segunda-feira, 17 de junho de 2019

A Batalha do Arrojado


Há postagem, Face dos Filhos de Candinha de importante e riquíssima matéria versando sobre o atrevimento do aterrorizador e temível Bando de Lampião, pelas cercanias da antiga Vila de Belém do Arrojado, com o título “O ataque de lampião a Uiraúna: uma vitória da inteligência sobre a força”.
Ali é  contada a história beirando ao surreal, quando praticamente quase uma dúzia de homens corajosos e valentões, com poucas e precárias armas e munições, enfrentaram 35 cangaceiros armados até os dentes, treinados e capacitados com a finalidade da destruição de vidas humanas e patrimônio alheio.
É evidente que a história narrada, com ricos detalhes, nesse valioso documento deve ter sido verdadeira e real sobre a saga dos bravos, corajosos e valentes defensores da Vila de Belém do Arrojado.
Por certo, esses destemidos guardiões da integridade do povo da época são, induvidosamente, os pioneiros heróis de Uiraúna, que se apresentaram à concentração prontos para a luta e com o ímpeto para lutar em batalha que não chegou a ser sangrenta, mas a disposição de todos era, se caso fosse necessário, até do derramamento de seu sangue por causa honrosa em defesa de seus povo e patrimônio, em demonstração de verdadeiro ato de expressivo e extremo altruísmo, que ficou registrado como um dos mais importantes que se têm conhecimento naquela região, desde então.
Essa história de bravura e heroísmo vem muito a calhar em momento que se discute a imperiosa necessidade do reconhecimento e da gratidão às pessoas que foram capazes de realizar obras em benefício do seu próximo, em gesto de amor às causas sociais.
Pois bem, meu avô Juvino Fernandes recebeu, na sua residência, o Casarão, a indesejável e avassaladora organização criminosa dos tempos antigos, o tímido - até pelas forças policiais - e famigerado Bando do Capitão Lampião, que tinha instinto simplesmente selvagem e desumano, tendo deixado rastro desolador nos locais por onde passou no Sítio Canadá.
Não se tratava de mera fama, não, porque o bando em questão agredia descontroladamente, em especial contra quem não se expusesse seus bens e valores à sua disposição, quando então a violência era cruel e impiedosa, chegando às vias da letalidade, o que era muito desolador para o povo da época, que não contava com a proteção do Estado, aliás, como agora que, quando ainda tem é precária e insuficiente e ineficiente.
O Zuza, morador do Canadá, foi o mais martirizado pela fúria do bando, embora todos tivessem sido perseguidos com a ameaça de castigo e até de morte.
Ele ficou com as mãos feridas de punhaladas, como resultado das tentativas de se defender das investidas contra ele e as marcas dos golpes perduraram para o resto da vida dele.
Vovô Juvino contava que a mãe dele já era senhora de muita idade, mas mesmo assim não deixou de ser perseguida pelo sanguinário bando, que teria contado com a milagrosa ajuda divina para se salvar, justamente por força da fé dela, que a protegeu depois que ela entrou em pequeno quarto que exista no sítio próximo ao Casarão e o cangaceiro que a perseguia não conseguiu enxergá-la dentro desse recinto, que foi vistoriado por ele, inclusive tateando nas paredes.
Os danos, afora aos maus-tratos sofridos por Zuza, restringiram à destruição de material, sob forte ameaça com vistas à entrega de valores, principalmente joias e dinheiro, evidentemente diante da exuberância do Casarão, que deveria dar a impressão de ser habitado, por certo, por nobre endinheirado.
Finalmente, na minha infância, ouvia-se história extremamente fantasiosa e, de quebra, de cunho depreciativo, exatamente por não corresponder à realidade dos fatos, que se assenta no fato completamente diferente segundo a qual o famoso e corajoso Luís Rodrigues, enxergando a distância um bando de cangaceiros, teria se apressado em comunicar aos organizadores da defesa cívica do vilarejo que o bando de Antônio Silvino estava se aproximando para atacá-la.
Imediatamente, foram montadas as estratégias de combate e defesa com pouco mais de uma dezenas de Davis contra Golias, de sorte que o resultado todos sabem, conforme a brilhante e importante narrativa contada sobre a "Batalha do Arrojado” (título de minha autoria), dando cota de consagradora vitória de nossos pioneiros heróis contra o Bando de Lampião, cujo sucesso de bravuras mil é contada com orgulho pelos uiraunenses.
Não obstante, conta-se que nossos bravos heróis somente ficaram sabendo da verdade momentos depois da feroz batalha heroicamente tratava ingênua e hipoteticamente contra o bando de cangaceiros de Antônio Silvino, quando o caso era muito sério, por envolver, na realidade, a participação do temeroso Bando de Lampião, quando então aconteceram aqueles impensados alvoroços, tremedeiras, emergências intestinais, desmaios e outras situações desagradáveis, exigindo que o SAMU da época precisasse se multiplicar para conseguir pôr em ordem a desarranjada e crítica situação de saúde pública, porque teria ocorrido, na verdade, aquele caso popular da confusa história da venda de gato por lembre e todos levaram fé, acreditando piamente nela, dando a entender que a "Batalho do Arrojado" jamais teria ocorrido se o competente mensageiro tivesse anunciado a visita temível e indesejada do sanguinário Bando de Lampião.
É mentira Terta?
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 17 de junho de 2019


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