domingo, 30 de julho de 2017

O país tem conserto?

O maior político brasileiro disse, em entrevista a um jornalista da Revista Nordeste, que está "doido para consertar o Brasil", tendo questionado o preconceito existente com os mais pobres e o Nordeste.
A propósito, o político lembrou que o atual prefeito de São Paulo, quando ainda dirigia a Embratur, chegou a propor que a seca do Nordeste e a miséria fossem transformadas em um ponto de atração turística.
Ele chamou a atenção sobre a discriminação com os mais pobres, ao dizer que "Eles não aceitam que as pessoas do andar de baixo subam para o andar de cima. O que mais me assusta em todo esse processo de pobres e ricos, de Nordeste e Sudeste, é o preconceito que está estabelecido culturalmente na cabeça das pessoas. Ou seja, as pessoas não aceitam que as pessoas do andar de baixo subam um degrau. É porque tem um setor da classe média que pensa como se fosse rico. Isso é equívoco da classe média".
O político aproveitou o ensejo para comentar as bonanças sobre seus anos à frente do comando do país, tendo assinalado que "Não conheço ninguém que tratou todo mundo com igualdade de condições como eu tratei. (...). Foram 22 milhões de empregos criados em 12 anos do governo PT. Foi a maior política de inclusão social da história do país".
Diferente do que tem feito em outras ocasiões, o político não garantiu se irá concorrer nas próximas eleições, mas foi bastante enfático, ao dizer que "Eu tô doido pra consertar o país".
Em tom de muito otimismo, o político fez a seguinte promessa: "Eu tenho a certeza absoluta que é possível consertar o Brasil e fazer esse país voltar a ser alegre. Não é possível que esse país esteja vivendo o que está vivendo. Não é possível a gente ver crianças pedindo esmola na janela de carro. Não é possível ter em dois anos 15 milhões de desempregados".
É bem provável que o governo desse político tenha seus méritos, em especial no que diz respeito aos programas sociais e assistenciais, a exemplo do Bolsa Família, beneficiando, com enfoque para a população do Nordeste e da Minha Casa, Minha Vida, que atendeu às solicitações do MTST e de outras organizações de cunho social, que corresponderam em apoio aos projetos políticos dele, dando a entender que os benefícios tinham vinculação com os currais eleitorais que se formaram ao longo dos governos petistas.
Não obstante, nem ele mesmo ignora, os empresários nunca ganharam tanto dinheiro durante seu governo, porque eles também foram beneficiados com a criação do Programa de Desoneração Fiscal, culminando com o auge de renúncia fiscal no governo da sua sucessora, quando o Tesouro Nacional deixou de arrecadar o valor aproximado de R$ 450 bilhões e o que é pior sem a contrapartida da geração de empregos.
Também foi no governo do político que as empresas mais se beneficiaram, a exemplo da Odebrecht, JBS, entre outras, que expandiram, de forma extraordinária, suas atividades empresariais no Brasil e no exterior, com dinheiro público subsidiado, emprestado pelo BNDES ou por outras facilitações envolvendo contratos com empresas estatais, inclusive a Petrobras.
Por seu turno, ele terei muito para se lamentar, notadamente no diz respeito à péssima gestão da Petrobras, que serviu de laboratório para a dilapidação do seu consistente patrimônio, que foi destruído pela ganância de inescrupulosos políticos, executivos e empresários, ao conseguirem praticar o maior roubo da história brasileira a uma empresa estatal, por meio de superfaturamento de seus contratos, com a finalidade de desviar bilhões de reais, inclusive para cofres de partidos políticos, para financiar, de forma ilegal e antipatriótica, campanhas eleitorais, para se manter no poder e dominar as classes política e social.
A atuação competente e corajosa da Operação Lava-Jato mostra o resultado do rombo nas contas da estatal, graças ao aparelhamento promovido pelo político naquela empresa, cuja governança não se digna a assumir a culpa por esse desastroso crime de lesa-pátria.
Causa perplexidade que alguém, que foi capaz de liderar a destruição do patrimônio de empresa com a fortaleza da estrutura da Petrobras - segundo o Ministério Público - e que nada fez para apurar os fatos e reparar os danos causados à estatal e ao país, vem a público com a disposição de quem não tem nada com essa catástrofe, justamente para dizer que está "doido para consertar o Brasil", quando ele deu as costas para a tragédia monumental ocorrida na estatal.
Em termos de demagogia, a expressão “Eles não aceitam que as pessoas do andar de baixo subam para o andar de cima.” desmente, por completo, a afirmação insustentável do político, porque ele próprio foi eleito e reeleito, tendo saído do andar de baixo para o de cima, com o apoio da população em geral, não somente do pobre, que ele tanto defende e se acha que é um pobre também, mesmo com aposentadoria assegurada de R$ 9 milhões, em conta pessoal de previdência privada.
O político esbanja ter criado 22 milhões de empregos no seu governo, como feito extraordinário, mas não se refere à tragédia da herança maldita do governo da sua sucessora, foi defenestrada do Palácio do Planalto, por julgamento pelo crime de responsabilidade fiscal, deixando para trás o histórico de mais de 13 milhões de desempregados, que foi reflexo da pior crise econômica, onde o país se encontrava mergulhado em terrível recessão, sendo impossível se produzir e se investir.      
Não há a menor dúvida de que os brasileiros precisam voltar a ser alegres, mas somente depois de contribuir para o conserto do país, com a conscientização de que os maus políticos, que estão na vida pública para a realização de seus interesses, em prejuízo das causas nacionais, e ainda fazer promessas absurdas e incoerentes, devem ser eliminados das atividades políticas.
Convém que haja a oxigenação da classe de homens públicos compromissados com os reais anseios do povo, com vistas à revolução em busca do desenvolvimento socioeconômico, por meio da fiel observância dos princípios da verdade, dignidade, moralidade e honestidade, entre outros, com embargo das falsas promessas calcadas em apelação ao famigerado populismo do século XXI, que tem como pano de fundo o fanatismo destruidor e pernicioso do sistema socialista, que está arrasando os princípios humanitários, na forma do exemplo típico de um país fronteiriço ao Brasil. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 30 de julho de 2017

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