sábado, 8 de junho de 2019

O marco civilizatório


Os três Poderes da República resolveram firmar pacto de governabilidade, tendo, basicamente, o sentido de dizer o óbvio, o que não é mais novidade para ninguém, no sentido de que é preciso respeitar, cada qual, os limites de suas competências constitucionais e cumprirem, em conjunto, as suas missões institucionais.
O ministro da Casa Civil da Presidência da República adiantou que o documento para a formalização do pacto de entendimento entre os Poderes da República será assinado provavelmente na próxima semana.
O aludido pacto teve origem depois das manifestações de protestos feitas pelos brasileiros que desejam, entre outras medidas em beneficio da população, a aprovação da reforma da Previdência, do projeto anticrimes e da moralização da administração pública, como forma possível da viabilização da retomada do crescimento socioeconômico brasileiro, que vem encontrando obstáculos, de toda ordem, com a falta, principalmente, de entendimentos entre aqueles poderes, quando cada qual teima em ser protagonista do momento político, em verdadeira afronta ao texto constitucional, que é claro quanto à autonomia e à independência entre eles.
O ministro da Casa Civil avaliou a importância do pacto em causa, tendo afirmado que "Isso é algo extremamente importante. Da reunião de hoje se consolida a ideia de que se formalize um pacto de entendimento e algumas metas de interesse da sociedade brasileira a favor da retomada do crescimento brasileiro. Inclusive já há uma data proposta para que esse pacto possa ser assinado pelos presidentes dos poderes. Provavelmente na semana do dia 10 de junho".
Aquele ministro declarou que o pacto de entendimento em torno de "metas de interesse da sociedade" deve incluir, entre outras matérias importantes, a aprovação da reforma da Previdência, que vem castigando o sistema atual, com o déficit fiscal de R$ 50 bilhões ao ano, não permitindo folga orçamentária para investimentos.
O ministro da Casa Civil disse que “É claro que reformar o sistema previdenciário brasileiro é uma exigência. O Brasil está desequilibrado fiscalmente. Tem um déficit fiscal de R$ 50 bilhões por ano que tem origem só na Previdência. Claro que isso fez parte da conversa. Estão todos preocupados e todos querem construir um caminho onde o Brasil possa passar o portal do equilíbrio fiscal e aí ir para o caminho da prosperidade que é o que todos nós desejamos”.
Em princípio, as peças básicas do pacto, com previsão de união de esforços entre os três Poderes da República, tendo por objetivo a construção de agenda para a construção de cinco pontos principais, a saber: a) reforma da Previdência; b) reforma tributária; c) pacto federativo; d) segurança pública; e e) desburocratização da máquina pública.
Ao que se percebe, o objetivo do pacto é mostrar que, na reconstrução da pátria, nada será possível se não prevalecerem os princípios da harmonia e do entendimento entre os poderes, para que sejam imbuídos neles os sentimentos de sacrifício e trabalho em conjunto e em prol da convergência de entendimentos para a superação dos empecilhos causados pelas crises por que passa o Brasil.
O ministro lembrou que "Nós não podemos esquecer que o Brasil vive uma crise muito grave do ponto de vista da empregabilidade, das dificuldades do mundo da economia, e essa é uma possibilidade de que o Poder Executivo, o Poder Legislativo, através da representação da Câmara e do Senado, e do Poder Judiciário, possam dialogar a favor do Brasil".
Não há a menor dúvida de que qualquer forma de diálogo que leve à construção de agenda comum, com objetivos claros somente contribui para o aperfeiçoamento das relações de alto nível entre os dirigentes dos Poderes da República, cuja implementação das metas estabelecidas nela tenha por propósito o diálogo e a discussão das finalidades a serem alcançadas em prol do Brasil e dos brasileiros, que não suportam mais as desavenças e as vaidades em busca tão somente de protagonismo, que não se coaduna com a realidade brasileira.
É evidente que, nos países sérios, civilizados e evoluídos, em termos políticos e democráticos, não há a menor necessidade de pacto político, na forma agora cogitada para a consecução de coisa alguma, muito menos para se evitar que um ou outro poder fique se intrometendo e opinando de maneira indevida na seara dos outros poderes, porque não é politicamente correto e muito menos recomendável, levando ao entendimento sobre o sentimento que deflui de que quem muito se intromete na competência dos outros, termina atrapalhando e deixando de cumprir, com eficiência e efetividade, a sua missão institucional.
          Não obstante, a iniciativa é muito importante diante da possiblidade de o pacto puder estabelecer princípios no sentido de que, na forma da Constituição Federal, cada poder precisa cumprir com eficiência, competência e responsabilidade os deveres inerentes à sua alçada, de modo que o conjunto desse trabalho convirja exatamente para a conscientização sobre o que cada poder precisa fazer para se alcançar o caminha do tão almejado desenvolvimento socioeconômico, principalmente por meio da aprovação das medidas pertinentes às reformas e projetos em discussão.
          Quanto se fala em pacto, fica evidente que os envolvidos estão dispostos a deixar de lado os espíritos de vaidades e protagonismo, ficando decidido que o cerne dos objetivos pretendidos se transforma, na sua essência, na busca de solução dos problemas e caminhos que possam levar ao beneficiamento da causa pública, porque essa é a única via que já devia ter sido seguida há muito tempo, quando se estão em jogo os interesses dos brasileiros.
Enfim, o pacto político, que se encontra em construção, precisa sim ser assinado, o mais rapidamente possível, em clima do melhor entendimento entre os dirigentes dos Poderes da República, para que os constantes desentendimentos entre eles tenham término imediatamente e os seus objetivos passem a ser marco de nova mentalidade política entre as autoridades públicas que têm o compromisso e a responsabilidade de conduzir os destinos do Brasil ao rumo do horizonte da harmonia, da concórdia e da consciência de que o progresso nacional somente se constrói por meio da vontade e da união de esforços de todos os brasileiros.  
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 8 de junho de 2019


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