sábado, 17 de dezembro de 2016

À busca de políticas qualificadas

Uma das principais formas de aperfeiçoamento da democracia é a alternância de poder, que permite, em princípio, a adoção de planos de governo que melhor se adequem ao interesse da sociedade pluralista.
Não se pode acreditar que, numa verdadeira democracia, seja possível, mesmo em situação de desespero, que parece se caracterizar o quadro político atual, colocar cadafalso sobre o futuro da nação, como maneira de se imaginar que pode acontecer o pior, sob a concepção que tal perspectiva vai acontecer tal como projetado.
Não há dúvida de que, quando o governo perde o bem precioso da confiança do povo, é natural que haja desespero capaz de suscitar absurdas ideias insustentáveis e injustificáveis, que jamais deveriam subsistir em projetos com legitimidade política, salvo quando realmente não haja alternativa, como parece ser o caso do governo, que elegeu a realização de ajustes exclusivamente nas contas públicas e na previdência social, como se essa estratégia resolvesse por si só as demais mazelas encravadas no restante das estruturas do Estado, que é responsável pela pior prestação de serviços públicos, embora a carga tributária seja uma das mais pesadas do mundo.
          É evidente que o governo apenas enxerga o lado que fortalece o caixa do Tesouro, na tentativa de equilibrar as contas públicas, enquanto as demais políticas públicas permanecem estagnadas e em funcionamento obsoleto, dando a entender que o povo é destituído das mínimas sabedoria e inteligência para não perceber que a estratégia do governo não passa de completa falta de competência administrativa, principalmente porque se trata de ajustes que vão exigir mais sacrifício do povo.
A estratégia imaginada para ajustes em áreas específicas têm nítida conotação de desprovida competência para a execução de programa de governo com a devida abrangência, com o intuito de reformulação ampla e geral nos sistemas conjuntural e estrutural do Estado, de modo que todas políticas públicas passem por aperfeiçoamento e modernização, com vistas à sua adequação à realidade da evolução da humanidade, que certamente o país se encontra bastante distanciada dela, a exemplo do arcaísmo da prestação dos serviços públicos de sua incumbência.
Não se concebe mais que, em pleno século XXI, o país se conforme com a continuidade do  retrocesso e da imperfeição que têm sido a marca da gestão pública, onde os serviços públicos são horrorosos, a exemplo da precariedade dos serviços médico-hospitalares, da péssima qualidade do ensino público, da deficiência da segurança pública, e, enfim, das mazelas que o atual governo, ainda de mudanças, conseguiu simplesmente aperfeiçoar e multiplicar tais precariedades, acrescentando alguns ingredientes que existiam não com a extensão descontrolada como agora, em que a sociedade praticamente está nas trevas, em completa desilusão quanto ao destino do país, ante a demonstração de desgoverno, que tenta mudar alguma coisa, mas continua patinando na falta de perspectivas, apenas esperando o tempo passar, para ver o que pode acontecer.
Quando o governo somente tem capacidade para repetir as políticas públicas do passado, sem se preocupar com a avaliação quanto aos seus resultados, demonstra absoluta incompetência administrativa para projetar metas inovadoras para o presente e principalmente para o futuro.
À toda evidência, os acontecimentos do passado não contribuem absolutamente em nada para beneficiar o país e muito menos os brasileiros, mas servem para mostrar a necessidade da urgente mudança das ações ineficientes e contrárias ao desenvolvimento, conforme indicam os resultados dos respectivos indicadores.
Ao serem utilizadas as políticas contraproducentes do passado, como forma institucional de governo, há acentuada característica de apego à mentalidade retrógrada, de completa falta de criatividade e de capacidade para as necessárias mudanças e de modernização do Estado, que não pode continuar cercado de mazelas, porque isso é próprio da desqualificação e da falta de inteligência administrativa.
Urge que os governantes se conscientizem sobre a necessidade da implantação de políticas públicas qualificadas, eficientes e consentâneas com o momento atual, em aproveitamento da evolução da humanidade, observados os princípios da racionalidade e da civilidade, como fazem naturalmente os países sérios, responsáveis e evoluídos social, político, econômico e democraticamente, com vistas exclusivamente à realização do bem comum. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 17 de dezembro de 2016

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