O
site do G1 publicou notícia para lá de emocionante, contando a magnífica história
de uma senhora da cidade de Várzea Grande, na região metropolitana de Cuiabá
(MT), sobre a sua decisão de adotar, como filho, um menino de apenas um ano, hoje
com 12 anos, que nasceu com agenesia do corpo caloso, má-formação congênita, com
o que, diante de tal doença, inexiste estrutura para a conexão dos dois
hemisférios cerebrais.
O
garoto também sofre de neuropatia crônica, possivelmente causada pela falha na
formação do cérebro, que atinge o sistema nervoso e afeta o desenvolvimento de
funções como a postura e os movimentos.
A
criança permanece, por todo tempo, deitado na cama e seu olhar e a única maneira
de comunicação com o mundo, sendo assistida e acompanhada 24 horas por dia,
pela mãe, uma heroína enfermeira de 56 anos.
Há
exatamente uma década, eles se encontraram pela primeira vez e o amor que ela sentiu
pelo garoto fez com que ele fosse adotado por essa senhora.
Os
graves problemas de saúde fizeram com que o garoto fosse abandonado pelos pais
biológicos antes de completar um ano, quando a mãe adotiva o conheceu e quis cuidar
dele, em definitivo e de forma integral.
É
interessante o carinho que a mãe adotiva demonstra pelo garoto, por ter dito que
"Eu sinto o mesmo amor pelos meus três filhos. Mas sei que me dedico
mais ao garoto do que me dediquei aos outros dois, porque eles sempre foram
saudáveis, se desenvolveram normalmente e foram saindo das minhas asas. Já o
Ronei, sei que vai estar sempre aqui e sempre vai precisar dos meus cuidados".
A
decisão de adotar o garoto, que sempre viveu em estado vegetativo, causou
espanto entre alguns conhecidos da enfermeira, porque, segundo ela, "Algumas
pessoas me desaconselharam, me disseram para viver uma fase mais tranquila,
pois meus filhos já estavam criados. Mas eu não tive dúvidas de que deveria
cuidar do Ronei. Ele é meu filho, assim como os outros dois que eu pari.”.
Depois
da piora do quadro de saúde da criança, antes da adoção, após uma crise de broncoaspiração,
ele foi levado para um lar para crianças, após pedido da equipe médica, pois os
profissionais consideraram que ele não recebia os cuidados adequados por parte da
família biológica.
Diante
dessa difícil situação, a enfermeira disse que "Fui atrás dele na casa
dos pais biológicos e da avó, mas ele não estava. Me disseram que ele estava no
Lar da Criança. Depois, descobri que ele estava internado no Pronto-Socorro de
Cuiabá".
O
garoto teve alta, mas não tinha lugar para ser levado, para a internação
domiciliar, porque os pais biológicos davam sinal de que não teriam condições
de cuidar dele, foi daí que a mãe adotiva resolveu adotá-lo judicialmente.
A
enfermeira trabalhava em dois empregos, mas foi obrigada a pedir a dispensa de
um deles, para se dedicar aos cuidados com a criança.
Ela
disse que "A juíza me convocou e pensei que os pais queriam a guarda
dele. Eu disse a ela que, caso eles quisessem de volta, seria um direito deles.
Mesmo que isso me entristecesse, não poderia fazer nada. Mas a juíza me disse
que os pais falaram que não tinham condições psicológicas, nem financeiras,
para ficar com o Ronei. Eles abriram mão do filho, disseram que eu poderia
criá-lo".
Segundo
a mãe adotiva, a juíza insistiu na explicação de que “Ela não era obrigada a
continuar com o garoto, caso não quisesse. Se a enfermeira não criasse Ronei,
ele seria levado a um lar para crianças aptas à adoção. Não tive
dúvidas, disse que o Ronei era meu filho e que ficaria com ele.".
A
mãe adotiva relatou que ela teve o apoio dos dois filhos e "A juíza me
perguntou duas vezes, porque queria que eu tivesse certeza da responsabilidade
que teria pela frente. Novamente, disse que era aquilo que eu queria. Não iria
abrir mão do meu filho.".
A
enfermeira disse que a decisão dela comoveu a magistrada, em razão do que ela
lhe declarara de que "A juíza me disse que nunca tinha chorado, mas
chorou naquele momento, porque ficou comovida com o meu caso.".
O
garota recebe ajuda profissional durante o dia, que o acompanha por força do serviço
incluído na home care.
A
mãe adotivas trabalha em um hospital no período da manhã e, fora do serviço,
ela faz tudo para não se distanciar do garoto.
Diante
da invalidez da criança, a mãe adotiva recebe um salário mínimo, referente a um
benefício que faz jus junto ao Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), para
ajudar nos cuidados com o filho, principalmente com serviços médicos.
Um
médico especialista ressaltou que não há cura para a grave enfermidade do
garoto e que, disse a mãe, essa falta de esperança de melhor futuro para ele, a
entristece, mas, apesar disso, ela afirmou que não se arrepende de ter passado
grande parte da última década se dedicando aos cuidados do filho, tendo
afirmado: "Parei muita coisa por ele. Mas é normal uma mãe fazer isso
por um filho. Uma médica me disse que ele viveria somente até os oito anos, mas
ele está aqui comigo até hoje. Acho que o que mantém vivo é o amor que ele
recebe".
