Na
manifestação que se pretendia reunir multidão, mas contou mesmo com a concentração
de membros de movimentos como o MTST, MST e centrais sindicais, o maior líder
populista saiu-se com mais uma de suas tiradas, ao afirmar que "O país só tem um jeito: é a gente ter uma
eleição direta e eleger um presidente que tenha coragem de olhar na cara do
povo", que preferiu ficar em casa, ao invés de ir às ruas, para defender
a candidatura dele, em 2018.
Na
ocasião, o político declarou que “é
necessário novo presidente que não tenha preconceito, que defenda a soberania
nacional e que não tenha complexo de vira-lata. Temos que preocupar nesse instante não é no que está acontecendo
comigo, temos que nos preocupar com o que está acontecendo neste país".
Com
a presença de correligionários que cuidavam de criticar duramente o juiz da
Lava-Jato e pediam que ele pudesse concorrer nas próximas eleições, o político voltou
a repetir que, em seu governo, os mais pobres foram incluídos no consumo e
"subiram na escala social".
Ele
afirmou que "Quando o pobre é
incluído no mercado e no orçamento da União, a economia vai crescer",
pois essa é a solução para a economia "girar".
Como
não poderia ser diferente, o político aproveitou o ensejo para criticar os
procuradores e o juiz da Lava-Jato e, pasmem, se disse "mais honesto do que todos eles. Como não
conseguem me derrotar na política, querem me derrotar por processo. Nenhum
deles é mais honesto do que eu nesse país.".
Na
ocasião, talvez sem saber da existência do saldo milionário de R$ 9 milhões
bloqueados pelo juiz federal, a senadora presidente do partido dele, com a
empáfia que lhe é peculiar, afirmou que os militantes estão se oferecendo para
fazer vaquinha para ajudar o político a pagar a defesa e também fez uma série
de críticas ao juiz da Lava-Jato, tendo até o chamado de covarde.
É
impressionante e até estarrecedora como a arrogância continua predominando na
mente do político e de adoradores dele, que ainda insistem em não compreender
que os tempos mudaram, a exigir muito mais humildade para reflexão sobre a
realidade dos fatos, que precisam, antes do mais, de esclarecimentos e
justificativas plausíveis, conquanto somente o fanatismo e a idolatria são
insuficientes para a mudança do quadro de dificuldades do partido e do seu
líder-mor, que tem o dever de provar a sua inocência em relação às denúncias
examinadas pela Justiça.
O
pior de todo esse quadro é que o político não se convence de que, juridicamente
e reconhecido por juristas, o caso do tríplex tem provas suficientes para a
condenação dele, conforme consta da sentença do juiz federal, mas ele prefere
ignorá-las, e implora com sua voz característica aos militantes fiéis, reunidos
no coração da capital financeira do país, em sentido contrário aos fatos
apurados, para que, "Se o Ministério
Público e o juiz Sérgio Moro tiverem uma prova de que desviei cinco centavos,
apresentem e me desmoralizem e me prendam".
O
certo é que a sua obsessão de voltar a presidir o Brasil, no próximo ano, tem caminho
complicado e fica cada dia mais difícil para o líder populista concretizá-la,
diante da sua condenação à prisão, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro,
além de ele ainda se inserir em um labirinto judicial que pode levá-lo à mais prisão,
de modo que, à luz dos conceitos de idoneidade, moralidade, dignidade, entre
outros, a sua candidatura fica reduzida aos militantes que ainda resta,
circunscritos aos sindicalistas, MST e organizações sociais beneficiados no seu
governo, mas ele precisaria do apoio do povo, que já perdera o encanto, diante
de seu envolvimento em múltiplos casos de corrupção.
Não
há dúvida de que, dia a dia, o círculo está se fechando para o político, que vê
suas pretensões ao Palácio do Planalto se distanciarem dele, ao sabor das
acusações e denúncias à Justiça, que apenas tem a incumbência de examinar e
julgar as ações exatamente nas circunstâncias como elas se apresentam,
independentemente da autoridade dos envolvidos, que precisam se defender e
contraditar naquilo que não estiver de acordo, em harmonia com o ordenamento jurídico
do país.
Ao
afirmar textualmente que, "Como eles
não conseguem me derrotar na política, eles querem me derrotar com processos",
o político demonstra extrema fraqueza, quase que admitindo que ele, como é do
seu dever, não tem contra-argumento para demover e infirmar os fatos
denunciados na Justiça, razão pela qual ele já foi condenado no primeiro
processo e certamente o será também em outros, caso não consiga comprovar a sua
inocência, de vez que somente críticas contra investigadores e julgadores não
vão sensibilizar a Justiça, que julga exclusivamente com base nos elementos
juntados aos autos, consubstanciando a materialidade sobre atos inquinados de
irregulares e contrários aos princípios da legalidade, moralidade, dignidade,
entre outros.
Os
brasileiros esperam que o político tenha reais e efetivas condições de
renunciar à inútil e prejudicial catilinária, por não contribuir para convencer
sobre a sua inocência, ante a inexistência de provas plausíveis, para o fim da
sua aderência à sua defesa, tendo por base a comprovação de elementos
juridicamente válidos, como forma de se evitar que os fatos motivadores das
denúncias à Justiça inviabilizem definitivamente a sua candidatura, porque não
faz sentido, em termos de moralidade, legalidade, dignidade, entre outros
princípios, que homem público pretenda ocupar o principal cargo público da
República, estando assoberbado de suspeitas sobre a prática de atos de
corrupção, porque isso não condiz com a relevância e as responsabilidades
cívica e patriótica inerentes ao seu exercício. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 27 de julho de 2017
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