Conforme
resultado de fiscalização promovida pelo Tribunal de Contas da União, os
levantamentos preliminares sobre as doações realizadas aos candidatos aos
cargos de prefeito e vereadores revelam a existência de múltiplas
irregularidades, entre elas a de doação promovida por pessoas mortas.
Estarrecido
com a precariedade do sistema de arrecadação, o presidente do Tribunal Superior
Eleitoral disse que "Nós temos que
acompanhar isso com rigor. Já tivemos no passado mortos que votavam. Agora,
temos mortos que doam".
Os
dados integram a primeira lista de indícios de irregularidades constatadas nas
prestações de contas de candidatos às eleições de outubro vindouro.
Na
campanha deste ano, há nova regra sobre doações às campanhas eleitorais, que
foi instituída pela Reforma Eleitoral aprovada no ano passado, onde foi
estabelecido que os partidos e candidatos ficam obrigados a remeter à Justiça
Eleitoral dados referentes à arrecadação e às despesas de campanha, no prazo de
72 horas das transações.
Nos
termos da nova regra, as doações de empresas estão proibidas, ficando permitidas
somente as doações por pessoas físicas, mas limitadas a 10% do seu rendimento
do ano anterior.
Na
vigência da regra anterior, havia a obrigatoriedade da remessa das informações somente
três vezes com relação à campanha, sendo duas prestações de contas parciais e a
terceira no final do pleito.
Com
vistas à celeridade e à maior eficiência das análises sobre os dados, o TSE
firmou convênio com o TCU, que ficou com a incumbência examinar os dados a apresentar
relatórios semanais à Justiça Eleitoral.
O
presidente do TCU disse que os dados representam 34% de irregularidades do
total de contas analisadas e que "Há
indícios claros de várias irregularidades. Para vocês terem uma ideia são 34%
de irregularidades que nós estamos verificando, no primeiro momento, em relação
aos doadores. Em relação aos fornecedores, 2% de irregularidades. Mas, claro,
isso nós iremos passar às mãos do presidente do TSE, que poderá encaminhar
esses dados aos juízes eleitorais dos municípios para que possam checar melhor
esses dados".
Nos
países civilizados, os financiamentos de campanha e demais procedimentos
eleitorais funcionam com as maiores transparência e legitimidade, graças ao
rigor com que a fiscalização atua e pune possíveis ilicitudes, com multas
pesadas e impugnação das candidaturas dos infratores.
Como
forma de moralização, a Justiça Eleitoral precisa agir com rigor, com a pronta
investigação dos fatos irregulares, com vistas à responsabilização dos culpados
e à aplicação das punições cabível, inclusive com a eliminação daqueles que
tenham agido com dolo e má fé.
Com certeza, a constatação de financiamento de campanha por pessoas inexistentes, ou seja, mortas, somente evidencia o atraso e o obsoletismo ainda imperantes no país tupiniquim, que precisa evoluir bastante para não permanecer no rol das republiquetas, na contramão do desenvolvimento humanitário.
A lamentável situação em comento somente confirma a fragilidade do controle sobre o financiamento de
campanhas eleitorais, onde há muitas irregularidades facilmente sanáveis, inclusive com relação ao
poder econômico, que prevalece, de forma injustificável, em detrimento dos princípios da dignidade e da
moralidade.
À
vista da visível precariedade no controle e na fiscalização sobre as doações de
campanha eleitoral, conforme mostram os dados em apreço, compete também à
sociedade denunciar situações contrárias aos princípios da moralidade e da
legalidade, como forma de contribuir para o aprimoramento do sistema
político-eleitoral e o aperfeiçoamento dos princípios democráticos. Acorda,
Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 07 de setembro de 2016
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