Em
tão curtíssimo tempo, a presidente da República foi afastada do Palácio do
Planalto e o líder mais popular da história republicana enfrenta, agora, a sua mais
terrível crise na vida pública, em demonstração da decadência do PT e do começo
do derretimento do mito do ex-presidente, construído por caminhos que estão
sendo desvendados pela Operação Lava-Jato.
A
aceitação pelo juiz de Curitiba da denúncia dos procuradores da força-tarefa da
Lava-Jato reforça as suspeitas da prática de corrupção passiva e lavagem de
dinheiro pelo ex-presidente, que precisa se defender e mostrar sua inocência.
Não
bastasse o peso da denúncia em si, no seu bojo foi adicionada a retórica atribuindo
ao petista o posto nada importante de “comandante
máximo” da organização criminosa, o chefão da quadrilha que assaltou os
cofres da Petrobras, o general que usava propinas para subornar parlamentares e
comprar partidos, o fundador da “propinocracia”, o homem que aceitava dinheiro
e pequenos luxos em troca de favores, embora sem o acompanhamento de nenhuma
prova material.
Os
procuradores alegam que o ex-presidente recebeu vantagens indevidas oriundas de,
pelo menos, três contratos celebrados entre a construtora OAS e a Petrobras,
que resultaram em propinas em torno de R$ 87,6 milhões, sendo que, desse total,
R$ 3,7 milhões se destinaram ao petista: “oriundos
do caixa geral de propinas da OAS com o PT”.
Segundo
os procuradores, o dinheiro da propina serviu para a construtora reformar o
famoso tríplex, seguindo a exigente orientação da esposa do ex-presidente, que
também foi denunciada.
Embora
o ex-presidente jure que o imóvel nunca foi dele, a sua mulher, também
denunciada no mesmo caso, é acusada de ter escolhido os móveis, os pisos, as
torneiras, os armários e a cor das paredes, cujo conjunto de fatos
possivelmente possa se transformar em prova mais consistente de suborno contra o
petista.
A
revista VEJA mostrou o teor da proposta de delação premiada do ex-presidente da
OAS, onde consta que o empreiteiro confirma que o tríplex pertence ao petista e
foi pago com dinheiro da Petrobras, em que pese ele não ter sido registrado em
nome dele.
Também
consta da denúncia a evidência de corrupção do ex-presidente, que consiste no
financiasse do transporte e do armazenamento dos objetos pessoais do
ex-presidente pela OAS, a pedido do presidente do Instituto Lula, antes de o
petista ter deixado o Planalto, em 2010. O atendimento do pedido do petista
obrigou a empreiteira a gastar a cifra de R$ 1,3 milhão.
Em
que pese o fato de os bens terem sido levados dos palácios presidenciais,
passando, a partir de então, sob a responsabilidade do petista como sendo de
sua exclusiva propriedade, sem o que eles jamais teriam sido retirados de lá, o
presidente do Instituto Lula tem a cara-de-pau de afirmar que pediu ajuda à
construtora para pagar o aluguel de contêineres com o acervo do ex-presidente,
mas isso não é crime, porque “A OAS, para
mim, deveria inclusive reivindicar a Lei Rouanet, porque está fazendo um
pagamento para manter um bem cultural do povo brasileiro”.
Ou
seja, o amigo do ex-presidente classifica de bem cultural do povo algo que se
encontra em poder do petista, sendo que isso caracteriza desvio de finalidade, sendo
entendido como crime pela apoderação de bens alheios, também punível, na forma
legal.
Conforme
estimativas das investigações, as vantagens indevidas embolsadas pelo petista extrapolam
o valor de R$ 3,7 milhões, que são acrescidas aos pagamentos ao Instituto Lula
e a L.I.L.S. Palestras, Eventos e Publicações, empresa de palestras do
ex-presidente, avaliados na cifra de R$ 55 milhões, cuja contabilização indica
que mais de R$ 30 milhões vieram de empreiteiras envolvidas no petrolão.
Os
procuradores dizem que, desse valor, mais de R$ 7,5 milhões foram transferidos
para o ex-presidente, cujo patrimônio saltou de R$ 1,9 milhão, em 2010, para R$
8,8 milhões, em 2015, acréscimo patrimonial este que não constou da denúncia
sob a forma de acusação, porque esse fato ainda pende do resultado de outra investigação.
O certo é
que os fatos objeto da denúncia em apreço já eram do conhecimento dos
brasileiros,
mas agora existem provas levantadas pela
Polícia Federal e pelo Ministério Público, que respaldaram a decisão do juiz de
Curitiba a transformar os denunciados em réus.
À toda
evidência, o ex-presidente lutou, por muito tempo e por todas as forças, para
destruir e desmoralizar as estruturas das organizações democráticas deste país,
justamente para que elas não chegassem ao ponto de denunciá-lo, como o fez
agora, com base em fortes evidências de corrupção contra o patrimônio nacional.
Talvez,
agora, nem se trate de ter capacidade para prender o todo-poderoso, porque as
evidências saltam aos olhos e somente não são enxergadas por quem prefere
continuar com o crônico mal da cegueira de nada ver.
No
momento, parece que o pesadelo da decretação da prisão do petista tem muito
mais importância do que prendê-lo de vez, haja vista que a Justiça não quer dá
o gosto da "vitimatização", que é tudo que o ex-presidente espera que
esse processo assim seja transformado em benefício político dele, considerando
o alto grau da idolatria dominante no seio de brasileiros desinformados, ingênuos
e fanatizados.
Os
brasileiros precisam se conscientizar sobre a realidade sobre os fatos
denunciados e a gravidade das irregularidades praticadas por toda vida política
do maior líder do país, que conseguiu o topo da fama graças às engenhosas
tramas costuradas sob as alianças formalizadas com os piores políticos que eram
criticados antes da ascensão ao poder do partido dele, como ficaram conhecidas
na forma do vergonhoso fisiologismo do “toma lá, dá cá”, inclusive com os
indecentes aparelhamentos da administração pública, com o apoio das lideranças
de inescrupulosos políticos integrantes do PMDB e PP, por meio da infiltração
de criminosos na Petrobras, para desviar recursos da estatal para os cofres de
partidos e os bolsos de políticos desavergonhados e aproveitadores, os quais
estão agora sendo chamados para expiar seus imensuráveis pecados.
O
Brasil precisa, com urgência, passar por verdadeira assepsia, de modo a expiar
a imundície que foi espargida sob o comando do petista, segundo afirmação dos
procuradores da força-tarefa da Lava-Jato.
É
evidente que a Justiça precisa exigir o ressarcimento dos valores desviados dos
cofres públicos, além da imprescindível aplicação das penalidades cabíveis aos
culpados, como forma de prevenção sobre casos futuros semelhantes.
Os
brasileiros precisam reagir e assegurar que as instituições democráticas
funcionem na plenitude da sua competência institucional, para que os fatos
denunciados sejam devidamente investigados e, se for o caso, os culpados venham
responder por seus crimes, tal qual se procede nas nações civilizadas e
desenvolvidas democraticamente. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 21 de setembro de 2016
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