O
ano praticamente chega ao fim e mais uma vez se repetem as mesmas ladainhas de
sempre, envolvendo a principal turma do Palácio do Planalto, que não consegue
aparecer com a cara limpa para os brasileiros, em forma de balanço de
fim-de-ano, à vista de delações que mostram o envolvimento de muitos políticos
nas falcatruas do famoso caixa 2, alimentado pelas empreiteiras, cujos
executivos indicam que o presidente do país teria pedido dez milhões de reais
para a campanha de seu partido.
O
certo é que o governo e sua equipe conseguiram respirar até agora com o auxílio
de aparelhos, em razão do baque sofrido com as delações do “fim do mundo”, que já
foram concluídas, mas apenas duas de setenta e sete se tornaram ostensivas e
foram capazes de jogar sujeira para todos os lados, obrigando que muita gente importante
tentasse arranjar desculpas para os fatos escabrosos, quase sempre
injustificáveis.
Houve
até, por parte de aliado, que pedisse a renúncia do presidente do país, depois
de se saber que ele fez jantar na sua residência oficial, para pedir e
conseguir a bagatela de dez milhões de reais da Odebrecht, que, naturalmente,
sentiu-se honrada com o pedido, porque o fato em si traduz em multiplicação de
tal valor milhares de vezes mais, com a posterior liberação de enésimas obras,
brasis afora, por força conquista junto às lideranças partidárias.
O
Palácio do Planalto sentiu a pancada na moleira do dirigente máximo da nação, que
teve a sua suposta reputação alvejada em cheio, ficando surpreso pelo fato de
jamais imaginar que a bondosa empreiteira pudesse revelar os podres acertados
em jantar entre “amigos”.
O
certo é que o símbolo da esperança de renascimento da moralidade do país foi ligeirinho
para o espaço sideral, sem que o grosso das deleções da Odebrecht ainda nem tenha
começado a se tornar público, quando então o restinho de pureza do governo
certamente despencará de vez.
Por
enquanto, o governo entende que o conteúdo vazado pode não comprometer a honra
do presidente, porque nada aconteceu de ilegal, diante da simples conclusão de que
a doação para campanha se houve em estrita observância às normas aplicáveis à
espécie, ou seja, houve o financiamento ao partido sim e tudo foi registrado
conforme manda a lei de regência.
Já se tornou rotina o conjunto do governo trabalhar,
às pressas, para blindar as autoridades da República envolvidas em casos escabrosos
e nebulosos, em clara demonstração de que as ilicitudes e as maracutaias não
têm limites e por certo não vão dá sossego tão cedo à equipe governista, uma
vez que apenas tem preocupação em proteger as pessoas envolvidas em atos
considerados contrários à dignidade e aos princípios da moralidade que devem
imperar na administração pública.
Enquanto todo empenho se volta para blindar as
pessoas denunciadas de macular a representação delegada pelo povo, não há o
menor interesse em assumir os erros e prestar os devidos esclarecimentos sobre
os atos inquinados de irregulares, ou ainda providenciar as devidas apurações,
para, enfim, mostrar a veracidade sobre os fatos denunciados.
Ao que parece, o governo entende que tudo isso é
normalíssimo, uma vez que a única justificativa para caso escabroso foi a de
que "não há nada ilegal em pedir
doação para campanha", como realmente não o é, mas a verdade é que o
dinheiro entregue ao partido vem de fonte suja, ilegítima, por ser obra de
escandaloso superfaturamento, que é forma grosseira e atrevida de desviar
recursos dos cofres públicos.
É verdade que tudo seria legal se o dinheiro tivesse
como origem algo igualmente regular, mas não é novidade para ninguém que as
doações de empreiteiras, com raríssima exceção, são fruto de contratos com
valores acima dos parâmetros de normalidade, a exemplo, em especial, dos
financiamentos de dinheiro originários dos contratos da Petrobras, que
abasteceram, de forma generosa e abundante, cofres de partidos do então governo
e do atual, além de outros, conforme mostram os resultados das investigações da
Operação Lava-Jato.
Urge que as autoridades da República se
conscientizem sobre a imperiosa necessidade de contribuir para a moralização do
país, tendo a dignidade de assumir seus atos de homens públicos, mesmo que eles
não estivessem revestidos da legalidade, porque as falcatruas estão sendo
reveladas por meio das investigações da Operação Lava-Jato e a verdade é
substancialmente benéfica aos planos de moralização e de credibilidade do país,
que precisa urgentemente ser reconstruído com base nos princípios da dignidade,
honestidade, legalidade, probidade, entre outros que são indispensáveis à
retomada do desenvolvimento socioeconômico. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 22 de dezembro de 2016
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