Em entrevista a jornalistas, o ex-presidente da República
petista se mostrou indignado com a "falta
de provas" que o juiz da Lava-Jato "deixou" de apresentar
para condená-lo a nove anos e seis meses de prisão, pelos crimes de corrupção
passiva e lavagem de dinheiro, no caso do tríplex.
O petista, em tom de desabafo, disse que "Eu peço ao Moro, se estiver me ouvindo, aos
procuradores e à Polícia Federal, que apresentem nem que seja um pedaço de
papel higiênico assinado. O país não comporta viver com a quantidade de mentira
que estão contando".
O ex-presidente disse que "achava" que o
juiz federal de Curitiba fosse recusar a denúncia da força-tarefa da Operação
Lava-Jato contra ele, por entender que "A acusação é tão mentirosa, tão mentirosa, que eu achava que o Moro ia
recusar”.
Ele afirmou que acredita no poder da Justiça e
enxerga a possibilidade de ser inocentado na segunda instância.
O petista aproveitou o ensejo para alfinetar caciques
tucanos, ao ressaltar que "Cada jogo
é um jogo. Vou acreditar na Justiça e em algum lugar serei absolvido. Tenho de
acreditar na Justiça, senão vou sair fazer a revolução. Quantas vezes foram procurar
conta minha lá fora, acharam do Serra, acharam do Aécio, por que não acharam a
minha? Vai levar dez anos, mas eles têm de saber que vou até o fim para provar
minha inocência.".
O
petista precisa entender que a assinatura em papel higiênico é outra coisa bem
diferente de prova jurídica e que é muita ingenuidade para alguém exigir provas
por meio de papel higiênico, que tem definição bastante clara quanto à sua
finalidade.
Ao
que tudo indica, a maior prova constante da sentença do juiz federal diz
respeito à confissão do ex-presidente da OAS, ao ter afirmado que o imóvel em
questão sempre foi do político, a qual foi respaldada pelas substanciosas e
refinadas reformas que não seriam realizadas nele se estivesse destinado à
venda para pessoa comum.
Por
seu turno, o petista precisa saber que especialistas do direito mais elogiaram
do que criticaram a consistência das provas descritas na sentença do juiz da
Lava-Jato, a ponto de entender que a segunda instância terá a avaliação da sua
alçada bastante facilitada diante da forma como os fatos foram destrinchados e
apontados com minúcia e cuidados próprios da competência que repudia mentiras e
prestigia a verdade como instrumento poderoso para condenar criminoso que ainda
acredita em ser absolvido à custa de milagre, porque não consegue produzir o
mínimo de prova em sua defesa.
Os
fatos indicam grande possibilidade de realmente haver materialidade capaz de
respaldá-los, diferentemente do somente alardeado, por falácias, de que há
inocência comprovada nos autos, quando os próprios fatos mostram o contrário, à
luz dos princípios jurídicos, certamente tomados por base pelo juiz da
"República" de Curitiba, que sabe perfeitamente que decisão sem apoio
nos elementos probantes, além de anulável, pode implicar a sua incursão em crime
de prevaricação, que significaria a pena capital para o magistrado.
O político precisa se conscientizar de que os brasileiros anseiam por que a
verdade venha à tona desse mar de lama que é objeto da ocupação força-tarefa da
Operação Lava-Jato, porque realmente é inconcebível que, em pleno século XXI,
ainda haja homens públicos que acreditam muito mais que as suas mentiras devam
prevalecer sobre a verdade dos outros, mesmo que estas tenham respaldo na consistência e na materialidade dos fatos denunciados. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 21 de julho de 2017
Nenhum comentário:
Postar um comentário