sexta-feira, 29 de março de 2019

O cachimbo da paz


O presidente da Câmara dos Deputados recebeu o ministro da Justiça e Segurança Pública, para café da manhã, depois da intermediação entre ambos por uma deputada do partido do presidente da República.
A aproximação entre as aludidas autoridades ocorreu justamente dias depois de estranho desentendimento público entre os dois, em que o deputado chegou a dizer, de maneira áspera e deselegante, em tom de menosprezo, que o ministro era mero "funcionário do Bolsonaro" e que seu projeto de combate ao crime não passava de "copia e cola", fazendo alusão às propostas já apresentadas pelo governo anterior ao Congresso Nacional.
Segunda a deputada que intermediou esse importante encontro, que teve por objetivo selar a harmonia em benefício do interesse público, "Os dois inauguraram um clima de paz", tão indispensável para a implementação de medidas jurídicas da maior relevância para o país.
De acordo com a deputada, o presidente da Câmara se comprometeu inclusive a adotar medidas necessárias à dinamização da discussão do projeto anticrime no Parlamento, chegando a combinar ainda que a proposta passará a tramitar concomitantemente na Câmara e no Senado.
A parlamentar, manifestando seu regozijo pelo êxito do encontro, disse que "Foi uma conversa muito produtiva, em que eles alinharam toda a tramitação do pacote anticrime. Maia se comprometeu a acelerar a tramitação das propostas e a usar todos os procedimentos regimentais".
Em conclusão, a congressista afirmou que, "Ao mesmo tempo, um senador apresentará o projeto no Senado. Os dois vão tramitar paralelamente. Assim, quando a votação na Câmara se encerrar, a discussão no Senado já estará adiantada e a aprovação será rápida lá também.”.
Não há a menor dúvida de que esse encontra pode contribuiu para afastar toda forma de sentimento maléfico e depreciativo que já se permitia concluir diante das manifestações estapafúrdias atribuídas ao presidente da Câmara, onde ele tratou de ridicularizar e apequenar, ao máximo, o pacote anticrime apresentado pelo governo, que tem a autoria do ministro da Justiça, cujo talento, reconhecido internacionalmente, havia sido rebaixado a desprezível copiador de trabalho do seu antecessor.
Além do que, no pacote anticrime atual, não havia a indicação de qualquer novidade, quando foi apurado que não era verdade inteira, uma vez que o projeto anterior não tratava, com profundidade, do especial tema sobre aperto à corrupção, que é justamente a especialidade do ministro da Justiça, em razão da sua larga experiência à frente da Operação Lava-Jato, por alguns anos, com resultados extremamente expressivos, conforme mostram os registros pertinentes.
Na verdade, o encontro das referidas autoridades tem o condão de mostrar que havia algo estranho, curto-circuito errado por parte especialmente, do presidente da Câmara, que teve a dignidade vir desfazer, agora, em boa hora, o mal-entendido que teria deixado o ministro em situação bastante incômoda e delicada, diante do entendimento de que, se ele apenas tivesse copiado, sem acrescentar nada ao texto anterior, bastava, por princípio, reiterar os termos do projeto com tramitação paralisada na Câmara, lembrando que a gravidade dos assuntos criminais que se pretendem combater com o pacote anticrime continuava a existir e que se faz necessária e premente a aprovação daquelas medidas, com o que ele não correria o risco ser ridicularizado, por incompetência, como assim quis fazer o dirigente da Câmara Baixa do Congresso, em deplorável atitude.
Desta feita, com a aproximação entre ambos, o presidente da Câmara dá a mão à palmatória, reconhecendo a importância das medidas constantes do pacote anticrime, da lavra do ministro da Justiça, embora seja mais do que provável de que muitos congressistas vão tentar criar estorvos à aprovação de medidas que visam dificultar, ao máximo, as atividades dos criminosos de colarinho branco, que não se conformam com o aperfeiçoamento das medidas destinadas ao rigoroso combate à criminalidade e à impunidade, quando se sabe que o Congresso acomoda muitos parlamentares aproveitadores do dinheiro público, à vistas das inúmeras investigações em tramitação no Supremo Tribunal Federal, tratando de denúncias sobre casos de corrupção envolvendo recursos públicos.
A sociedade espera que a reaproximação entre o presidente da Câmara dos Deputados com o ministro da Justiça e Segurança Pública possa favorecer o melhor clima de entendimento entre o Executivo e o Legislativo, de modo que isso também facilite a aprovação de medidas jurídicas de suma importância para o combate à criminalidade, em especial no que diz respeito à corrupção, à lavagem de dinheiro, enfim, à improbidade administrativa, que têm sido uma das piores chagas imperantes na administração pública, com altíssimo poder devastador dos cofres públicos, conforme mostram os fatos deletérios.
Brasil: apenas o ame.
Brasília, em 29 de março de 2019

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