sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Quando os fatos falam...


Os promotores da força-tarefa da Operação Lava-Jato conseguiram formatar narrativa capaz de dá fundamento ao oferecimento de denúncia, entre outros, ao ex-presidente da República petista e à sua esposa, tendo, em princípio, fortes argumentos para possível condenação do petista.
Com incrível contundência, o petista foi indicado como líder e chefe de esquema criminoso denominado pelos procuradores de “propinocracia”, como sendo a manutenção do poder por meio de propinas, ou seja, segundo os procuradores, “Nesse esquema criminoso, Lula dominava toda a estrutura por ele montada, com plenos poderes para decidir sobre sua prática, interrupção e circunstâncias. O esquema perdurou por, pelo menos, uma década”.
A denúncia em tela mostra um dos escabrosos casos derivados da Lava-Jato, em narrativa coesa e bem fundamentada, resultado da aglutinação da gama do que já foi investigado e revelado acerca dos fatos denunciados nesta fase, sobressaindo a conclusão de que “Os esquemas revelados no mensalão e na Operação Lava Jato envolveram crimes de corrupção praticados no alto escalão da administração federal”.
Os procuradores afirmam que os objetivos da corrupção eram manter a governabilidade por meio da compra de apoio político, do enriquecimento e da perpetuação no poder. Eles concluíram que “Uma nota comum dessas engrenagens delituosas foi seu funcionamento em benefício de Lula, não só pelas vantagens financeiras que recebeu, mas também pela governabilidade conquistada e pelo fortalecimento de seu partido”.
As acusações vindas à tona são da maior gravidade, com capacidade para triturar a arrogância do todo-poderoso, que jamais imaginou que os procuradores fossem capazes de expor os fatos de corrupção com tamanhas objetividade e contundência, deixando a impressão de que as provas colhidas são simplesmente robustas e arrasadoras, com força capaz de concentrar denúncia de toneladas contra o ex-presidente, que colocado, como nunca, no olho do furacão absolutamente devastador, a ponto de nomeá-lo como o comandante dos esquemas de corrupção descobertos a partir do mensalão até desaguar no petrolão.
No entendimento dos procuradores, o petista se destaca como o “general” da corrupção que foi implantada na administração petista, tendo ainda se beneficiado do recebimento de vantagens indevidas, provenientes da empreiteira OAS, que totalizam, conforme o relato, o valor de R$ 3,7 milhões, cujos recursos foram empregados no imóvel do Guarujá e no contrato referente à mudança e o armazenamento de bens pessoais do ex-presidente.
A denúncia foi formulada tendo por base vasta documentação e mostra a cronologia incriminadora, com provas sobre a reforma sob medida (compreendendo a cozinha e os eletrodomésticos) em um apartamento reservado para o ex-presidente e sua família. Também há substanciosas provas de que a OAS assumiu as despesas da mudança do político e da armazenagem de seus bens, em seguida à saída dele da Presidência da República.
Com base na eloquência e evidência das provas quanto às reformas do apartamento e das despesas pertinentes à mudança e ao depósito de bens do ex-presidente, é possível se concluir, sem muita dificuldade, que a tendência é o juiz da “República” de Curitiba concordar com as conclusões da Polícia Federal e do Ministério Público, para considerá-lo réu em mais um processo, pelos crimes de corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro, em razão de práticas incompatíveis com a conduta de ex-mandatário do país, que deveria, ao contrário, ser ilibada e servir de modelo para os demais homens públicos. 
Por certo, a defesa do petista, a par de querer minimizar o real valor do resultado das investigações apresentado pelos procuradores, há de argumentar que a denúncia em apreço teve por base motivação política, com o exclusivo objetivo de impedir a sua candidatura no próximo pleito presidencial, como mera tentativa de desqualificá-la e reduzir a sua importância, à míngua de elementos capazes de ilidir os fatos sobejamente contrários aos princípios da moralidade, dignidade e nobreza, cuja observância se exige dos homens públicos. Acorda, Brasil! 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 16 de setembro de 2016

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