 2 e que eles concordaram com tal ilicitude porque, senão, “vem outro e faz”.
Nesse mesmo diapasão, não é diferente o que pensam os políticos gananciosos e os péssimos empresários que não têm o menor escrúpulo em atuar e competir à margem do ordenamento jurídico, ou seja, por meio da corrupção, ao invés de agir na legalidade por meio da melhora da qualidade e da redução dos preços dos objetos contratados.
Não há dúvida de que os depoimentos prestados à Operação Lava-Jato, pelos marqueteiros oficiais das últimas campanhas presidenciais do PT, trazem à tona importantes informações que já eram do conhecimento de todos e que têm o condão, agora, de confirmar que as campanhas eleitorais da petista transcorreram sob a ótica da ilegitimidade.
É consabido que o uso de caixa 2 caracteriza ato de desonestidade, com capacidade de macular a decantada honestidade da ex-presidente, que não tem mais como negar a sua participação nos malfeitos, ante a indicação de que nada era feito nas campanhas eleitorais sem o conhecimento dela.
O uso do caixa 2 nas campanhas eleitorais do PT põe por terra o esforço da petista de defender a sua honradez na política, porquanto, depois da revelação em apreço, ela não tem moral para negar a existência de ilegalidade, o que evidencia a deterioração do que se presume da existência dos padrões de moralidade nas atividades político-partidárias.
Esses fatos demonstram a verdadeira face do jogo sujo que prevalece nas campanhas eleitorais, não somente com relação ao cargo presidencial, mas em todos os pleitos, em clara evidência da ampla manipulação dos resultados das urnas, ante a exploração do poder econômico, conforme a revelação em causa, cujos recursos usados de forma indevida podem contribuir, de maneira irregular, para o atingimento de objetivos não alcançados pelos competidores, em igualdade de condições, o que caracteriza fraude eleitoral, em contrariedade às normas de regência.
Os fatos vindos à lume, com a força dos marqueteiros,  tornam-se mais graves porque eles se originaram no seio do Partido dos Trabalhadores, que, há pouco mais de 35 anos, inaugurou suas atividades políticas prometendo a garantia da ética, moral, verdade e virtude, tendo se tornado, com isso, a mais importante força política do país, justamente por ter conseguido angariar a confiança de brasileiros, ansiosos pela moralização nas atividades públicas, mas os fatos protagonizados pelo partido não deixam dúvida sobre a degeneração e a fragilidade dele, graças à sua participação, entre outros, em graves atos de corrupção, a exemplo do mensalão e do petrolão, e de alianças com políticos da pior espécie, tudo em defesa da absoluta dominação e da perenidade no poder.
Na atualidade, o Partido dos Trabalhadores tem a fama de ser agremiação dominada pela incompetência e corrupção, entre outras precariedades incompatíveis com a ética e a moralidade que se exigem nas atividades político-partidárias, fato que se traduz em enormes impopularidade e descrédito quanto à seriedade como representante do povo, que vem se conscientizando sobre as práticas deletérias atribuídas principalmente à gestão presidencial que acaba de ter término, diante do crime de responsabilidade.
A responsável pela administração financeira da dupla referida acima admitiu o recebimento, “como caixa 2, mesmo”, do valor de US$ 4,5 milhões relativos à campanha presidencial de 2010, tendo explicado que “Os partidos não querem declarar o valor real que recebem das empresas e as empresas não querem declarar o quanto doam. Ficamos no meio disso. Não era uma opção minha, mas uma prática não só do PT, mas de todos os partidos”.
O casal disse que não contou nada, na fase anterior, porque tinha a intenção de preservar a imagem da ex-presidente, ou seja, manteve o silêncio para se tornar cúmplice com o crime.
Por seu turno, o publicitário disse que “Eu achava que isso poderia prejudicar a presidente Dilma. Eu que ajudei, de certa maneira, a eleição dela, não seria a pessoa que iria destruir a presidente.”. Já a sua mulher acrescentou: “Para ser sincera, eu não quis incriminá-la, porque achava que ia piorar a situação. Queria apenas me poupar de piorar a situação”.
No depoimento em apreço, o marqueteiro do PT disse que “Acho que é preciso rasgar o véu da hipocrisia que cobre as relações políticas eleitorais no Brasil e no mundo”, dando a entender a profusão de atos irregulares que existem nas campanhas eleitorais, principalmente pela desproporcional e desleal prática criminosa de recursos que prejudicam a lisura das urnas, cujos resultados não refletem a fidedignidade que deveriam acontecer, em harmonia com os princípios da competitividade sob a ótica da moralidade e da dignidade.
Embora os depoimentos dos marqueteiros da ex-presidente não tenham contribuído para o afastamento dela do Palácio do Planalto, porque outros atos também da maior gravidade já o respaldava, eles não deixam a mínima dúvida de que a corrupção foi fiel companheira da petista e isso integra, de forma indelével, o seu catastrófico legado como a mandatária com múltiplos atributos prejudiciais ao interesse dos brasileiros. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 08 de setembro de 2016

Nenhum comentário:

Postar um comentário