Foi
preciso gigantesca varredura no programa Bolsa Família, realizada pelo
Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, para a constatação do que todo
mundo já sabia, ou seja, a existência de irregularidades em 1,1 milhão de
benefícios, o equivalente a aproximadamente 8% dos 13,9 milhões do cadastramento,
com destaque para casos de renda de famílias superior à exigida para a
participação no programa.
Diante
disso, houve o cancelamento do pagamento de 469 mil benefícios e a suspensão dos
outros 654 mil casos onde foram encontradas irregularidades, até que sejam
esclarecidos os motivos dos erros no cadastramento.
Como
se sabe, o Bolsa Família tem por finalidade beneficiar famílias em extrema
pobreza, com renda per capita mensal de até R$ 85,00, e para famílias pobres,
com renda per capita mensal entre R$ 85,01 e R$ 170,00.
O
referido cancelamento atingiu famílias que, segundo o pente-fino, têm renda per
capta acima de R$ 440,00, enquanto o bloqueio foi aplicado nos casos em que houve
a verificação de renda familiar per capita entre R$ 170,00 e R$ 440,00.
Segundo
o Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, serão realizadas verificações
mensais para identificar eventuais fraudes no cadastro do Bolsa Família, à
vista da possível existência de fraudes que permitem o pagamento de benefícios
em contrariedade às finalidades originárias do programa, de modo que sejam
evitados abusos como aqueles indicados acima.
O
titular da pasta disse que “Nós vamos,
todo mês, passar um pente-fino. Vai ser uma ação regular. O objetivo é separar
o joio do trigo. Quem precisa, terá acesso ao programa”.
Além
dos beneficiários que tiveram o pagamento suspenso ou cancelado, outras 1,4
milhão de pessoas foram convocadas para fazer atualização cadastral, de modo a
se confirmar que as famílias não têm renda ou a têm em valor per capita menor que
R$ 170,00, as quais continuarão a ser atendidas normalmente.
O
cancelamento e a suspensão do pagamento dos benefícios em tela propiciaram
economia estimada em torno de R$ 2,4 bilhões anuais, a depender do resultado
das avaliações sobre os casos suspeitos, onde os bloqueios podem ser
revertidos, conforme possíveis comprovações de regularidade do benefício.
O
ministro ponderou que esse valor poderá mudar, à medida em que esclarecimentos
sejam prestados pelos beneficiários e bloqueios possam contribuir para a reversão
das situações levantadas.
Segundo
o órgão responsável pelo programa em apreço, os valores economizados serão
revertidos para programas sociais ou para novos benefícios do Bolsa Família,
com possibilidade ainda de reversão dos valores para reajuste do benefício, no
próximo ano.
Segundo
o MDSA, o programa tem, na atualidade, cerca de 13,9 milhões de beneficiários,
sem nenhuma contrapartida senão a obrigatoriedade do cumprimento da manutenção
da frequência escolar das crianças e do cartão de vacinação em dia.
As
referidas falhas constituem cristalina evidência de erros crassos e
imperdoáveis, a demonstrar pela gritante falta de controle do cadastramento,
por permitir que milhar de pessoas consiga fraudá-lo basicamente pelo mesmo
rudimentar procedimento consistente em não se observar o limite de renda
auferida por família.
À
toda evidência, o governo fraqueja, de forma estrondosa, quanto à necessidade
de transformar o Bolsa Família em programa eficiente e de efetividade de seus
resultados, mediante a exigência, como regra obrigatória, da especialização dos
titulares dos benefícios, de modo que eles possam ser treinados e preparados
para o desempenho de profissão regular, como forma de posterior habilitação ao
emprego, bem assim de deixar de receber essa migalha dos cofres públicos.
Não
há a menor dúvida de que, na atualidade, o Bolsa Família apenas alimenta uma
família em condições precárias e ainda tem o condão de deixar de propiciar
dignidade ao ser humano, que, na maioria dos casos, tem capacidade para
trabalhar e sustentar sua família com o próprio labor, em condições de
igualdade com os demais brasileiros, que estão batalhando no dia a dia,
produzindo para o país, pagando impostos, contribuindo para a previdência e
garantindo a sua aposentadoria, no futuro.
Ao
contrário disso, o futuro do beneficiário do Bolsa Família será completamente
desperdiçado a continuar vinculado a esse programa do governo, absolutamente
inútil, em termos de valorização do ser humano, que precisa ser tocado nas suas
sensibilidade e dignidade inerentes à responsabilidade sobre a formação e a
construção de família alicerçada no seu esforço e na sua dedicação, sem
precisar dos benefícios oficiais, que não passam de ridículos paliativos.
Na
verdade, o Bolsa Família não passa de verdadeiro contributo à evidenciação da
gritante e monstruosa incapacidade gerencial e administrativa do governo de reafirmar
que não tem condições de oferecer alternativa capaz de usar o Bolsa Família tão
somente como trampolim para a valorização e dignificação do ser humano.
Na
realidade, o programa Bolsa Família já se exauriu há bastante tempo e o seu
modelo precisa ser reformulado, com o máximo de urgência, tendo por base sistema
mais condizente com a realidade e a modernidade, de modo que possa ser evitada
a pecha de viés eleitoreiro que realmente isso já foi mais que comprovado,
conforme o resultado da última eleição presidencial, onde os estados com
maiores beneficiários votaram pesada e maciçamente na candidata governista e
isso é indecência que precisa acabar, com a máxima urgência.
Convém,
como belíssima ideia, que o programa Bolsa Família tenha prazo curtíssimo, limitado
no máximo a três anos, para que o titular do benefício possa ser qualificado
com a profissão do seu interesse e da sua vocação e o governo assegurar emprego
para ele, de imediato ao seu desligamento do benefício, tudo isso tendo por
base programa oficial financiado com essa finalidade, que poderia até mesmo haver
o aproveitamento dos bilhões de reais que estão sendo despendidos de forma
precária e ineficiente, como os desvios de recursos para pagamento de
benefícios indevidos, conforme acima noticiado. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 21 de dezembro de 2016
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