domingo, 18 de dezembro de 2016

Busca obsessiva ou...?

A assessoria do ex-presidente da República petista criticou os procuradores integrantes da força-tarefa da Operação Lava-Jato, em razão da apresentação de mais denúncia contra o político, ao considerar a acusação como “uma nova história na sua busca obsessiva de tentar retratar o ex-presidente como responsável pelos desvios na Petrobras”.
O Ministério Público Federal formulou denúncia à Justiça contra o petista, tendo por base a prática de crimes de corrupção e lavagem de dinheiro em esquema referente à compra do terreno para o Instituto Lula, no bairro do Ipiranga, em São Paulo, e à cobertura de um prédio em São Bernardo do Campo, na Região Metropolitana do Estado.
Em nota, a assessoria do ex-presidente disse que, “Após um apartamento que nunca foi de Lula no Guarujá, entra a acusação de um apartamento que também não é de Lula, pelo qual sua família paga aluguel pelo uso, e um terreno que não é, nem nunca foi, do Instituto Lula, onde, aliás, o atual proprietário hoje constrói uma revendedora de automóveis”.
A assessoria do petista entende que a denúncia em tela tem caráter persecutório e aduz que “Os procuradores da Lava Jato não se conformam com o fato de Lula ter sido presidente da República. Para a Lava Jato, esse é o crime de Lula: ter sido presidente duas vezes. Temem que, em 2018, Lula reincida nessa ousadia.”.
Os assessores do ex-presidente ironizaram a entrevista coletiva dada em setembro por um procurador, que teria utilizado arquivo em formato PowerPoint para enumerar as acusações contra o político, quando afirmaram: “A denúncia repete maluquices da coletiva do PowerPoint: atropela a competência do Supremo Tribunal Federal e da Procuradoria-Geral da República ao fazer conclusões precipitadas sobre inquérito inconcluso na PGR; quer reescrever a história do país para dizer que todos os males seriam culpa de Lula; tenta atribuir responsabilidade penal objetiva, coisa completamente fora do Código Penal Brasileiro; contradiz depoimento como testemunhas (com a obrigação de dizer a verdade) de delatores ouvidos pela própria Lava Jato, como Paulo Roberto da Costa, Nestor Cerveró e Pedro Barusco, que disseram em depoimentos ao juiz Sérgio Moro jamais terem tratado ou tido conhecimento de qualquer irregularidade ou desvio envolvendo o ex-presidente Lula.”.
A assessoria jurídica do ex-presidente classifica a denúncia em referência como “vingança” em relação à atuação dos advogados do petista, que, em diversas oportunidades, fizeram críticas ao Judiciário e ao Ministério Público, notadamente as que afirmaram que o magistrado teria cometido abuso de autoridade e, por isso, eles pediram a prisão dele.
Os assessores do político afirmam que “Os procuradores da República revelam que são contra a punição do abuso de autoridade e até mesmo do exercício do direito de defesa. Usam de suas atribuições legais como forma de vingança contra aqueles que se insurgem contra ilegalidades praticadas na Operação Lava Jato”.
À toda evidência, a denúncia em causa está respaldada, como não poderia ser diferente, em levantamentos investigativos, reforçados por documentos e provas constantes dos autos, que exigem que a defesa do ex-presidente se debruce sobre eles e produzam as contraprovas, capazes de infirmá-las, de modo a afastar a autoria da culpa pelos crimes já imputados a ele, que se mostram da maior gravidade, não sendo plausível que os advogados fiquem alimentando argumentos totalmente fora de foco com relação aos fatos denunciados.
Não obstante, os advogados do petista divagam sobre possíveis vingança, perseguição, vitimização e tantas invencionices absolutamente alheias aos fatos objeto da denúncia, consistentes no desvio da conduta moral que exigem os devidos esclarecimentos sobre eles, conquanto as alegações produzidas pela defesa do político não passam de baboseiras infrutíferas, sem a menor validade jurídica.  
Na verdade, o crime do petista, evidentemente, não foi o de ter sido presidente do país, conforme sugere seus advogados, possivelmente à falta de argumento, mas sim - além daqueles elencados pela força-tarefa da Lava-Jato - o de tentar passar uma imagem para a sociedade que não combina exatamente com a realidade dos fatos, porque ele está sendo acusado da prática de vários crimes contra a dignidade de poderoso homem público, mas se comporta com absoluta prepotência e onipotência, como se nada se relacionasse com ele, por se achar simplesmente acima de tudo e de todos.
Seria mais razoável que o ex-presidente tivesse o mínimo de humildade para se defender com a dignidade da sua liderança de homem mais importante da sua época política, cabendo naturalmente a ele mostrar a sua inculpabilidade, por meio de provas e elementos juridicamente válidos, de modo a esclarecer, de forma cabal, que os fatos denunciados pelo Ministério Público não têm o menor cabimento, em que pese o fato de os procuradores, que não são ingênuos, incompetentes e irresponsáveis, terem coligidos provas materiais e substanciais, que dão respaldo às suas acusações e certamente não seriam feitas aleatoriamente e sem fundamento, sob pena de incorrerem em crime próprio de servidor público, quando fazem acusação sem base legal.
O ex-presidente precisa correr contra o tempo e deixar de fazer acusações e ilações alheias aos graves fatos cuja autoria é atribuída a ele, de modo que as denúncias da prática de irregularidades mereçam o devido respeito quanto à necessidade de ser contestadas com as antíteses apropriadas aos casos levantados pelo força-tarefa da Lava-Jato, com embargo das ironias e tentativas de destruir as denúncias simplesmente no grito, com base no poder da influência, que somente funciona nas republiquetas, onde a mentalidade política ainda se encontra na era paleolítica. Acorda, Brasil!      
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 18 de dezembro de 2016

Nenhum comentário:

Postar um comentário