segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

A verdadeira realidade da situação

Segundo a revista VEJA, a vaquinha virtual criada para arrecadar dinheiro objetivando custear a defesa do principal líder político do país foi encerrada com saldo bem abaixo da meta planejada, uma vez que a poderosa campanha realizada pela internet conseguiu arrecadar apenas R$ 270.051,00, pouco mais do que a metade do objetivo inicial, que tinha como previsão o valor de, pelo menos, R$ 500 mil, embora esperava-se que houvesse a superação dessa quantia.
Em razão da tremenda falta de entusiasmo dos militantes para cooperar com o maior político brasileiro, o blog Radar On-Line, de VEJA, teria adiantado que, bem próximo do fim da campanha, o instituto do principal interessado havia convocado os quadros do partido para ajudar na arrecadação, quando as doações ainda estavam abaixo de duzentos mil reais.
A vaquinha esteve operando entre os dias 7 e 24 do corrente mês e ficou hospedada na plataforma de crowdfunding (financiamento coletivo) Catarse. Segundo informações da página, o intuito era patrocinar uma campanha nos meios de comunicação para “romper o cerco jurídico midiático, fortalecendo o papel da blogosfera e de veículos alternativos, acumulando forças para a democratização dos meios de comunicação”, sendo que, ao todo, 2.381 pessoas doaram ao “comitê em defesa da democracia e do Lula”, segundo esclareceu a citada revista.
Ocorre que, ainda segundo a revista em tela, para efeitos de comparação, vaquinha semelhante, feita em prol da ex-presidente petista, conseguiu arrecadar a quantia de R$ 792 mil, ultrapassando 58% a meta inicial, que também era de R$ 500 mil. No caso, a campanha tinha por meta arrecadar fundos para custear viagens da petista, antes da consumação do impeachment, mas não se tem notícia se realmente houve as viagens, conquanto o impeachment este é foto liquidado.
A maior motivação para a convocação e o convencimento da população a doar contou com a divulgação de vídeos, contendo depoimentos de celebridades e políticos, complementados com a página da campanha “Um Brasil justo, pra Todos e pra Lula”, tudo organizado por lideranças de movimentos sociais, sindicatos e outros simpatizantes da causa.
A campanha em questão não passou de tremendo fiasco, tendo em conta que até pouco tempo o político se jactava de ter arrecado bastante dinheiro, em milhões de reais, em nível de superioridade até mesmo de famoso ex-presidente norte-americano, para justificar os absurdos milhões pagos por empreiteiras pelas palestras proferidas pelo político, no exterior.
À toda evidência, essa campanha não deve passar de cortina de fumaça, para tentar enganar, mais uma vez, os ingênuos fanáticos sobre a debilidade financeira do político, quando os milhões de reais provenientes de palestras dariam para custear por longo tempo as dezenas de bons advogados contratados por ele, a peso de ouro, para defendê-lo.
O resultado da campanha mostra que nem mesmo os cegos e fanáticos acreditaram mais nessa fantasiosa história de carência de recursos, diante da minguada participação dos verdadeiros obreiros dos movimentos sociais, dos sindicatos e demais militantes, que não acreditaram em uma história pouco plausível, em relação à falta de dinheiro, tendo por base apenas propaganda, sem as devidas justificativas.
Ao que tudo indica, os militantes estão escaldados com tantas campanhas para a realização de algo que se baseia em ideias movediças de defesa que se alimenta em mera verborragia, sem qualquer apresentação de provas, em contestação contra os fatos levantados pela Operação Lava-Jato, cujos resultados já ensejaram o recebimento de denúncias pela Justiça Federal, que o tornou réu em cinco processos, os quais estão à espera das devidas defesas.
O certo é que o pífio saldo do dinheiro levantado, à luz do planejado, mesmo que fosse para bancar despesas da defesa, não passa de frustração que parece corresponder às expectativas de que o povo, principalmente o fanatizado, está perdendo a fé e a esperança naquele que há até pouco tempo tinha a reputação de verdadeiro deus dos ingênuos, que, diante dos fatos investigados pela Lava-Jato, podem estar se conscientizando sobre a verdadeira realidade da situação.
Não se pode negar que, nos bons tempos das vacas gordas, esse valor mixuruca arrecadado seria doado por apenas um dos magnatas amiguinhos empreiteiros, que faria questão de manter em alta a influência do amigo, conforme declarou nesse sentido de um executivo da Odebrecht.
Hoje, a situação se complica porque os empreiteiros estão quase todos presos ou sob acurada investigação e, o pior, a fonte abundante dos contratos secou por completo, diante da mudança de governo e das investigações que parecem não ter fim e se tiver, um dia, elas dificilmente vão permitir até mesmo em se falar na palavra doação, para qualquer finalidade, diante da catástrofe por elas causadas, ou seja, será o fim do mundo para os envolvidos, embora muitos dos quais continuam negando culpa nos fatos suspeitos de irregularidades, em que pesem as provas em contrário estejam ainda no plano da falácia e do contra-ataque.
Convém que os brasileiros se conscientizem de que até mesmo as campanhas de arrecadação do suado dinheiro precisam ser justificadas, com o acompanhamento dos devidos esclarecimentos sobre a real destinação dos recursos pertinentes, em especial com a obrigatoriedade da transparência sobre o patrimônio do principal beneficiário, mostrando a efetiva necessidade da constituição do fundo, à míngua de outra fonte para tanto, como forma de se evitar que o povo, mesmo o fanatizado, seja mais uma vez objeto de deliberada enganação, por meio da exploração da sua já costumeira ingenuidade. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 26 de dezembro de 2016

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