segunda-feira, 3 de julho de 2017

O nível de insatisfação popular

Um senador do PMDB da Paraíba reconhece o nível de insatisfação dos brasileiros para com o presidente da República, mas compreende que não se pode ´pretender o afastamento dele por conta da crise política do país.
Como se sabe, a impopularidade do presidente brasileiro já beira os 69% e apenas 7% dos entrevistados (em torno de três mil) entendem que o seu governo é ótimo ou bom, segundo pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha.
O senador paraibano entende que se trata de decisão pessoal o afastamento do presidente e que não se pode querer a renúncia de alguém sem julgamento dos fatos, a princípio, inquinados de irregulares.
Ele disse que “No primeiro momento, algumas pessoas estão pedindo a renúncia do presidente, agora, o importante é que essa questão seja resolvida pelo presidente da República porque a renúncia é uma questão pessoal. Você não pode pedir a renúncia de um presidente como não pode pedir a de um governador e de um prefeito porque é uma vontade exclusivamente pessoal. Não podemos fazer um julgamento prévio sem que haja uma decisão do Supremo Tribunal Federal”.
O senador ressaltou que entende o posicionamento da opinião pública, mas o afastamento do presidente do país não pode ser a preocupação da população, porque “Nós todos estamos torcendo que essa situação seja amenizada porque essa crise política está indiscutivelmente prejudicando a retomada do crescimento econômico e o fato mais importante que temos hoje no país é essa retomada”.
O senador disse que seu partido enfrenta os mesmos questionamentos e as mesmas situações angustiantes dos brasileiros, ao afirmar que “O PMDB está na mesma situação que está a opinião pública brasileira, sofrendo e estarrecido com toda essa crise política e econômica”.
As afirmações constantes do parágrafo anterior demonstram plena incoerência do senador, uma vez que a opinião pública é massacrada pelas graves crises política e econômica e insistentemente clama em vão por medidas efetivas, no sentido do seu pronto saneamento, enquanto o PMDB insiste em que prevaleça o status quo, com a permanência do presidente no cargo, conforme a absurda defesa do parlamentar paraibano, em que pesem os fatos conspirarem contra o que é indiscutivelmente dissonante com os princípios republicanos, que são enxergados pela classe dominante, mas a sua irresponsabilidade cívico-política acena simplesmente para a continuidade desse lastimável quadro político-administrativo.
Não se trata apenas de afastamento do presidente por conta da crise política, como se refere o senador paraibano, mas sim da constatação da prática de crimes cometidos pelo mandatário do país, conforme mostra a fita de áudio apresentada pelo empresário da JBS, contendo fartos elementos que configuram os crimes elencados pelo procurador-geral da República, de corrupção, obstrução de Justiça, entre outro, os quais são indiscutivelmente incompatíveis com o exercício do principal cargo da República.
O senador precisa entender que ele, na qualidade de homem público, tem o dever cívico de defender a moralidade e a dignidade no exercício de cargos públicos, não importando qual seja o seu nível, sobretudo em se tratando do de presidente da República, cujo titular não pode cometer o menor deslize contra a honorabilidade ínsita nos princípios da República.
Não pode ser apropriada a defesa de homem público somente pelo fato de ele não ter sido ainda julgado pelo Supremo Tribunal Federal, quando a realidade dos fatos reconhecidos pelo próprio peemedebista já conspira contra a permanência dele no poder, que precisa ser dignificado com atos de sólidos modelos ético e moral, como forma de exemplo pedagógico para os demais homens públicos do país.
Impende lembrar que os presidentes dos países sérios, civilizados e modernos democraticamente perdem o respeito e o cargo quando são acusados da prática de ato que os desqualifique para a continuidade no comando de suas nações, diferentemente do que acontece no país tupiniquim, quando muitos políticos, sem o menor pudor e plausibilidade, habituados com a cultura da contemporização com os malfeitos na vida pública, ficam tentando minimizar a gravidade dos fatos delituosos, para que a desmoralização da República tenha significação bem menor do que a real gravidade dos acontecimentos, permitindo-se que a administração do país fique sob o comando de quem é acusado da prática de deslize moral.
Os brasileiros precisam demonstrar, nas urnas, que os maus políticos e seus defensores estão distantes da realidade e da modernidade dos tempos em que a administração pública somente deve ser comandada por homens públicos que preencham, a qualquer tempo, os requisitos de idoneidade e conduta ilibada, em harmonia com os princípios elementares da República, recomendando que eles sejam eliminados da vida pública, em razão da sua falta de sensibilidade para os melhores princípios republicano e democrático. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 3 de julho de 2017

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