Segundo a classe médica da Venezuela, um hospital
público da capital do país se equipara a “hospital
de guerra”, onde falta tudo e os doentes ainda ficam aguardando, por quase
um ano, atendimento médico de urgência, correndo risco de vida ou do
comprometimento da recuperação da doença, ficando à mercê da precariedade do
atendimento médico-hospitalar, que nem sempre aparece.
A dramaticidade do hospital público de Coche (na
capital do país) é notória exemplo do estado falimentar da saúde pública, porque
a comunidade é submetida a terrível crise de atendimento médico-hospitalar, a
começar pela falta de água três dias por semana, que propicia falta de higiene
e assepsia e resultado a inalação de cheiro pútrido por todos, cujas
dependências ainda padecem pelo complicado acúmulo de lixo, uma vez que os
depósitos permanecem abertos e abarrotados, permitindo a proliferação de muitas
moscas, que povoam até os corredores. Um dos três centros cirúrgicos está
fechado por causa da contaminação.
Um doente aguardando cirurgia, que se encontra
internado em uma sala de teto úmido, disse que “Tenho medo. Não quero mais subir para o centro cirúrgico, porque cada
vez volto pior”.
Segundo um médico residente em traumatologia: “Temos pessoas que acabaram sendo amputadas
por falta de assepsia nos centros cirúrgicos”.
Há informação de que, no hospital de Coche, os
tubos dos respiradores são reutilizados e vários esperam para ser lavados junto
de um bisturi elétrico descartável. Há 18 médicos e a demanda é pelo triplo.
A situação de calamidade pública se repete em
muitos dos 320 centros médicos públicos do país, que estão mergulhados em uma
crise econômica e generalizada escassez, que impedem o atendimento satisfatório
à população.
Um médico disse que viu um jovem morrer,
contorcendo-se de dor, por causa de um joelho atingido por tiro, porque “Não havia soro, hemoderivados, sangue, nem
morfina”, tendo ressaltado que já havia presenciado outras mortes, por
falta de insumos básicos e concluiu: “Ajudo
a morrer”.
Ele disse que, na emergência do hospital, há apenas
cinco soluções endovenosas para o plantão noturno, o necessário para
estabilizar um único baleado, quando podem chegar até 20 pacientes no mesmo
plantão: “Sinto-me de mãos atadas
(…), não posso curar. Alivio e ajudo a morrer”.
Em razão da falta de espaço nos necrotérios, os
corpos das pessoas executadas são deixados no hospital, que chega a abrigar até
uma dúzia de corpos, embora só tenha espaço para quatro, sendo que “Os corpos às vezes ficam aí 72 horas e
explodem. É terrível porque tudo cheira a putrefação. É um hospital de guerra”.
Segundo o Observatório Venezuelano da Saúde, a
escassez de material cirúrgico afeta 81% dos serviços hospitalares e a de
remédios para os pacientes chega a 76%.
O governo da Venezuela garante que as falhas são
pontuais e estão sendo solucionadas e a “revolução”
socialista investiu 250 bilhões de dólares em saúde nos últimos treze anos,
especialmente em um programa de atenção primária que envia médicos – muitos
deles cubanos – às zonas populares.
O médico disse que “Ser médico na Venezuela é um ato de heroísmo”, por receber o
equivalente a 60 dólares mensais, que são suficientes para se alimentar duas
vezes por dia.
Ele disse que deixará o país, seguindo o exemplo de
outros 13 mil médicos, desde a era chavista, que tem sido capaz de causar a
degeneração do sistema de saúde do país, na esteira dos demais serviços
públicos prestados à população.
À toda evidência, as informações oficiais não
condizem com a realidade dos fatos, porquanto a regra é a precariedade da saúde
pública daquele país, atestada tanto pelos médicos como pelos doentes, que
estão atravessando a fronteira do país, à procura de assistência médico-hospitalar
nos países vizinhos, que já estão com os hospitais e as unidades de saúde
assoberbados de doentes, diante da procura de socorro pelos venezuelanos.
É
inacreditável como o povo da Venezuela não tenha o mínimo de dignidade para,
diante da destruição generalizada da nação, repudiar, com veemência, situação
tão humilhante, degradante e da maior gravidade como essa dispensada à
população, à vista da constatação de que os doentes estão morrendo ou sendo
submetidos a tratamentos subumanos, justamente pela falta de estruturas e de
recursos materiais, humanos e financeiros, em clara demonstração de verdadeiro
abandono do Estado.
É
lamentável que o país permaneça sendo comandado por presidente totalmente
alienado e despreparado, que conseguiu destruir o país e infernizar seu povo,
em nome da desastrosa e horrenda revolução bolivariana, que cada vez mais
empurra a população para a ruína, à fome, à miséria, ao sofrimento e, enfim, à
morte.
Enquanto
a desgraça se abate de forma cruel e impiedosa sobre a população, o governo e
seus fanáticos apoiadores nada sofrem em razão da tragédia que somente a
atinge, em nome de uma revolução que somente proporciona horrores para o povo e
que ainda foi capaz de empurrar a nação para o isolamento do resto do mundo, a
miséria, o sofrimento e o subdesenvolvimento socioeconômico.
Os
fatos mostram a dimensão da tragédia disseminada na nação venezuelana, de forma
generalizada, com as perspectivas cada vez piores de incertezas, porque o
governo se mostra absolutamente irremovível quanto à sua incompetência, mostrando
total incapacidade para reverter o quadro de completa decadência administrativa
e gerencial da cosa pública, tendo atingido o grau máximo possível de tolerância,
a ponto de o povo se tornar verdadeiro capacho, totalmente impotente para
reclamar seus direitos como ser humano, que não pode ser tratado com absolutos
desprezo e humilhação.
Os
venezuelanos precisam reagir, com o máximo de suas forças, para acabar de vez
com essa situação desesperadora e intolerável, sendo aconselhável a promoção de
inevitável contrarrevolução social, no sentido do imediato afastamento do
governo ditatorial e do seu bando de sanguessugas e aproveitadores, antes que
seja tarde demais e nada possa ser feito para se pensar na imprescindível restauração
da dignidade humana. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 09 de dezembro de 2016
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