terça-feira, 20 de dezembro de 2016

O sentido da solidaridade

Um companheiro meu de bancos escolares na Escola de Especialistas da Aeronáutica foi acometido, há algum tempo, de doença degenerativa, e vinha sendo tratado com todos os recursos exigidos para o caso pelo Fundo de Saúde da Aeronáutica.
A doença dele exige cuidados e equipamentos especiais, como, entre outros, “Home Care”, cilindro de oxigênio, medicamentos especiais e de alto custo e de uso permanente, serviços de enfermagem, ambulância e outros cuidados de custo bastante elevado.
Até o momento, o referido fundo vinha bancando todas as despesas inerentes aos cuidados médico-hospitalares e garantindo o necessário conforto para mantê-lo em condições ideais de tratamento indicado para a sua doença.
Ocorre que, a partir de agora, esse tratamento especial vai deixar de ser garantido pelo citado fundo, diante da constatação de que somente oficial se enquadra no plano pertinente aos cuidados que vinham sendo dispensados ao velho guerreiro, que foi para a reserva na graduação inferior a de oficial, deixando claro, infelizmente, que a vida humana, nesse caso, é avaliada segundo o grau hierárquico da caserna e não pelo seu verdadeiro valor de ser humano, evidentemente sob a interpretação da letra fria da norma jurídica, que tem poder de discriminar e punir, mesmo que, no caso do bravo infante, o seu único crime tenha sido o de servir o Brasil com os maiores esforço, amor e dedicação, enquanto havia nele saúde e higidez física.
À toda evidência, a providência adotada pelo setor da Aeronáutica, incumbido de prover assistência médico-hospitalar ao ser humano tem o veemente repúdio dos amigos e familiares do querido irmão Mello, que até o momento vem sendo tratado e atendido com a dignidade que toda pessoa merece, quanto mais nas circunstâncias e nas precariedades do estado de degeneração imposta pela grave doença que o acometeu.
Nas circunstâncias, como ele já vinha sendo assistido normalmente pelo aludido fundo, é inacreditável que o homem seja avaliado, nesse caso específico, tão somente pelo grau de hierarquia, pela graduação, ao estabelecer tratamento médico-hospitalar diferenciado entre oficial e graduado, quando o normal e o bom senso exigem que a avaliação e a valorização do tratamento precisam ser feitas pelo que a pessoa representa como ser humano, como cidadão brasileiro que, segundo os termos da Carta Magna, tem direitos e obrigações em condições de igualdade, não podendo haver discriminação de forma alguma por parte do Estado, muito menos no que diz respeito ao direito à saúde e à vida, que é universalmente assegurado, principalmente nos países sérios e evoluídos.
Essa cristalina injustiça cometida contra um cidadão que dedicou sua vida, quando tinha plena saúde, à Força Aérea Brasileira e ao Brasil, não encontra explicação plausível, porque, à toda evidência, isso constitui enormes incompreensão e irracionalidade de extrema animalidade, totalmente inadmissíveis em nação séria e cônscia da sua responsabilidade cívica, que tem como princípio garantir a vida, custe o que custar, porque os recursos envolvidos não pagam o preço de uma vida humana.
Particularmente, deixo o meu veemente protesto, pela constatação de ato absolutamente injustificável e irracional, que jamais se imaginaria que tal brutalidade ainda pudesse acontecer em pleno século XXI, em que a evolução da humanidade, permitindo que Homo sapiens se conscientize sobre o verdadeiro valor da vida, abomina atitude como essa de absoluta desumanidade.
Diante do espírito de solidariedade em prol da causa do amigo acometido, por parte da irmandade originada na Universidade Federal de Pedregulho, que abraçou a causa inerente à ajuda ao tratamento dele, que não pode parar, sua esposa se manifestou em agradecimento, dizendo, entre tantas palavras de carinho, que “... Não tenho palavras para expressar minha eterna gratidão a todos, por tanto carinho, bondade, amizade, que me deixaram deveras emocionada, por encontrar amigos como vocês, um tesouro celeste ante as preocupações e a dor. O que posso dizer mais? A única coisa que sei é que meu marido é muito abençoado em ter amigos assim: justos, leais, solidários, companheiros... Alguns, eu conheço e gosto muito deles. Outros, só por fotos e pelas histórias contadas, mas trago no peito o carinho ofertado por cada um. A luta é grande, mas o amor supera qualquer obstáculo! Que Deus abençoe cada um de vocês e saibam que têm em mim uma amiga! Em nome do meu amado marido, eu digo: OBRIGADO!”.
Em seguida às essas belas palavras, eu postei o seguinte texto: “Parabenizo a Srª Andréa Mello, por suas comoventes palavras, que parecem que saíram mesmo do fundo do coração, para agradecer o carinho e o apoio dessa rapaziada que realmente carrega no peito um coração cheio de amor ao próximo. Claro que o momento se tornou ainda mais belo com a adesão bem maciça dos companheiros, que compreenderam prontamente os verdadeiros sentimentos de amizade e solidariedade, com a sua presença espontânea e bondosa, com o apoio espiritual e financeiro, em benefício do irmão de sempre. Pedimos a Deus que esse espírito de solidariedade e de amor se fortaleça cada vez mais e que a união de todos possa contribuir, pelo menos, para minorar o sofrimento do nosso querido irmão Mello.”.
Não há a menor dúvida de que o momento é de muita reflexão para todos nós da amada Turma 162, no sentido de se verificar que cada dia estamos mais abertos à conscientização sobre a importância do aprimoramento do sentimento de solidariedade e amor ao próximo, como bem muito significativo na nossa trajetória de vida.
Com certeza, a nossa turma deixa muito claro o sentimento irmanado de que o irmão Mello tenha os melhores confortos e possa sentir que nós demonstramos alívio e despreocupação em saber que ele vem merecendo cuidados capazes de atender às suas ansiedades de tratamento.  
Na verdade, ao ser abraçada a causa de um irmão de lutas e de guerras da vida, é como se afagar o nosso coração, que se reveste espontaneamente do pensamento que nos envolve às coisas dos céus e o sentimento se mistura com a vontade sublime de Jesus Cristo, que foi pródigo em harmonizar os saudáveis princípios da esperança e do amor entre os semelhantes, em harmonia com o majestoso espírito natalino, bastante disseminado no momento e que é festejado com muita alegria no próximo dia 25.
Feliz Natal para todos, com as graças divinas!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 20 de dezembro de 2016

2 comentários:

  1. Meu Querido Adalmir, estou sem palavras. Meus parabéns.

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  2. Belo texto, grata pelo reconhecimento e apoio de todos vocês. Uma parte da lhta foi ganha na justiça, falta mais uma etapa. Aue Jesus abençoe a turma 162 por atitudes tão majestosas ante os infortúnios alheios. Grande abraço repleto de gratidão.

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