sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Contra o sonho de liberdade

O anúncio da morte do principal ditador de Cuba foi absorvido com cautela pela população da ilha, ante à proibição de se expressar livremente, a exemplo de um comentário feito por um cubano, que disse que o país estaria melhor ou mais livre sem ele, mas o fez, na multidão, em voz baixa, com medo de que fosse ouvido.
Em que pese a enorme repercussão da morte do ditador cubano, o povo da ilha ficou dividido entre as pessoas que, nos bastidores, acham que houve perda de grande líder e herói nacional e os opositores ao regime castrista, que disseram nutrir uma nesga de esperança do amanhecer de novo horizonte para os cubanos.
À vista dos comentários poucos e tímidos da população cubana, percebe-se o quanto é difícil alguém expressar o real sentimento sobre o desaparecimento de alguém tão desprezível para o país e a humanidade, que passa para a história como sendo verdadeiro herói para alguns, mesmo tendo sido um dos mais autênticos ditadores mais impiedosos do mundo, que foi venerado por seus maus-tratos aos seus opositores, a exemplo da aplicação das piores penalidades, desde a pena de morte, a prisão perpetua e o exílio, entre outros castigos cruéis e desumanos.
É lamentável que um povo não tenha o direito de se manifestar livremente para dizer a verdade sobre o que sente acerca de alguém que foi capaz de destruir uma nação, por meio da implantação do desgraçado regime comunista, que tem como princípio a absoluta dominação pelo Estado de tudo e de todos, ficando a sociedade totalmente alienada à truculência do terrível sistema ideológico que proíbe o usufruto da individualidade, por que retirada qualquer possibilidade da realização do sonho de liberdade e do direito aos princípios humano e democrático, o que vale dizer que as pessoas são submetidas permanentemente à truculência da ditadura, com a repressão viva e pulsante em todos os cantos da nação.
No caso específico de Cuba, o atraso e o subdesenvolvimento são mais do que notórios, por evidenciarem que o país e seu povo ainda estão nos idos do meado do século passado, à vista da precariedade de tudo, em completo afastamento às fantásticas e revolucionárias evoluções científica e tecnológica, que permitiram que as nações civilizadas estejam em nível de modernidade e de desenvolvimento, onde as pessoas vivem em pleno conforto, não dependendo das desumanas cadernetas distribuídas à população para o fim de controlar o indigna distribuição de alimentos e gêneros básicos.
Há nisso clara demonstração do extremo atraso que se processa em uma nação que tem como princípio a injustificável adoração a uma pessoa que foi capaz de conduzir esse povo à miserabilidade e à pobreza mental, ao atraso e ao sofrimento, evidenciando o completo desrespeito aos consagrados direitos humanos.
O ditador sanguinário que se foi há pouco tempo deveria ter a dignidade de levar com ele esse desgraçado, infame e trágico regime comunista, que é responsável pela miséria, pelo sofrimento e pela destruição de uma nação e de seu povo, mas o paradoxo da vida ainda mostra que, ao invés de pagar pelos maus-tratos, pela catástrofe e por tudo de ruim, ele ainda é homenageado como se tivesse sido verdadeiro herói nacional, o que demonstra que a humanidade precisa evoluir muito para entender os acontecimentos como eles verdadeiramente são e não permitir que as avaliações sejam feitas em total prejuízo ao aprimoramento da humanidade.
Há de se reconhecer, à luz da verdade, que o ex-ditador não pode ser considerado grande líder para o seu povo, porque ele não quis evitar as atrocidades e animalescas privações submetidas à população, que as aceitou diante da impotência, mas a história tem obrigação de reconhecê-lo como um tirano da pior espécie e jamais como um herói, porque esse título de homem extraordinário não condiz com o sanguinário e monstruoso tirano, que não se arrependeu de seus atos cruéis, impiedosos e desumanos.
Normalmente, um herói é aquele que tem capacidade para contribuir com algo que se traduz em benefício da humanidade, conquanto o legado do ex-ditador cubano é pródigo em maus-tratos, truculência e destruição da consciência do povo de seu país, que vive em pleno estado vegetativo e de irracionalidade, por ter aceitado passivamente a tirania imposta pelo ex-líder, que precisava pagar em vida por seus monstruosos crimes contra a humanidade. Acorda, Brasil! 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 30 de dezembro de 2016

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