O presidente da República, com a cara mais
despreocupada possível, evidentemente própria de homem público que somente
enxerga seus projetos políticos, disse que “É
claro que os brasileiros vão compreender o aumento de impostos”.
De
certa forma, assiste razão, em parte, ao presidente, quando ele diz que "A população vai compreender, porque esse é
um governo que não mente. Não dá dados falsos. É um governo verdadeiro. Então,
quando você tem que manter o critério da responsabilidade fiscal, a manutenção
da meta, a determinação para o crescimento, você tem que dizer claramente o que
está acontecendo. O povo compreende", mas o povo não compreende os
gastos excessivos e os desperdícios.
O
presidente disse ainda que era necessário o reajuste, porque “Isto é o fenômeno da responsabilidade
fiscal. E essa responsabilidade fiscal é que importou nesse pequeno aumento do
PIS/Cofins. Exatamente para manter, em primeiro lugar, a meta fiscal que nós
estabelecemos, em segundo lugar, para assegurar o crescimento econômico, que
pouco a pouco vem vindo. Vocês estão percebendo que, aos poucos, o crescimento
vem se revelando. Era preciso estabelecer este aumento do tributo para manter
esses pressupostos que acabei de indicar”.
Assiste
razão sim ao mandatário do país, porque ele se prende ao fato de que “quem
cala, consente” e o povo leva paulada de todo jeito, como nesse estonteante e
injustificável aumento de combustíveis e simplesmente diz amém e aceita, sem
fazer nada de efetivo, para mostrar seus descontentamento e repúdio por mais
uma violência contra seus direitos de cidadão, que já paga pesadíssima carga
tributária e não consegue se revoltar à altura contra o governo de tamanhas
insensibilidade e irresponsabilidade pertinentes à realidade econômica dos brasileiros,
que nem ainda conseguiram vislumbrar à proximidade do horizonte da recuperação da
economia.
Na
verdade, não se trata apenas de aumentozinho, não, quando se percebe que o
governo tributou R$ 0,41 por litro de gasolina, cujo aumento foi mais do que o
dobro do imposto cobrado anteriormente, com relação ao PIS/Cofins, significando
enorme tributação no bolso dos brasileiros, uma vez que os donos de veículos
vão precisar desembolsar o equivalente a R$ 0,89 por litro de gasolina,
levando-se em conta a incidência da Cide de R$ 0,10 por litro.
O
desespero do governo se prende ao fato de que a arrecadação, neste ano, tem
ficado abaixo da esperada, uma vez que a estimativa das receitas com tributos,
em 2017, contava que a economia estaria crescendo em ritmo mais acelerado, mas
isso não aconteceu, evidentemente devido também aos solavancos vindos da crise
política.
Segundo
a Receita Federal, no
último primeiro semestre, a arrecadação cresceu 0,77%, mas o resultado
positivo foi verificado no aumento das receitas do governo com royalties pagos
por empresas que exploram petróleo no país, enquanto a receita relativa aos impostos
e contribuições caiu 0,20% no período.
A irresponsabilidade do governo se apresenta no
momento em que gasta desordenadamente, sem levar em conta a prioridade dos programas
governamentais, visto que não há estudos quanto aos que são mais importantes,
em termos de efetividade da sua implementação, que poderiam ser aquilatados por
meio de reformas das conjuntura e estrutura do Estado, exemplo de gastança,
atraso, anacronismo, emperramento funcional e precariedade na prestação dos
serviços públicos, à vista das péssimas situações e condições da educação,
saúde, segurança pública e demais serviços da sua incumbência.
Além da população, os setores produtivos e da economia
foram unânimes em esbravejar e contestar, evidentemente apenas por palavras, mais
esse insuportável aumento de imposto, principalmente porque ele tem incidência
em todas as cadeias da economia, o que vale dizer que ele terá reflexo em todos
preços e os brasileiros vão ser obrigados ao pagamento tanto mais caro dos
combustíveis como dos preços dos demais produtos que virão em solene encadeamento,
com possível aumento da inflação.
Não
há a menor dúvida de que a dignidade dos brasileiros foi gravemente ferida por
ato do presidente da República, que não teve o menor senso de sensibilidade para
a terrível situação de crise econômica que ainda os afeta, obrigando cada vez mais
a compressão dos gastos até mesmo com gêneros de primeira necessidade, a par da
cruente e desesperada dificuldade de emprego, que tem sido fator preocupante que
precisa ser resolvida pelo governo, que não seria por meio da aprovação de
aumento de imposto, que serve, ao contrário, para turbinar as dificuldades da
economia e incrementar o desemprego.
Os
brasileiros precisam se mobilizar para dizer à insensatez e à insensibilidade
do governo federal que não é mais possível se aumentar a carga tributária sobre
seus ombros, por já ser mais que notório que a sua capacidade contributiva já
estourou o limite tolerável há muito tempo e que urge que os governantes não fiquem
tão somente tentando resolver seus problemas de falta de recursos com a
imposição de mais tributo sobre quem também já enfrenta graves dificuldades
financeiras. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 30 de julho de 2017
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