Um
senador do PMDB da Paraíba reconhece o nível de insatisfação dos brasileiros
para com o presidente da República, mas compreende que não se pode ´pretender o
afastamento dele por conta da crise política do país.
Como
se sabe, a impopularidade do presidente brasileiro já beira os 69% e apenas 7%
dos entrevistados (em torno de três mil) entendem que o seu governo é ótimo ou
bom, segundo pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha.
O
senador paraibano entende que se trata de decisão pessoal o afastamento do
presidente e que não se pode querer a renúncia de alguém sem julgamento dos
fatos, a princípio, inquinados de irregulares.
Ele
disse que “No primeiro momento, algumas
pessoas estão pedindo a renúncia do presidente, agora, o importante é que essa
questão seja resolvida pelo presidente da República porque a renúncia é uma
questão pessoal. Você não pode pedir a renúncia de um presidente como não pode
pedir a de um governador e de um prefeito porque é uma vontade exclusivamente pessoal.
Não podemos fazer um julgamento prévio sem que haja uma decisão do Supremo
Tribunal Federal”.
O
senador ressaltou que entende o posicionamento da opinião pública, mas o
afastamento do presidente do país não pode ser a preocupação da população,
porque “Nós todos estamos torcendo que
essa situação seja amenizada porque essa crise política está indiscutivelmente
prejudicando a retomada do crescimento econômico e o fato mais importante que
temos hoje no país é essa retomada”.
O
senador disse que seu partido enfrenta os mesmos questionamentos e as mesmas situações
angustiantes dos brasileiros, ao afirmar que “O PMDB está na mesma situação que está a opinião pública brasileira,
sofrendo e estarrecido com toda essa crise política e econômica”.
As
afirmações constantes do parágrafo anterior demonstram plena incoerência do
senador, uma vez que a opinião pública é massacrada pelas graves crises política
e econômica e insistentemente clama em vão por medidas efetivas, no sentido do
seu pronto saneamento, enquanto o PMDB insiste em que prevaleça o status quo, com a permanência do
presidente no cargo, conforme a absurda defesa do parlamentar paraibano, em que
pesem os fatos conspirarem contra o que é indiscutivelmente dissonante com os
princípios republicanos, que são enxergados pela classe dominante, mas a sua
irresponsabilidade cívico-política acena simplesmente para a continuidade desse
lastimável quadro político-administrativo.
Não
se trata apenas de afastamento do presidente por conta da crise política, como
se refere o senador paraibano, mas sim da constatação da prática de crimes
cometidos pelo mandatário do país, conforme mostra a fita de áudio apresentada
pelo empresário da JBS, contendo fartos elementos que configuram os crimes
elencados pelo procurador-geral da República, de corrupção, obstrução de Justiça,
entre outro, os quais são indiscutivelmente incompatíveis com o exercício do
principal cargo da República.
O
senador precisa entender que ele, na qualidade de homem público, tem o dever cívico
de defender a moralidade e a dignidade no exercício de cargos públicos, não
importando qual seja o seu nível, sobretudo em se tratando do de presidente da
República, cujo titular não pode cometer o menor deslize contra a
honorabilidade ínsita nos princípios da República.
Não
pode ser apropriada a defesa de homem público somente pelo fato de ele não ter
sido ainda julgado pelo Supremo Tribunal Federal, quando a realidade dos fatos
reconhecidos pelo próprio peemedebista já conspira contra a permanência dele no
poder, que precisa ser dignificado com atos de sólidos modelos ético e moral,
como forma de exemplo pedagógico para os demais homens públicos do país.
Impende
lembrar que os presidentes dos países sérios, civilizados e modernos democraticamente
perdem o respeito e o cargo quando são acusados da prática de ato que os
desqualifique para a continuidade no comando de suas nações, diferentemente do que
acontece no país tupiniquim, quando muitos políticos, sem o menor pudor e
plausibilidade, habituados com a cultura da contemporização com os malfeitos na
vida pública, ficam tentando minimizar a gravidade dos fatos delituosos, para
que a desmoralização da República tenha significação bem menor do que a real
gravidade dos acontecimentos, permitindo-se que a administração do país fique
sob o comando de quem é acusado da prática de deslize moral.
Os
brasileiros precisam demonstrar, nas urnas, que os maus políticos e seus
defensores estão distantes da realidade e da modernidade dos tempos em que a
administração pública somente deve ser comandada por homens públicos que
preencham, a qualquer tempo, os requisitos de idoneidade e conduta ilibada, em
harmonia com os princípios elementares da República, recomendando que eles
sejam eliminados da vida pública, em razão da sua falta de sensibilidade para
os melhores princípios republicano e democrático. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 3 de julho de 2017
Nenhum comentário:
Postar um comentário