Uma das principais formas de aperfeiçoamento da
democracia é a alternância de poder, que permite, em princípio, a adoção de
planos de governo que melhor se adequem ao interesse da sociedade pluralista.
Não se pode acreditar que, numa verdadeira
democracia, seja possível, mesmo em situação de desespero, que parece se
caracterizar o quadro político atual, colocar cadafalso sobre o futuro da
nação, como maneira de se imaginar que pode acontecer o pior, sob a concepção
que tal perspectiva vai acontecer tal como projetado.
Não há dúvida de que, quando o governo perde o bem
precioso da confiança do povo, é natural que haja desespero capaz de suscitar
absurdas ideias insustentáveis e injustificáveis, que jamais deveriam subsistir
em projetos com legitimidade política, salvo quando realmente não haja
alternativa, como parece ser o caso do governo, que elegeu a realização de
ajustes exclusivamente nas contas públicas e na previdência social, como se
essa estratégia resolvesse por si só as demais mazelas encravadas no restante
das estruturas do Estado, que é responsável pela pior prestação de serviços
públicos, embora a carga tributária seja uma das mais pesadas do mundo.
É
evidente que o governo apenas enxerga o lado que fortalece o caixa do Tesouro, na
tentativa de equilibrar as contas públicas, enquanto as demais políticas
públicas permanecem estagnadas e em funcionamento obsoleto, dando a entender que
o povo é destituído das mínimas sabedoria e inteligência para não perceber que
a estratégia do governo não passa de completa falta de competência
administrativa, principalmente porque se trata de ajustes que vão exigir mais
sacrifício do povo.
A estratégia imaginada para ajustes em áreas específicas
têm nítida conotação de desprovida competência para a execução de programa de
governo com a devida abrangência, com o intuito de reformulação ampla e geral
nos sistemas conjuntural e estrutural do Estado, de modo que todas políticas
públicas passem por aperfeiçoamento e modernização, com vistas à sua adequação
à realidade da evolução da humanidade, que certamente o país se encontra bastante
distanciada dela, a exemplo do arcaísmo da prestação dos serviços públicos de sua
incumbência.
Não se concebe mais que, em pleno século XXI, o
país se conforme com a continuidade do retrocesso e da imperfeição que têm sido a
marca da gestão pública, onde os serviços públicos são horrorosos, a exemplo da
precariedade dos serviços médico-hospitalares, da péssima qualidade do ensino
público, da deficiência da segurança pública, e, enfim, das mazelas que o atual
governo, ainda de mudanças, conseguiu simplesmente aperfeiçoar e multiplicar tais
precariedades, acrescentando alguns ingredientes que existiam não com a
extensão descontrolada como agora, em que a sociedade praticamente está nas
trevas, em completa desilusão quanto ao destino do país, ante a demonstração de
desgoverno, que tenta mudar alguma coisa, mas continua patinando na falta de
perspectivas, apenas esperando o tempo passar, para ver o que pode acontecer.
Quando o governo somente tem capacidade para repetir
as políticas públicas do passado, sem se preocupar com a avaliação quanto aos
seus resultados, demonstra absoluta incompetência administrativa para projetar
metas inovadoras para o presente e principalmente para o futuro.
À toda evidência, os acontecimentos do passado não
contribuem absolutamente em nada para beneficiar o país e muito menos os
brasileiros, mas servem para mostrar a necessidade da urgente mudança das ações
ineficientes e contrárias ao desenvolvimento, conforme indicam os resultados
dos respectivos indicadores.
Ao serem utilizadas as políticas contraproducentes do
passado, como forma institucional de governo, há acentuada característica de
apego à mentalidade retrógrada, de completa falta de criatividade e de
capacidade para as necessárias mudanças e de modernização do Estado, que não
pode continuar cercado de mazelas, porque isso é próprio da desqualificação e da
falta de inteligência administrativa.
Urge que os governantes se conscientizem sobre a
necessidade da implantação de políticas públicas qualificadas, eficientes e
consentâneas com o momento atual, em aproveitamento da evolução da humanidade,
observados os princípios da racionalidade e da civilidade, como fazem naturalmente
os países sérios, responsáveis e evoluídos social, político, econômico e
democraticamente, com vistas exclusivamente à realização do bem comum. Acorda,
Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 17 de dezembro de 2016
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