Em
meio à onda de conflitos com o presidente da República, o presidente da Câmara
dos Deputados declarou que "A minha
agenda é a reforma da Previdência".
Com
isso, o mencionado presidente insinua que descarta, por enquanto, o pacote
anticrime enviado pelo governo ao Congresso Nacional, que, ante a sua
relevância contra a criminalidade, já deveria ter começado a ser apreciado
pelos parlamentares, desde fevereiro último, até mesmo antes do projeto de
reforma da Previdência - que também se encontra sem apreciação -, mas, na forma
dessa declaração, o presidente da Câmara não trata esse tema com a devida e
indiscutível prioridade, segundo destacou o UOL.
De
forma enfática, o presidente da Câmara declarou que, "Depois da Previdência, a nossa agenda é a reforma tributária e a
repactuação do Estado brasileiro. É isso que queremos fazer. De que forma o
governo vai ou não participar não é um problema meu, é um problema do Executivo.
Esse é o grande objetivo de todos no
Brasil, organizar as contas do Estado brasileiro.".
Como
presidente da Casa, o deputado carioca é responsável por decidir o que vai ser
pautado e votado pelos deputados federais, pouco importando a relevância para o
interesse público das matérias a serem colocadas em pauta, para serem
examinadas e votadas, não dando o menor valor aos projetos referentes ao
combate à anticorrupção e à criminalidade, o que é bastante estranho e
lamentável, quando se sabe que as medidas visando à moralização do país são tão
imperiosas e importantes quanto às demais matérias pertinentes à organização da
administração brasileira.
Os
fatos estão bastante claros para bom entendedor, em se tratando que o pacote
anticrime tem objetivos cristalinos, que visam, em última análise, apertar o
cerco contra os corruptos de colarinho branco, fato que pode contribuir para
complicar a vida de muitos congressistas e isso poderá ser a falência da
carreira política de alguns inescrupulosos e aproveitadores homens públicos,
que não aceitam, por óbvio, a ideia de rigidez na legislação contra a
criminalidade.
Ou
seja, muitos congressistas não concordam com o indispensável aperfeiçoamento da
legislação anticrime, por temerem justamente que os termos dela possam certamente
contribuir para respaldar decisões judiciais determinantes dessas novas e
importantes regras elaboradas pelo governo, que se elegeu com a promessa de se
promover guerra contra criminosos.
Não
à toa que o presidente da Câmara tem criado fatos estranhos sob pretextos nem
tanto plausíveis, justamente para se criar ambiente desfavorável à tramitação e
à aprovação de regras de moralização extremamente ansiadas pelos brasileiros
honestos e dignos, a exemplo da surpreendente agressão ao ministro da Justiça,
quando foi atribuída, de forma extremamente inusual e deselegante, diminuição da
qualidade do pacote em apreço, tendo sido considerado mera cópia de outro
anteriormente enviado pelo governo ao Congresso Nacional, que simplesmente foi
engavetado, porque também se trata de matéria precisamente contrária à corrupção.
A
proposital exposição pelo presidente da Câmara para a mídia e a opinião pública
de distorções funcionais da parte do governo se harmoniza com esse contexto de
desculpas para descartar, in limine, o pacote anticrime, cujos textos ferem de
morte os planos políticos de muitos congressistas e isso é motivo suficientemente
ensejador da sua desaprovação no Congresso.
Um
dos fatores mais explícitos dessa vil manobra legislativa foi a tentativa de
desqualificação do ministro da Justiça e Segurança Pública, por parte do
presidente da Câmara, quando alegou que o pacote em comento não tem novidade e
que ele teria sido copiada do projeto anticrime apresentado pelo governo
anterior, que, lamentavelmente, também se encontra paralisado nos corredores daquela
Casa, em cristalina demonstração de antipatia e distanciamento de projetos que
tratam de espremer e estrangular criminosos de colarinho branco.
Não
precisa de muito esforço para se inferir que matéria de cunho moralizador seja sempre
malquista pelo Parlamento tupiniquim, ante a má fama atribuída a congressistas,
à luz de fatos devidamente caracterizadores de irregularidades praticadas por
parte de muitos de seus integrantes, conforme inúmeros casos que estão sendo
investigados pelo Supremo Tribunal Federal, fato este que é extremamente
lastimável, diante da concepção de que o exercício de cargos públicos eletivos
exige a comprovação de seus ocupantes de vida pregressa idônea e sem resquício sobre
máculas nas atividades políticas.
Urge
que os brasileiros honestos e dignos, em nome da moralização do Brasil,
demonstrem veemente repúdio à atitude do presidente da Câmara dos Deputados, de
ter decidido pelo descarte do importante pacote anticrime enviado pelo governo ao
Congresso Nacional, diante da imperiosa necessidade da sua aprovação, por ele se
harmonizar com o manifesto sentimento da população, de efetividade do combate à
corrupção e à impunidade, dando seguimento aos benfazejos frutos já colhidos
pela Operação Lava-Jato.
Brasil:
apenas o ame!
Brasília, em 26 de março de 2019
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