sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Simples perseguição?


O ex-presidente da República petista, ao receber a notícia sobre a denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal, mostrou indignação com a inclusão da sua mulher no rol dos denunciados, embora tivesse aparentado naturalidade em relação ao seu próprio nome.
Aliados do petista raciocinam no sentido de que a denúncia em causa não passa de perseguição que tem por finalidade o impedir de disputar a eleição presidencial de 2018, ou seja, como uma espécie de medo da influência política do petista.
O presidente do PT disse que “Eles (adversários do PT) foram derrotados quatro vezes (em eleições presidenciais). Como não querem sofrer uma nova derrota tentam barrar a candidatura do ex-presidente Lula”.
Um escritor amigo do ex-presidente disse que “Venho dizendo desde o começo. Seria o cúmulo da ingenuidade supor que iriam fazer este carnaval que fizeram para depois deixar o Lula ganhar a eleição em 2018”.
Já outro escritor afirmou que “Lula está tranquilo e triste como todos nós. Não é surpresa nenhuma. O objetivo do golpe não é só tirar a Dilma, é também o Lula.”.
Na mesma linha, o governador do Piauí defendeu a inocência do ex-presidente, afirmando que “Não é a primeira vez que tem ações da Justiça contra o ex-presidente. Lula deve ser o brasileiro mais investigado da história”.
Ou seja, os petistas têm tanta certeza da inocência do ex-presidente que simplesmente esnobam as evidências, preferindo encarar os fatos como verdadeiras manobras para perturbar o ambiente político, dando a entender que absolutamente nada é capaz de macular a imagem do todo-poderoso, por ser inatingível por meras denúncias, vindas de despreparados procuradores da República.  
Chega a ser risível a forma como simpatizantes do ex-presidente o defendem com argumentações as mais ridículas e absurdas possíveis, como essa de que seus opositores o perseguem para que ele não volte a vencer no próximo pleito eleitoral, fato absolutamente insensato diante da realidade e da evidência dos fatos, que os petistas insistem em ignorar, sobrelevando a figura do ex-presidente às alturas celestiais, como se ele estivesse acima de tudo e de todos, inclusive das leis do país, de modo a ficar absolutamente imune às investigações ou até mesmo às suspeitas da prática de irregularidades.
O pagamento de despesas pela OAS, construtora envolvida nos esquemas criminosos da Petrobras, pelo depósito da Granero, no valor total de R$ 1,3 milhão, para a guarda, por cinco anos, de bens pertencentes ao ex-presidente, constitui grave e injustificável irregularidade, mas ao que tudo indica isso não caracteriza absolutamente nada, tanto que nenhum embevecido simpatizante dele faz menção desse fato como sendo condenável.
Diante das acusações da prática de crimes de corrupção (ativa e passiva) e de lavagem de dinheiro, compete ao ex-presidente, de forma serena e nos termos dos princípios democráticos, como fazem os homens públicos das nações civilizadas, provar sua inocência, por meio de elementos jurídicos válidos, ao invés de reclamar sobre perseguição política, como forma de alijá-lo da próxima campanha eleitoral, como se os brasileiros normais não tivessem condições de enxergar a verdade sobre os fatos denunciados.
Por certo, caso o ex-presidente consiga provar a sua inculpabilidade contra as denúncias de práticas de corrupção, a sua condição de candidato à Presidência da República será ainda mais imbatível, ante a demonstração da lisura de seus atos na vida pública.
Nessa empreitada, é importante que seus simpatizantes o encorajem a provar, na Justiça, que as denúncias são absolutamente indevidas, com o que, depois disso, eles possam se vangloriar de possuir razão para se indignarem contra possível denúncia sobre complô armado contra o ex-presidente.
O que não pode é querer ganhar no grito questão que caracteriza de altíssima relevância para os interesses do país e dos brasileiros, que precisa ser mostrada a legitimidade sobre os fatos denunciados, em princípio, inquinados de graves irregularidades, como forma de prestação de contas à sociedade, em absoluto atendimento ao salutar princípio da transparência inerente aos homens públicos.
Como os fatos denunciados se apresentam como sendo de extrema gravidade, quanto mais por envolver a figura de político da mais alta relevância nacional, os brasileiros anseiam que o ex-presidente petista tenha a dignidade de provar a sua inocência na Justiça, por meio de provas jurídicas válidas, com embargo de palavras apenas carregadas de emoção e de inconsistências, que somente aproveitam às conclusões de simpatizantes que insistem em não enxergar a realidade sobre os fatos constantes dos autos. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 16 de setembro de 2016

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