segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Péssimo exemplo de desperdício

O juiz federal responsável pela Operação Lava-Jato foi condecorado pelo Exército, em solenidade comemorativa do dia do soldado, realizada no Quartel General do Exército, em Brasília!
A medalha do pacificador, recebida pelo juiz de Curitiba, é concedida pelo Comando do Exército às pessoas que a instituição entende que tenha prestado serviços relevantes ao país.
A bem da verdade, o nome da medalha do Pacificador não condiz nenhum pouco com o estrago, no bom sentido, que o trabalho do juiz da “República” de Curitiba vem causando à banda pobre do país.
De qualquer modo, sem desmerecer os demais participantes, mas, possivelmente, o juiz da Lava-Jato deve ser raríssima exceção entre os agraciados que realmente faz jus à medalha em apreço, em razão de seus atributos de magistrado de escol que justificam a concessão da importante láurea, diante dos relevantes e reconhecidos serviços prestado à nação.
Além de ser agraciado, o juiz ainda contribui para enobrecer a instituição do Exército, por ter seu nome vinculado à medalha, quando se sabe que poucos agraciados reúnem os atributos exigidos para merecê-la.
          Aliás, via de regra, a concessão da medalha em tela somente tem servido para coisa nenhuma, muito menos para reconhecimento pelo que de meritório alguém tenha feito efetiva e verdadeiramente em prol do Brasil, a exemplo de tantas medalhas que já foram concedidas a bandidos que foram ou estão presos ou muito próximo de ir para a cadeia.
Pobre país que ainda faz solenidade pomposa e dispendiosa para homenagear coisa nenhuma e que, em última análise, não gera benefício algum para o interesse público, ou seja, a concessão ou não de medalhas em nada acrescenta na vida de quem poderia se beneficiar com o dinheiro gasto nesses patacões sem a menor finalidade.
As autoridades públicas têm dever e responsabilidade cívicas de repensar essa forma inútil de mobilização pública que apenas se traduz em jogar dinheiro no ralo do desperdício, em solenidade especial cívica, diante da inutilidade do gasto, repita-se, que poderia ser destinado ao atendimento do bem comum, que se beneficiaria dos recursos referentes a esses gastos absolutamente desnecessários e de tantos outros sem qualquer retorno, em termos de custo-benefício, caso eles fossem realizados em atividades de saúde, educação, segurança pública, saneamento básico ou outra finalidade contribuísse para a efetividade pública.
Já passou do tempo de os homens públicos pensarem na priorização das políticas públicas, de modo a se evitar desperdícios de recursos, como nesse caso de agraciamento exclusivo de autoridades, à vista de não se ter conhecimento de que servidor público que exerce função humilde, trabalhador braçal ou cidadão comum, entre outros, que podem prestar relevantes serviços ao país, estivessem no rol dos agraciados com medalhas, os quais possivelmente ainda devem participar de lautos comes-e-bebes à custa dos contribuintes, em completa dissonância com a situação de penúria de muitos brasileiros e das contas públicas.
Pode-se até se afirmar que tudo isso não passa de bobagem, ao se pretender economizar mixaria, mas de grão em grão se engorda o capão, no caso de o país realmente pretender racionalizar seus gastos em função do que realmente possa atender exclusivamente ao interesse público.
          Quando, enfim, o Brasil vai realmente cair no real e cuidar, de forma responsável, para que as políticas públicas sejam tratadas com a devida e merecida prioridade, como fazem normalmente as nações sérias, civilizadas e desenvolvidas política e democraticamente?
O país precisa reformular, com o máximo de urgência, seus conceitos sobre a realização das despesas públicas, de modo que o fundamental princípio da priorização das políticas públicas ganhe efetividade como forma de economicidade que se impõe na administração pública, com embargo de inúmeros desperdícios representados em despesas que oneram desnecessariamente as contas públicas, a exemplo do agraciamento de medalhas, que não tem a menor significância para o país, em termos de custo-benefício em atendimento ao interesse público. Acorda, Brasil! 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 26 de dezembro de 2016

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