domingo, 25 de dezembro de 2016

À espera de mudanças na política

O ex-presidente da República petista, em entrevista a uma televisão turca, voltou a atacar os procuradores que o denunciaram por envolvimento em esquemas de corrupção no Brasil.
Em resposta à pergunta sobre como reage às acusações objeto das investigações contra ele, o petista disse que as recebeu com “muita tranquilidade” e que a intenção delas, na verdade, era “criminalizar o seu governo, e tudo o que ele fez nele”.
Ele afirmou que “Fico indignado como ser humano, tranquilo como político, sabedor das coisas que fiz. E eles têm que saber que, se eu voltar, vou fazer o mesmo. Vou fazer mais e melhor. Na conversa, o político também defendeu que o Brasil realizasse novas eleições diretas para a Presidência.
O ex-presidente disparou duros ataques contra os procuradores do Distrito Federal que o denunciaram por tráfico de influência, lavagem de dinheiro e organização criminosa na compra dos 36 caças suecos, de que trata a Operação Zelotes, à vista da denúncia aceita pela Justiça do DF. Ele disse que “Ou ele (o procurador) é analfabeto ou ele tem má fé ou é mau caráter. Ele não pode ser um cidadão normal. Porque ele sabe que a presidente era a Dilma. Para dizer uma sandice dessa, ele tem que dizer que eu corrompi a Aeronáutica, que eu corrompi o governo da Dilma, que eu corrompi o Congresso ou que eu corrompi o governo sueco”.
Em menor veemência, o ex-presidente também criticou o juiz da Lava-Jato, que já instaurou duas ações contra ele, ao afirmar que “Eu não quero atrapalhar o juiz Moro de fazer o trabalho dele. Agora o que ele não pode é se comportar como um ungido para resolver o problema da humanidade desrespeitando critérios jurídicos, democráticos e de direitos humanos. Quero que ele faça as coisas dentro da lei e não se determine rei dos reis”.
O que mais impressiona de tudo que vem o ex-presidente é ele sempre se achar acima de qualquer suspeita, não entendendo que as ações somente chegaram aos patamares onde estão graças aos achados das investigações e que é comum, na Justiça, que os réus se disponham a provar a sua inculpabilidade, por meio de provas juridicamente válidas e não sob ácidas críticas por meio de acusações verbais aos resultados das investigações.
De antemão, torna-se impossível se acreditar que o juiz experiente como o responsável pela operação mais famosa da Justiça tenha tamanha incompetência de aceitar denúncia contra alguém da importância do maior político brasileiro se não estivessem presentes nos autos os elementos fundamentais exigidos para a espécie, conquanto o mínimo de deslize por parte dele implica punições exemplares que não justificariam o menor risco de acusá-lo sem base e sem fundamento.  
Com certeza o juiz de Curitiba realmente não deva “se comportar como um ungido para resolver o problema da humanidade desrespeitando critérios jurídicos”, mas ele tem a nobre e impoluta missão de conduzir as monumentosas investigações jamais vistas na história republicana, na busca da verdade sobre a maior roubalheira que se tem conhecimento no país, com vistas a separar o joio do trigo e isso somente é possível por meio das ações que estão em andamento.

          É muito difícil para o brasileiro fazer juízo de valor sobre o que realmente existe contra o ex-presidente, principalmente porque a maior dificuldade é em quem acreditar que está com a razão, se os procuradores do Ministério Público, que tiveram acesso aos meandros e mínimos detalhes dos fatos investigados, onde eles realmente  aconteceram, e não tiveram dúvidas em concluir pela imputação de responsabilidade ao ex-presidente, que, por sua vez, ainda não apresentou nada em contestação aos fatos levantados pela Operação Lava-Jato, insistindo apenas na verborragia de que os procuradores estão errados, por acusarem pessoa errada.
Ora, como acusar pessoa errada se a denúncia tem por base levantamentos colhidos em relação a fatos suspeitos de irregularidades, exatamente envolvendo a pessoa do ex-presidente, que precisa urgentemente cair no real e procurar se defender com provas capazes de mostrar a sua inculpabilidade, sem essa de ficar acusando os investigadores e o juiz federal, porque isso não tem validade jurídica.
Os brasileiros esperam que o petista deixe essa retórica de se lamentar que é vítima e perseguido, somente porque pretende ser novamente presidente do país, porque isso é absolutamente inconsistente em relação à gravidade dos fatos cuja autoria lhe é atribuída.
O ex-presidente também demonstra total dissonância com a realidade, ao afirmar que voltará a fazer o mesmo que foi realizado, quando a atual mentalidade do brasileiro é muito clara, ao pretender que as velhas e retrógradas políticas sejam definitivamente sepultados e que, em consonância com a evolução da humanidade, haja completa renovação dos métodos que massacraram o país e o levaram para a pior ruína, à vista da recessão econômica e do alarmante desemprego, cujas precariedades certamente não serão solucionadas com as mesmas políticas obsoletas e ultrapassadas do passado.
Com certeza, o Brasil exige a completa renovação da classe política desgastada, de modo que tenha condições de apresentar planos de governo capazes de contribuir para a retomada do desenvolvimento socioeconômico e suplantar legado que não poderia ter sido pior, principalmente levando-se em conta arraigadas ideologias que disseminaram gigantescos escândalos de corrupção, a exemplo do mensalão e do petrolão, sendo que este conseguiu arrasar o Brasil, tendo destruído a Petrobras e jogado seu patrimônio na lama, em proveito de políticos inescrupulosos, por meio do aparelhamento da estatal para o fortalecimento de espúrias alianças políticas, com vistas à manutenção de projeto político de absoluta dominação das classes política e social e de perenidade no poder. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 25 de dezembro de 2016

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