À
toda evidência, esse é o tipo de história de vida que se resume em sublime amor
ao próximo, por que em meio às mais graves situações apresentadas por um ser humano,
com esse quadro de doença simplesmente irreversível, em que a vida praticamente
quase nem existe, em razão de o garoto ser mantido por meio de aparelhos, para continuar
apenas com o coração sob os efeitos da ajuda de criatura sobre-humana, em
relação aos demais filhos de Deus.
Nesse
cenário de extrema delicadeza, aparece um ser humano ímpar, uma criatura com as
qualidades angelicais e os dons divinos para cuidar com o verdadeiro amor maternal
de criança excepcional, acometida de doenças gravíssimas, mostrando o
sentimento de pureza extraordinário, que se revelou depois que os pais
biológicos decidiram abandonar seu filho, evidentemente diante das comprovadas
dificuldades psicológica e financeira.
O gesto
da enfermeira somente encontra definição no âmbito do intrínseco amor de mãe,
que, no pior das dificuldades, ainda encontra espaço no seu coração para adotar
e acolher criança praticamente sem vida e em condições de vida vegetativa,
diante das limitações impostas pelas graves doenças degenerativas.
Isso
mostra que há sim, neste mundo de Deus, muita nobreza no coração de pessoas
sensacionais, vinda das luzes divinas, que são capazes de propiciar ilimitada disposição
para a incorporação de tamanha dedicação ao ser humano, mesmo em condições de
extremo e imensurável sacrifício, em contexto que é muito difícil se encontrar palavras
apropriadas para esse belíssimo gesto humanitário.
Seria apenas
simplista se denominar amor incondicional, por se tratar de algo que deriva da magnanimidade
de Deus, que permite que pessoa iluminada se sacrifique tanto para ajudar seu
semelhante, com o sentimento mais nobre e autêntico, que é o da perfeição de mãe.
Essa
triste realidade faz suscitar a necessidade de se discutir o real valor da
vida, quando muitas pessoas defendem a eutanásia, para situações gravíssimas
como essa, em que a saúde do ser humano é decretada pela ciência como sem possibilidade
da recuperação plena, em condições normais de relações de sociabilidade, quando
os doutos poderiam ter o poder de demonstrar, por meios técnico-científicos,
sobre a inviabilidade de reversão do difícil quadro mórbido de saúde, em que o
possível sofrimento do doente poderia ser normalmente abreviado, como forma de
se permitir o verdadeiro sentido da vida, diante de situação fática e
inexorável, com todo respeito às crenças religiosas, que não podem permanecer à
margem dessa cristalina realidade sobre os fatos.
Há
quem seja contrário até mesmo em se pensar nessa terrível ideia de eutanásia,
mas valeria a pena a existência de vida que, na verdade, não se vive e ainda em
se pensar que mais tempo, menos tempo, o destino do doente nessa situação de
decretação de não vida é apenas indiscutível realidade?
O
caso desse garoto, à luz do sentido da eutanásia, sem dúvida, pode ensejar o
despertar sobre a necessidade quanto à reflexão, por parte de interessados,
religiosos e especialistas, em harmonia com a evolução da humanidade, à luz da
evolução da ciência, em especial.
Voltando
ao cerne da questão propriamente, verifica-se que a humanidade não está perdida,
porque ainda há muita gente que vive conscientemente o verdadeiro o amor pregado
por Deus, sob o princípio segundo o qual é preciso que nós nos amemos na
plenitude do sentido de cristandade, fraternidade e união no seio dos filhos do
Criador.
Sem
dúvida alguma, é admirável e louvável a Deus a existência de pessoa com as
qualidades dessa enfermeira muito além de heroína, que nem as graves adversidades
a impediram de demonstrar o seu enorme amor a uma criaturinha absolutamente
doente e rejeitada pelos pais biológicos, que realmente não tinham como cuidar
de seu filho, em condições delicadíssimas de saúde, conquanto a enfermeira
fosse a pessoa com condições ideais para administrar situação bastante
complicada e ainda de forma permanente, em evidente amor a um filho apenas do
coração.
Essa é
uma interessante lição de vida que tem como princípio o ensinamento de que é
preciso se olhar o ser humano muito além da forma física, diante da enorme possibilidade
de que Deus se faz presente em todos nós, de forma misteriosa, com a sua grandiosa
luz de amor nos corações das Suas criaturas, com disposição para amar o seu
próximo e que isso nos convida ao desafio de se olhar mais vezes para as
pessoas e os objetos antes do julgamento em definitivo sobre as coisas e os
fatos.
Talvez
essa mulher especial veja o mundo com a luz resplandecente de Deus e, na sua
singeleza de amor, seja a luz que precisa brilhar nos corações dos homens, com
a intensidade do amor.
Em
síntese, trata-se de história de mulher-mãe maravilhosa e abençoada por Deus,
que certamente fora escolhida por Ele por ter alma iluminada e lindo coração entre
os seres humanos, para mostrar absoluta grandeza do sentimento de amor que
precisa existir na natureza dos homens, a par de disseminar fantástica e belíssima
lição humanitária e de acolhimento ao próximo, em sintonia com o sagrado
Evangelho de Jesus Cristo, na parte que se resume ao ensinamento de que é preciso
amar ao próximo como a si mesmo, não importando as condições de vida.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 25 de junho de 2019
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