Há
poucos dias, foi lançada em São Paulo mais uma campanha com a finalidade de
tentar blindar o ex-presidente da República petista e de imunizá-lo de
investigações, em que pese ele já ser réu em três processos relacionados com
casos de corrupção, inclusive de obstrução aos trabalhos da Justiça.
O
movimento em tela tem o nome bastante sugestivo, mais precisamente: “Por um Brasil justo para todos e para Lula”,
deixando explícito o objetivo claro de torná-lo intocável.
Não
há a menor dúvida de que é preciso que haja justiça para todos, mas o movimento
em tela quer que o ex-presidente mereça ser tratado com um plus a mais, muito
além do que é dispensado para os demais pobres mortais, como forma inusitada de
conceder-lhe privilégios como se ele estivesse acima da esfera imaginável da perfeição
e absolutamente imune a qualquer suspeita, contemplado com a especial presunção de
inocência, como se qualquer ato irregular que ele tivesse praticado estivesse à
margem de qualquer censura, ante o reconhecimento da sua absoluta onipotência.
O
movimento defende que a Justiça seja direito de todos, conquanto que a do
ex-presidente tenha caráter diferenciada, para lhe assegurar o foro especial e
privilegiado de sequer ser importunado com o constrangimento sobre
questionamentos com relação a seus atos como homem público e muito menos que
eles possam ser investigados, mesmo que pesem fortes suspeitas de
irregularidades que precisam ser apuradas, com vistas ao conhecimento sobre a
verdade, como acontecem normalmente nos países sérios e civilizados.
O
que se pretende com esse movimento é incorporar ao petista uma situação que ele
vem tentando convencer os fanatizados que ele tem direito à Justiça, mas não na
forma como ela é aplicada indistintamente a todos, porque esta não atende aos
seus propósitos de plena imunização, em grau de desigual condescendência com as
pessoas que se consideram ter atingido patamar de superioridade, como ele mesmo
costuma afirmar que é a pessoa mais honesta de todos na face da terra, deixando
clara a sua diferença em relação aos demais cidadãos, principalmente por não
admitir que possíveis falhas suas sejam passíveis de questionamento, muito menos
pela Justiça.
A
campanha de blindagem ignora todos os fatos que já foram investigados contra o
petista, com desprezo às suspeitas de recebimento de possíveis favores de
caráter nada republicano, como se as apurações se constituíssem atos
arbitrários e abusivos contra um ex-presidente, que se considera injustiçado e
vítima de perseguição, embora os fatos falem por si sós, mostrando que as
provas são contundentes e precisam ser demolidas por ele, com elementos
consistentes, sob pena da iminente sua condenação, em que pese o descomunal
esforço de blindagem.
Embora
seja notório que o petista adora ser cercado pelos melhores mimos emanados por
parte de simpatizantes fanatizados, no ato de lançamento da nova campanha, com a
presença de militantes, ele aproveitou o ensejo para alegar constrangimento por
estar ali liderando movimento em causa própria, como se isso não tivesse sido
feito com a exclusiva finalidade para agradar o seu ego.
Na
ocasião, ele disse que “Não me sinto
confortável participando de ato em minha defesa. Eu me sentiria confortável
participando de ato de acusação à força-tarefa da Lava-Jato, que está mentindo
para a sociedade brasileira”.
À
toda evidência, ele perdeu excelente oportunidade, diante da presença de
militantes, para explicar quais são as mentiras reais, tendo em conta que o
Ministério Público faz questão de explanar o elenco das irregularidades já
investigadas nos processos em tramitação na Justiça.
É
evidente que não faltou a já habitual e consagrada acusação de que o
ex-presidente vem sendo injustiçado e vítima de perseguição por parte da
Polícia Federal, do Ministério Público Federal e da Justiça Federal, embora
isso já não consiga sensibilizar mais ninguém, uma vez que não foram destruídos
pelo petista os fatos objeto das denúncias sobre a existência irregularidades.
Não
obstante, o petista aproveitou o ensejo para apresentar para os ávidos
simpatizantes, como novidade, a revelação de sua visão, segundo a qual existe “um pacto quase diabólico” entre as
instituições para destruir a sua reputação e o projeto de país que ele teria implementado
em seus oito anos de governo.
Em
conclusão, o petista disse, fazendo referência aos integrantes da força-tarefa
da Lava-Jato, que “Eles mexeram com a
pessoa errada”, como se as investigações tivessem por mira determinadas
pessoas e não os fatos, que deveriam ter o cuidado de não incomodar quem se
considera inatingível e acima de tudo e de todos.
Urge
que os brasileiros se mobilizem em contraposição aos movimentos de políticos
que visam distorcer a realidade sobre os fatos, na tentativa de incutir isso na
mentalidade dos incautos e ingênuos, que insistem em não querer enxergá-los sob
a visão da verdade, à luz dos princípios republicano e democrático, que têm como
essência a inspiração de que somente existe uma forma justa de igualdade entre
as cidadãos, com embargo da tentativa da concepção de outra inexistente igualdade
que apenas objetiva beneficiar quem se considera onipotente e diferenciado dos demais
brasileiros. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 04 de dezembro de 2016
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