O juiz federal responsável pela Operação Lava-Jato
foi condecorado pelo Exército, em solenidade comemorativa do dia do soldado,
realizada no Quartel General do Exército, em Brasília!
A medalha do pacificador, recebida pelo juiz de
Curitiba, é concedida pelo Comando do Exército às pessoas que a instituição
entende que tenha prestado serviços relevantes ao país.
A
bem da verdade, o nome da medalha do Pacificador não condiz nenhum pouco com o
estrago, no bom sentido, que o trabalho do juiz da “República” de Curitiba vem
causando à banda pobre do país.
De
qualquer modo, sem desmerecer os demais participantes, mas, possivelmente, o
juiz da Lava-Jato deve ser raríssima exceção entre os agraciados que realmente faz
jus à medalha em apreço, em razão de seus atributos de magistrado de escol que
justificam a concessão da importante láurea, diante dos relevantes e
reconhecidos serviços prestado à nação.
Além
de ser agraciado, o juiz ainda contribui para enobrecer a instituição do
Exército, por ter seu nome vinculado à medalha, quando se sabe que poucos agraciados
reúnem os atributos exigidos para merecê-la.
Aliás,
via de regra, a concessão da medalha em tela somente tem servido para coisa
nenhuma, muito menos para reconhecimento pelo que de meritório alguém tenha
feito efetiva e verdadeiramente em prol do Brasil, a exemplo de tantas medalhas
que já foram concedidas a bandidos que foram ou estão presos ou muito próximo
de ir para a cadeia.
Pobre
país que ainda faz solenidade pomposa e dispendiosa para homenagear coisa
nenhuma e que, em última análise, não gera benefício algum para o interesse
público, ou seja, a concessão ou não de medalhas em nada acrescenta na vida de
quem poderia se beneficiar com o dinheiro gasto nesses patacões sem a menor
finalidade.
As
autoridades públicas têm dever e responsabilidade cívicas de repensar essa
forma inútil de mobilização pública que apenas se traduz em jogar dinheiro no
ralo do desperdício, em solenidade especial cívica, diante da inutilidade do
gasto, repita-se, que poderia ser destinado ao atendimento do bem comum, que se
beneficiaria dos recursos referentes a esses gastos absolutamente
desnecessários e de tantos outros sem qualquer retorno, em termos de
custo-benefício, caso eles fossem realizados em atividades de saúde, educação, segurança
pública, saneamento básico ou outra finalidade contribuísse para a efetividade pública.
Já
passou do tempo de os homens públicos pensarem na priorização das políticas
públicas, de modo a se evitar desperdícios de recursos, como nesse caso de
agraciamento exclusivo de autoridades, à vista de não se ter conhecimento de que
servidor público que exerce função humilde, trabalhador braçal ou cidadão comum,
entre outros, que podem prestar relevantes serviços ao país, estivessem no rol
dos agraciados com medalhas, os quais possivelmente ainda devem participar de
lautos comes-e-bebes à custa dos contribuintes, em completa dissonância com a
situação de penúria de muitos brasileiros e das contas públicas.
Pode-se
até se afirmar que tudo isso não passa de bobagem, ao se pretender economizar
mixaria, mas de grão em grão se engorda o capão, no caso de o país realmente
pretender racionalizar seus gastos em função do que realmente possa atender exclusivamente
ao interesse público.
Quando,
enfim, o Brasil vai realmente cair no real e cuidar, de forma responsável, para
que as políticas públicas sejam tratadas com a devida e merecida prioridade,
como fazem normalmente as nações sérias, civilizadas e desenvolvidas política e
democraticamente?
O
país precisa reformular, com o máximo de urgência, seus conceitos sobre a
realização das despesas públicas, de modo que o fundamental princípio da
priorização das políticas públicas ganhe efetividade como forma de
economicidade que se impõe na administração pública, com embargo de inúmeros desperdícios
representados em despesas que oneram desnecessariamente as contas públicas, a
exemplo do agraciamento de medalhas, que não tem a menor significância para o
país, em termos de custo-benefício em atendimento ao interesse público. Acorda,
Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 26 de dezembro de 2016
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