quinta-feira, 27 de julho de 2017

Em defesa da soberania nacional?

Na manifestação que se pretendia reunir multidão, mas contou mesmo com a concentração de membros de movimentos como o MTST, MST e centrais sindicais, o maior líder populista saiu-se com mais uma de suas tiradas, ao afirmar que "O país só tem um jeito: é a gente ter uma eleição direta e eleger um presidente que tenha coragem de olhar na cara do povo", que preferiu ficar em casa, ao invés de ir às ruas, para defender a candidatura dele, em 2018.
Na ocasião, o político declarou que “é necessário novo presidente que não tenha preconceito, que defenda a soberania nacional e que não tenha complexo de vira-lata. Temos que preocupar nesse instante não é no que está acontecendo comigo, temos que nos preocupar com o que está acontecendo neste país".
Com a presença de correligionários que cuidavam de criticar duramente o juiz da Lava-Jato e pediam que ele pudesse concorrer nas próximas eleições, o político voltou a repetir que, em seu governo, os mais pobres foram incluídos no consumo e "subiram na escala social".
Ele afirmou que "Quando o pobre é incluído no mercado e no orçamento da União, a economia vai crescer", pois essa é a solução para a economia "girar".
Como não poderia ser diferente, o político aproveitou o ensejo para criticar os procuradores e o juiz da Lava-Jato e, pasmem, se disse "mais honesto do que todos eles. Como não conseguem me derrotar na política, querem me derrotar por processo. Nenhum deles é mais honesto do que eu nesse país.".
Na ocasião, talvez sem saber da existência do saldo milionário de R$ 9 milhões bloqueados pelo juiz federal, a senadora presidente do partido dele, com a empáfia que lhe é peculiar, afirmou que os militantes estão se oferecendo para fazer vaquinha para ajudar o político a pagar a defesa e também fez uma série de críticas ao juiz da Lava-Jato, tendo até o chamado de covarde.
É impressionante e até estarrecedora como a arrogância continua predominando na mente do político e de adoradores dele, que ainda insistem em não compreender que os tempos mudaram, a exigir muito mais humildade para reflexão sobre a realidade dos fatos, que precisam, antes do mais, de esclarecimentos e justificativas plausíveis, conquanto somente o fanatismo e a idolatria são insuficientes para a mudança do quadro de dificuldades do partido e do seu líder-mor, que tem o dever de provar a sua inocência em relação às denúncias examinadas pela Justiça.
O pior de todo esse quadro é que o político não se convence de que, juridicamente e reconhecido por juristas, o caso do tríplex tem provas suficientes para a condenação dele, conforme consta da sentença do juiz federal, mas ele prefere ignorá-las, e implora com sua voz característica aos militantes fiéis, reunidos no coração da capital financeira do país, em sentido contrário aos fatos apurados, para que, "Se o Ministério Público e o juiz Sérgio Moro tiverem uma prova de que desviei cinco centavos, apresentem e me desmoralizem e me prendam".
O certo é que a sua obsessão de voltar a presidir o Brasil, no próximo ano, tem caminho complicado e fica cada dia mais difícil para o líder populista concretizá-la, diante da sua condenação à prisão, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, além de ele ainda se inserir em um labirinto judicial que pode levá-lo à mais prisão, de modo que, à luz dos conceitos de idoneidade, moralidade, dignidade, entre outros, a sua candidatura fica reduzida aos militantes que ainda resta, circunscritos aos sindicalistas, MST e organizações sociais beneficiados no seu governo, mas ele precisaria do apoio do povo, que já perdera o encanto, diante de seu envolvimento em múltiplos casos de corrupção.
Não há dúvida de que, dia a dia, o círculo está se fechando para o político, que vê suas pretensões ao Palácio do Planalto se distanciarem dele, ao sabor das acusações e denúncias à Justiça, que apenas tem a incumbência de examinar e julgar as ações exatamente nas circunstâncias como elas se apresentam, independentemente da autoridade dos envolvidos, que precisam se defender e contraditar naquilo que não estiver de acordo, em harmonia com o ordenamento jurídico do país.
Ao afirmar textualmente que, "Como eles não conseguem me derrotar na política, eles querem me derrotar com processos", o político demonstra extrema fraqueza, quase que admitindo que ele, como é do seu dever, não tem contra-argumento para demover e infirmar os fatos denunciados na Justiça, razão pela qual ele já foi condenado no primeiro processo e certamente o será também em outros, caso não consiga comprovar a sua inocência, de vez que somente críticas contra investigadores e julgadores não vão sensibilizar a Justiça, que julga exclusivamente com base nos elementos juntados aos autos, consubstanciando a materialidade sobre atos inquinados de irregulares e contrários aos princípios da legalidade, moralidade, dignidade, entre outros.
Os brasileiros esperam que o político tenha reais e efetivas condições de renunciar à inútil e prejudicial catilinária, por não contribuir para convencer sobre a sua inocência, ante a inexistência de provas plausíveis, para o fim da sua aderência à sua defesa, tendo por base a comprovação de elementos juridicamente válidos, como forma de se evitar que os fatos motivadores das denúncias à Justiça inviabilizem definitivamente a sua candidatura, porque não faz sentido, em termos de moralidade, legalidade, dignidade, entre outros princípios, que homem público pretenda ocupar o principal cargo público da República, estando assoberbado de suspeitas sobre a prática de atos de corrupção, porque isso não condiz com a relevância e as responsabilidades cívica e patriótica inerentes ao seu exercício. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 27 de julho de 2017

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