segunda-feira, 12 de setembro de 2016

O país da impunidade


Nos termos da Constituição da República, o parlamentar tem o dever de observar os princípios do decoro, da ética, da moral, da legalidade e da dignidade, para assim puder exercer, com legitimidade, seu mandato na melhor forma que dignifique a representação popular na Casa do Povo, o Congresso Nacional.
Na atualidade, há vários senadores e deputados enxovalhados com a pecha de envolvimento em esquemas de corrupção, notadamente com suspeita do recebimento de propina proveniente da Petrobrás, em atos absolutamente contrários aos mencionados princípios, o que tem como consequência a incompatibilidade de suas atitudes com o salutar exercício de cargos públicos eletivos, com o que o povo não deveria aceitar ser representado por políticos suspeitos de corrupção, como se eles estivessem no país das maravilhas da impunidade.
O caso mais emblemático é o do deputado ex-presidente da Câmara dos Deputados, que é acusado de participação em diversos casos de corrupção, por ter liderado atos irregulares e se beneficiado de recursos sujos, oriundos dos esquemas criminosos constatados naquela estatal.
Agora o mais estranho de tudo não é somente o fato de o parlamentar ser suspeito de várias irregularidades com dinheiro público, tudo já devidamente comprovado, ainda permanecer recebendo remuneração e manter gabinete na Câmara com recursos dos bestas dos contribuintes, mas ainda ter um bando de pares que se engalfinham nos corredores do Congresso brigando em defesa de criminoso devidamente comprovado pelos órgãos da República, como a Receita Federal, o Banco Central, a Polícia Federal etc., como se ele merecesse o mínimo de piedade e complacência.
Trata-se da triste confirmação da coerência da politicagem irresponsável e prepotente, que não teme a opinião pública, porque sabe que ela é leniente com atitudes vis e desmoralizadoras dos princípios da honradez e da dignidade.
Nem nas republiquetas de décima categoria seu povo é brindado com tamanha indignidade, porque o Congresso seria fechado com o peso da fúria e do desprezo dele.
É inacreditável que os brasileiros aceitem passivamente barbárie da pior qualificação, ao permitir que um parlamentar suspeito da prática de corrupção seja defendido ferrenhamente por seus pares, não importando a forma do voto, porque se trata de questão de moralidade. 
A verdade é que, desde prisca era, muitos políticos vêm demonstrando completa falta de dignidade, ao agirem de forma inescrupulosa em defesa do corporativismo, sem a menor preocupação com o interesse público, que deveria ser o seu principal e único objetivo como representante do povo.
Os brasileiros, embora sejam os responsáveis por esse estado deplorável, não podem compactuar com desproporcional desrespeito aos princípios da moralidade e da ética nas atividades parlamentares, sendo evidente, bem da verdade, que muitos dos quais ainda mostram dignidade quando agem em defesa de seus representados, na tentativa da busca da moralização e da punição de seus pares.
A sociedade tem o dever patriótico de reagir e revidar exemplarmente com a expulsão da vida pública dos congressistas que agem em defesa de colegas que se envolvem em aos irregulares, não importando os partidos que eles pertençam, porque a depuração moral e ética já devia ter sido feita com bastante antecedência, sob pena de se permitir a continuação da impunidade, com o respaldo do povo.
É absolutamente inadmissível a tentativa de livrar um parlamentar da pena que se impõe a ele, ante a comprovação de crimes contra a administração pública, sendo lamentáveis as medidas no sentido de salvar o mandato de político investigado pelo Supremo Tribunal Federal, em razão de diversos atos delituosos que conspiram contra o decoro parlamentar, cujo princípio precisa ser defendido e observado por todos, em respeito à sociedade.
Os deputados que defendem colegas envolvidos ou até mesmo suspeitos de envolvimento em atos irregulares não somente prestam enorme desserviço à nação, pelo péssimo exemplo e pela demonstração de igual falta de dignidade no exercício de cargos públicos eletivos, mas deveriam ser sumariamente eliminados da vida pública, por via do sufrágio universal, diante da evidente caracterização de indevida cumplicidade com o crime organizado, eis que, no caso em comento, os fatos são comprovados por instituições competentes do Estado, o que aconselharia o fiel cumprimento, por parte deles, dos princípios do decoro, da ética, da moralidade, da legalidade e da dignidade. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 12 de setembro de 2016

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