sexta-feira, 28 de julho de 2017

O país das Mil Maravilhas

O maior político tupiniquim criticou o governo atual, ao afirmar que ele “não representa nada”, e a atuação do Congresso Nacional, que tem retrocedido na busca de conquistas para os trabalhadores, e pede mais autoestima aos brasileiros.
Ele enfatizou que “O brasileiro está com a autoestima baixa, a economia está muito ruim, há uma desagregação, sabe, do ânimo da sociedade por conta do desemprego, porque as pessoas ainda estão muito preconceituosas, ou seja, a autoestima está baixa. Nós temos um governo que não representa nada, absolutamente nada. Nós temos um Congresso desacreditado, que está desmontando conquistas que os trabalhadores conquistaram há tanto tempo atrás.”.
Em que pese ele ter sido condenado pelo juiz da Lava-Jato a nove anos e seis meses de prisão, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, o político afirmou que a falta de confiança no governo impede que as coisas aconteçam e viveu o momento de maior autoestima do povo brasileiro, sugerindo que isso aconteceu quando ele comandava o país.
O político disse que “Se você não tiver esperança, se você não acreditar nas pessoas que governam o país, nada vai acontecer. Todo mundo acorda de manhã azedo, todo mundo vai dormir xingando o vizinho. Ao invés de olhar seus próprios defeitos, as pessoas começam a culpar o vizinho. É um vizinho culpando o outro. Eu acho que não tá legal. Eu tive o prazer de viver nesse país o momento de maior autoestima do povo brasileiro. As pessoas acreditavam, as pessoas sonhavam, as pessoas tinham emprego, tinham aumento de salário, as pessoas sonhavam em estudar. Tudo isso foi possível criar. Agora, me parece que nada é possível.”.
Em discurso que faz lembrar o “Lulinha paz e amor”, slogan usado na campanha eleitoral de 2002, o político disse que o Brasil precisa de um governante que goste do povo, tendo apelado por “mais tolerância e compreensão”, contra o que ele chama de preconceito.
Ainda com o foco voltado para a motivação da autoestima do povo, que ele tanto adora e defende, com o maior ardor, ele disse, de forma enfática, que “Eu tenho consciência e tenho certeza que esse país governado por alguém que gosta do povo, que convive com o povo, alguém que ouça o povo, o Brasil pode melhorar. Eu não tenho dúvida disso, é nisso que eu acredito e eu quero dedicar o resto de tempo que eu tenho na minha vida pra provar que essas coisas podem acontecer e o Brasil poderia ser diferente. Menos ódio, mais amor, menos ódio, mais paz, menos ódio, mais tolerância e mais compreensão.”.
O político acredita que há pessoas mais competentes e que é preciso que as pessoas acreditem nisso, que elas possam crescer mais e que convém acabar com o preconceito ou a inveja acerca de quem progride na vida.
Na tentativa de construção de discurso bem ao seu estilo, voltado para o lado do arraigado sentimento populista, o político disse que “A gente tem que torcer para que as pessoas possam vencer na vida. Porque se eles podem vencer, todo mundo pode vencer. Essa é a sociedade que eu sonho em ajudar a construir no meu resto de tempo que eu tenho pela vida. A natureza parece que é pouco porque eu já tenho 71 anos, mas eu acho que como eu acredito que vou viver até os 100, até um pouco mais, eu ainda vou ter muito tempo pela frente pra ajudar a construir o Brasil que todo mundo deseja.”.
À vista das palavras do político, até parece que aqui era o país das “Mil Maravilhas”, sem as notórias e crônicas precariedades na prestação dos serviços públicos, a demonstrarem o terrível e caótico quadro da educação, da saúde, da segurança pública, do saneamento básico, da infraestrutura, entre outras dificuldades que sempre existiram em todos os governos, inclusive no dele.
Por pouco, a par de criticar, com a acidez que lhe peculiar, figuras principais da estrutura da República, de modo a denegrir de propósito as suas imagens, transformando-as a nada, em tremenda demonstração de desrespeito às pessoas e às instituições públicas, o político só faltou dizer que era o próprio salvador da pátria, mas a forma de onipotência ao descrever as suas qualidades de homem público e de governante que gosta e ama ao extremo o povo, que convive com o povo, que ouve o povo, enfim, que ele é a verdadeira encarnação do povo, essa dúvida fica dissipada.
Como bom e verdadeiro político tupiniquim, o homem mais competente deste país só teve olhos para as bonanças que houve no alcance da sua visão, com destaque para o “,,, momento de maior autoestima do povo brasileiro. As pessoas acreditavam, as pessoas sonhavam, as pessoas tinham emprego, tinham aumento de salário, as pessoas sonhavam em estudar. Tudo isso foi possível criar...”, não tendo mencionado, nem de longe, as mazelas dos governos petistas, como se as precariedades somente existissem em outros governos, que não têm a competência e a habilidade para compreender as ansiedades do povo.
Trata-se de discurso de encomenda para tentar, na lábia, continuar engabelando ao bestas que já se acostumaram às promessas de governo extremamente populista, que não tem outro projeto político senão absoluta dominação das classes política e social, além da conquista do poder e nele permanecer para sempre, podendo abusar das suas influências para a formalização de alianças as mais perversas possíveis para o interesse público, uma vez que o Estado somente tem serventia para a casta encastelada no poder.
É preciso que os brasileiros tenham dignidade para compreender as reais qualidades de homens públicos que falam a verdade e que precisam se comprometer exclusivamente com a satisfação do interesse público, com embargo da disseminação do maldoso e insensato populismo, por ter as características do retrocesso e do anacronismo próprios do sistema socialista, que a história tem mostrado o quanto ele tem sido perverso para o desenvolvimento da humanidade, diante da degradação dos direitos humanos e dos princípios democráticos. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 28 de julho de 2017

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