Tendo
ficado afastado do mandato senatorial por decisão do Supremo Tribunal Federal,
o senador tucano mineiro retomou às atividades parlamentares, depois de
revogado o motivo do seu afastamento.
Primeiramente
ele se reuniu com a bancada de seu partido no Senado Federal e depois, na
tribuna do plenário, em discurso morno, sem o menor interesse de seus pares,
diante das circunstâncias, ele negou que tivesse cometido crimes e se disse
indignado com a injustiça cometida contra ele, por aquele que repassou o dinheiro
da propina, a quem atribui o título de criminoso de mais de duzentos delitos.
No citado
pronunciamento, ele procurou se defender das acusações que pesam sobre seus
ombros, tendo por base gravação de conversa que teve com um empresário do grupo
JBS, na qual o tucano aparece pedindo R$ 2 milhões, fato que resultou na
investigação, pela Procuradoria Geral da República, em razão da prática dos
crimes de corrupção passiva e obstrução de Justiça.
Basicamente,
o senador esclareceu a seus pares que “Nesses
dias tormentosos, em nenhum instante, absolutamente em nenhum instante, perdi a
serenidade e o equilíbrio próprio daqueles que sabem exatamente a condução de
seus atos (…). Não cometi crime
algum, não aceitei recursos de origem ilícita, não ofereci ou prometi vantagem
indevida a quem quer que fosse, tampouco atuei para a obstrução de justiça como
afirmaram”.
Fato
bastante surrealista foi traduzido pelos senadores, que estranharam, assim como
os brasileiros honrados, quando o senador mineiro disse que o dinheiro da
propina não passava de “empréstimo”, porque a via normal e regular do pagamento
dessa forma de operação é feita por meio de conta corrente, de forma
transparente, mas o dinheiro repassado ao parlamentar, no caso, foi feito às
escondidas, sob o transporte por meio de malas e a ameaça de matar o mensageiro
antes que ele abrisse o “bico”, assim dito e acertado entre o senador e o
empresário.
Como se
vê, no país tupiniquim, chega a ser mais que normal um parlamentar pegar
propina de dois milhões de reais e ainda se dizer que não está nada
arrependido, mais apenas indignado com tamanha e inominável injustiça cometida
contra ele, que foi acusado, pasmem, de ter praticado o crime de corrupção
passiva.
Caso isso
tivesse ocorrido em um país com o mínimo de seriedade, civilidade e
desenvolvimento político, certamente que caso de corrupção seria considerado crime
da maior gravidade contra os princípios do decoro, da dignidade, da
honestidade, entre outros exigidos para quem exerce cargo público relevante e
ainda seria condenado, entre outras, com as penas de prisão, obrigatoriedade do
ressarcimento dos valores envolvidos e perda do mandato, como forma de medidas
exemplares para as futuras gerações de homens públicos, que precisam saber que
a vida pública não combina com a abusiva prática de corrupção.
O senador
mineiro precisa recobrar urgentemente a consciência, para se lembrar que o seu
avô morreria mil vezes se ouvisse tamanhas idiotice e falta de caráter, diante de
não se ter ainda a dignidade de assumir a indiscutível fraqueza moral.
Se esse senador tivesse um pingo de dignidade, ele
jamais voltaria à Casa que sangra pela presença ali de homens públicos que
deveriam sumir da vida pública, por não corresponderem à importância dos cargos
que exercem, tendo em vista que eles são alvo de investigação pelo Supremo, em
razão da suspeita da prática de corrupção em série, como no caso do aludido
senador, que, por enquanto, já responde, pasmem, a nove inquéritos.
O senador mineiro demonstra não ter sido capaz de
compreender a verdadeira dimensão do estrago que ele conseguiu causar aos
princípios do decoro e da dignidade que se exigem para o exercício de relevante
cargo de senador da República.
A situação dele se mostra muito delicada e de difícil
assimilação, por se tratar de importante político que jamais deveria se
envolver em casos de corrupção, a vista do relevante conceito que havia
construído na vida pública, inclusive tendo aspirado à Presidência da República
e, na ocasião, conquistado a simpatia de milhões de brasileiros, com o seu voto.
Diante da interpretação da aludida conversa pelo
Procuradoria Geral da República e se ela for confirmada verdadeira, o senador
tucano mineiro, em termos políticos, não passa de pessoa desprezível e indigna como
representante o Estado de Minas Gerais, notadamente pela indiscutível traição à
confiança de seus eleitores, como ele disse, de mais de sete e meio milhões,
que certamente, depois do episódio em apreço, foram reduzidos a pó. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 5 de julho de 2017
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