Dias
antes do Natal, o papa denunciou, em tom de desabafo, a resistência que ele
está enfrentando na reforma das burocracias do Vaticano, dizendo que algumas
delas são inspiradas pelo Diabo.
Nessa
mesma linha de pensamento, ele também disse que os prelados que trabalham para
ele devem passar por “purificação
permanente” para melhor servir à Igreja Católica.
Em
seu discurso que antecedeu o Natal, o papa ataca, pelo terceiro ano consecutivo,
a burocracia do Vaticano, mas desta vez ele parece ter perdido a compostura
como líder da Igreja Católica, ao classificar de diabólica a atitude de muitos
de seus subordinados.
Em
seguida, ele afirmou que a reforma para a qual ele foi eleito (em 2014) não significa
a realização de uma plástica superficial para a Santa Sé, mas sim uma mudança
profunda na mentalidade dos que dirigem o Vaticano, tendo, na ocasião, exclamado
nestes termos: “Caros irmãos, não são as
rugas da Igreja que vocês devem temer, mas sim as manchas!”, referindo-se à
necessidade da modernização da igreja, que não tem sido possível diante da
terrível resistência das mentalidades estratificadas entremuros do Vaticano.
Neste
ano, o santo pontífice distribuiu para os padres, bispos e cardeais que
trabalham no Vaticano 12 diretrizes que estão inspirando seu processo de
reforma, tendo em mira a consolidação de departamentos e a criação de novos no
Vaticano, de modo a submetê-lo à indispensável modernização segundo a sua
concepção clerical mais consentânea com a igreja atual, viva e atuante no mundo.
O
papa deixa claro que vislumbra a premência da modernização do Vaticano, com a
utilização de instrumentos atualizados capazes de responder melhor às
necessidades da Igreja Católica de hoje, que precisa envolver mais as mulheres
nas atividades da instituição, de modo que elas possam participar da tomada de
decisões e permitir que o Vaticano seja mais multicultural.
Nas
palavras do papa, reside todo sentimento de horror que existe no Vaticano
contra as possíveis reformas que ele pretende implantar na Igreja Católica, conquanto
as forças antagônicas conspiram abertamente contra o seu desejo de modernização
da igreja, que é imperiosa necessidade de longa data, porque ela precisa reconhecer
seu alarmante descompasso com a evolução da humanidade, que aconteceu
naturalmente com as conquistas científica e tecnológica, por terem vindas
certamente para beneficiar a vida do homem, que é a razão da igreja.
Na
verdade, o inconformismo do papa vem no momento em
que os bitolados e ultrapassados cardeais tramam toda espécie de dificuldades
para impedir que a igreja se modernize, evidentemente que não precisa violar nem
tão pouco descaracterizar suas filosofias e doutrinas, que são seculares, mas
muitas atividades burocráticas e até mesmo orgânicas institucionais precisam
passar por atualização imposta pelo desenvolvimento ocorrido no universo, em
todas as áreas do conhecimento humano, que também precisa ter reflexo dentro do
Vaticano.
A indignação do papa é visível, porque o
antagonismo ao seu desejo de mudança produz visível desconforto no seio da
igreja, que precisa passar por urgente reformulação, o mínimo que seja, até como
experimentação, para possibilitar novos aperfeiçoamentos de procedimentos, que
são saudáveis e necessários, em termos da essencialidade das atividades
clericais, eucarísticas e pastorais, que não podem mais ficar estagnadas há
séculos, quando o mundo passa por natural processo de modernização e de
adaptação à realidade dos novos tempos, por que a igreja se trata de importante
sistema que precisa, igualmente aos demais, de permanente transformação.
É evidente que o papa tem seus seguidores no
Vaticano, mas não o suficiente para suplantar a forte adversidade ali existente,
que é coesa e comanda expressiva ala da igreja conservadora, que somente
contribui para o retrocesso e a estagnação de instituição que precisa urgentemente
acompanhar o progresso que é obra e graça de Deus, visto que Ele é o criador do
mundo e o eterno mentor da evolução da sua obra, da humanidade e de tudo que é
essencial às relações com o homem e com a Igreja Católica.
É
lamentável que o papa seja obrigado a fazer esse monumental desabafo em momento
tão especial, em clara demonstração de sua enorme insatisfação por não
conseguir dobrar as mentes retrógradas que estão bastante distanciadas da
realidade do mundo de modernidade e de evolução.
O mundo anseia por que o papa consiga reverter
as resistências diabólicas dentro do Vaticano, de modo a se permitir que ele
possa implantar as saudáveis e frutíferas reformas no seu papado, mediante a
reestruturação da Igreja Católica, não somente com a roupagem da modernidade
dos tempos atuais, ante a incorporação de toda bagagem que se refere à evolução
da humanidade e de inumeráveis conquistas nos campos da ciência e da tecnologia,
mas, em especial, na atualização das boas práticas dos ensinamentos verdadeiros
cristãos, em especial no tocante à igualdade entre homens e mulheres, que podem
e devem exercer, em conjunto, funções importantes na igreja, com a finalidade
de pacificar, unificar e atrair muito mais seguidores para bem junto do altar
de Jesus Cristo.
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 27 de dezembro de 2016
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