Nos
governos recentes, houve verdadeira esculhambação protagonizada com a
disseminação desavergonhada do escrachado fisiologismo, em clara demonstração
de vulgaridade da dignidade na gestão dos recursos públicos, em que partidos políticos
formavam aliança ou coalizão de governabilidade, em apoio aos projetos formulados
pelo Palácio do Planalto ao Congresso Nacional e, em compensação, eram
agraciados com ministérios e empresas estatais, além de emendas parlamentares.
Até
então, o Brasil exibia uma das mais impudicas qualidades de administração pública,
tanto que essa prática indecente recebeu a denominação deprimente de “toma lá,
dá cá” e, nem por isso, de indiscutíveis e corriqueiras as práticas vis, os governantes
e, muito menos, os indecoros congressistas tinham suas caras ruborizadas,
diante da oficialização de prática extremamente desmoralizante na administração
pública.
O
atual presidente do país enxergava nesses procedimentos indignos práticas incompatíveis
com a moralidade intrínseca da administração pública, como sendo algo errado que
precisava acabar e logo resolveu, ainda no calor da campanha eleitoral, quando
tudo pode ser ingrediente do jogo eleitoral - vejam-se como compromisso palanqueiro
-, que “jamais se renderia ao
fisiologismo rasteiro do toma lá dá cá.”.
Ele
jurou que pretendia inaugurar nova prática de relações com o Parlamento, tendo
por base o exclusivo atendimento ao interesse público, respaldado em programas
e condutas de civilidade e responsabilidade políticas, com o descarte do
desonesto e deplorável balcão de negociatas envolvendo recursos públicos, com a
finalidade de regatear apoios em troca de emendas, cargos e verbas.
Em
que pese a palavra do capitão ter sido piamente acreditada por seus eleitores,
o diabo da política entrou no circuito e o eleito mandatário da salvação da
pátria, o venerado mito impoluto da maioria de seus simpatizantes, é desmentido
logo no início do seu governo, quando foi constatado que foram oferecidos pelo
Palácio do Planalto benesses e paparicos a deputados e senadores, em clara
demonstração de que realmente tudo não teria passado de promessa de campanha, sendo
jogada para o espaço sideral belíssimo compromisso em favor da ética e da moralidade
na gestão pública, com a abertura dos cofres públicos e a entrega de cargos
públicos a parlamentares, com a finalidade da aprovação da reforma da Previdência.
Fala-se
que as emendas a serem liberadas estariam em torno do valor de R$ 7,5 milhões,
como cota em obras e repasses federais para cada deputado recém-eleito e de R$
10 milhões aos caciques da velha guarda reeleitos, tudo em forma de emendas e
endossos aos seus respectivos projetos regionais, fato este que caracterizariam
o mais novo “toma lá, dá cá” do governo da chamada “moralização”.
À
toda evidência, o governo demonstra enorme dificuldade para o diálogo, que faz
parte da dialética política, como mola propulsora para a prática da democracia entre
poderes da República e é evidente que isso impede o vicejar da aproximação do
governo com o Parlamento, restando daí a arte do diálogo mudo e rasteiro da
barganha venal, em forma da vergonhosa partilha de emendas e cargos envolvendo
recursos públicos, para o convencimento de aproveitadores eleitos pelo voto
popular, que deveriam primar pela dignidade no exercício de cargo público
eletivo.
Acredita-se
que o governo teria criado até nome sugestivo para a distribuição de cargos nos
segundo e terceiro escalões, qual seja, o “Banco
de Talentos”, que concederia outorga aos parlamentares para decidirem quantos
e quem serão os seus afilhados a ocuparem funções na esfera federal, mas, atenção,
é preciso que seja preenchido o exigido “currículo”, não podendo ser qualquer
um apaniguado sem mérito, que não faz nenhuma diferença em termos de moralidade,
porque esse requisito já foi, impiedosamente, para o brejo, juntamente com seus
protagonistas.
A
história ridícula e risível é remontada na “nova” República, com o mesmo drama
de tragicidade e esculhambação visível à luz do dia, que não pode ser engolida
sem o mais veemente repúdio, principalmente porque isso só demonstra falta de
dignidade do governo e tremendo desprezo à credibilidade dos eleitores que
acreditaram na palavra dada pelo candidato, que ela deveria ser honrada,
custasse o que custasse.
Essa
é a triste realidade política, em que o homem público deixa de honrar a sua palavra,
em momento de descuido e fraqueza moral, em busca de objetivo de governo, sem
sopesar o tamanho do estrago de seu vacilo decisório, com pútrida formalização do
vergonhoso e indigno fisiologismo, acomodado no governo por necessidade de satisfazer
a vaidade presidencial com a aprovação de projeto importante, que seja, mas é
imperdoável o indelével pecado da entronização no seio dele, que apenas se
inicia com a clássica degradação da moral e da dignidade, além, principalmente,
da inadmissível negação da palavra dada nos palanques, de que o profano
fisiologismo não tinha vez no governo de “mudanças moral”.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 8 de março de 2019
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