Os promotores da força-tarefa da Operação Lava-Jato
conseguiram formatar narrativa capaz de dá fundamento ao oferecimento de
denúncia, entre outros, ao ex-presidente da República petista e à sua esposa,
tendo, em princípio, fortes argumentos para possível condenação do petista.
Com incrível contundência, o petista foi indicado como
líder e chefe de esquema criminoso denominado pelos procuradores de “propinocracia”, como sendo a manutenção
do poder por meio de propinas, ou seja, segundo os procuradores, “Nesse esquema criminoso, Lula dominava toda
a estrutura por ele montada, com plenos poderes para decidir sobre sua prática,
interrupção e circunstâncias. O esquema perdurou por, pelo menos, uma década”.
A denúncia em tela mostra um dos escabrosos casos derivados
da Lava-Jato, em narrativa coesa e bem fundamentada, resultado da aglutinação da
gama do que já foi investigado e revelado acerca dos fatos denunciados nesta
fase, sobressaindo a conclusão de que “Os
esquemas revelados no mensalão e na Operação Lava Jato envolveram crimes de
corrupção praticados no alto escalão da administração federal”.
Os procuradores afirmam que os objetivos da
corrupção eram manter a governabilidade por meio da compra de apoio político, do
enriquecimento e da perpetuação no poder. Eles concluíram que “Uma nota comum dessas engrenagens delituosas
foi seu funcionamento em benefício de Lula, não só pelas vantagens financeiras
que recebeu, mas também pela governabilidade conquistada e pelo fortalecimento
de seu partido”.
As acusações vindas à tona são da maior gravidade, com
capacidade para triturar a arrogância do todo-poderoso, que jamais imaginou que
os procuradores fossem capazes de expor os fatos de corrupção com tamanhas objetividade
e contundência, deixando a impressão de que as provas colhidas são simplesmente
robustas e arrasadoras, com força capaz de concentrar denúncia de toneladas
contra o ex-presidente, que colocado, como nunca, no olho do furacão
absolutamente devastador, a ponto de nomeá-lo como o comandante dos esquemas de
corrupção descobertos a partir do mensalão até desaguar no petrolão.
No entendimento dos procuradores, o petista se
destaca como o “general” da corrupção
que foi implantada na administração petista, tendo ainda se beneficiado do
recebimento de vantagens indevidas, provenientes da empreiteira OAS, que totalizam,
conforme o relato, o valor de R$ 3,7 milhões, cujos recursos foram empregados
no imóvel do Guarujá e no contrato referente à mudança e o armazenamento de
bens pessoais do ex-presidente.
A denúncia foi formulada tendo por base vasta documentação
e mostra a cronologia incriminadora, com provas sobre a reforma sob medida (compreendendo
a cozinha e os eletrodomésticos) em um apartamento reservado para o ex-presidente
e sua família. Também há substanciosas provas de que a OAS assumiu as despesas
da mudança do político e da armazenagem de seus bens, em seguida à saída dele da
Presidência da República.
Com base na eloquência e evidência das provas
quanto às reformas do apartamento e das despesas pertinentes à mudança e ao
depósito de bens do ex-presidente, é possível se concluir, sem muita
dificuldade, que a tendência é o juiz da “República” de Curitiba concordar com
as conclusões da Polícia Federal e do Ministério Público, para considerá-lo réu
em mais um processo, pelos crimes de corrupção ativa, corrupção passiva e
lavagem de dinheiro, em razão de práticas incompatíveis com a conduta de
ex-mandatário do país, que deveria, ao contrário, ser ilibada e servir de
modelo para os demais homens públicos.
Por certo, a defesa do petista, a par de querer
minimizar o real valor do resultado das investigações apresentado pelos
procuradores, há de argumentar que a denúncia em apreço teve por base motivação
política, com o exclusivo objetivo de impedir a sua candidatura no próximo
pleito presidencial, como mera tentativa de desqualificá-la e reduzir a sua
importância, à míngua de elementos capazes de ilidir os fatos sobejamente
contrários aos princípios da moralidade, dignidade e nobreza, cuja observância se
exige dos homens públicos. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 16 de setembro de 2016
Nenhum comentário:
Postar um comentário