quarta-feira, 5 de junho de 2019

A dissonância da civilidade



O diário Chosun Ilbo afirmou que o responsável pelo trabalho preparatório antes do aludido encontro, em Hanoi, em fevereiro último, e que viajou até à capital vietnamita a bordo do trem privado do ditador, foi supostamente fuzilado por ter "traído o líder supremo", ao regressar dos Estados Unidos, depois da reunião.
Embora o jornal tenha citado fonte não identificada, ele garantiu que "Kim Hyok-chol foi executado em março no aeroporto de Mirim com quatro responsáveis do Ministério dos Negócios Estrangeiros, na sequência de uma investigação", tendo revelado que outras pessoas teriam sido executadas.
Um dos executados era o correspondente do emissário norte-americano nas negociações preparatórias da citada reunião, em Hanoi.
O diário indicou ainda que a intérprete do ditador coreano foi enviada para campo de presos, devido a erro cometido durante o encontro  em causa.
Há especulação no sentido de que a intérprete não traduziu a nova proposta do líder norte-coreano, quando o presidente norte-americano declarou que "não havia acordo" e deixou a mesa das negociações, de acordo com o jornal Chosun Ilbo, tendo por base fonte diplomática.
Os citados líderes encurtaram o encontro de Hanoi sem qualquer conclusão, acordo ou declaração comum, devido à impossibilidade de entendimento em relação ao desmantelamento dos programas nucleares de Pyongyang, em troca do levantamento das sanções econômicas impostas ao país asiático.
Um responsável do partido único no poder e correspondente norte-coreano do secretário de Estado norte-americano, nas negociações sobre a questão nuclear, também foi enviado para campo de trabalho forçado, segundo aquele jornal.
A comissão parlamentar sobre informações sul-coreana afirmou que aquele responsável tinha sido sancionado pela gestão do encontro de Hanoi, em que pese ter sido nomeado recentemente para a Comissão de Assuntos de Estado, o primeiro órgão do governo norte-coreano, que é presidido pelo líder do regime comunista daquele país.
As notícias sobre a anunciada execução foram publicadas depois de o Rodong Sinmun, órgão oficial do partido no poder na Coreia do Norte, ter esclarecido que os agentes que cometerem atos hostis ao partido ou antirevolucionários seriam confrontados com o "julgamento severo da revolução", ou melhor interpretando, com a execução sumária ou castigos dolorosos em campos de trabalhos forçados.
Eis aí, sem meia palavra, pequena amostra sobre o que seja o verdadeiro sentimento dos trogloditas que praticam e defendem a "sublime" ideologia socialista ou comunista, em cujo regime os aliados e importantes assessores do governo são tratados com o devido "carinho", ou seja, com a execução ou a reclusão em presídio, evidentemente sem nenhuma investigação séria ou direito a prestar justificativa em sua defesa, sendo tudo realizado apenas com base na decisão truculenta e severa do líder supremo, quando há algo errado nos negócios envolvendo os interesses do Estado norte-coreano.
Tempos atrás, o mesmo ditador mandou executar seu tio, por motivo fútil, que pode custar a vida, de forma absolutamente cruel e desumana, mostrando que a preciosidade da vida, nos países civilizados, não tem a menor importância diante da perturbação ou do estado emocional do tirano, que tem o poder de castigar com a pena de morte ou o recolhimento em campo de presos ou concentração, com a obrigação de trabalhos forçados e penosos.
Nesses casos, os deslizes ou falhas têm o nome de traição ao regime, especialmente quando os entendimentos cogitados não se concretizam na forma tal qual como pretendidos pelo ditador, conforme a barbárie ocorrida após o malsucedido encontro de Hanoi, onde não houve acordo algum e despertou a ira do ditador norte-coreano.
Diante dessa monstruosidade contra o ser humano, custa acreditar que pessoas que vivem em país civilizado e evoluído, que tem a vida valorizada como o bem mais importante de todos, merecedora também de todas as garantias inerentes às liberdades individuais, compreendendo, em especial, o usufruto dos direitos plenos e próprios do ser humano, além do respeito e à observância aos princípios democráticos, estruturados em pilares garantidores dos fundamentos de civilidade e dignidade vinculadas ao homem, ainda se mostram simpatizantes e defensoras de regimes totalitários, desumanos, cruéis e violentos, cujo pensamento ideológico com base no socialismo/comunismo é exatamente esse de completo e extremo desrespeito aos conceitos de racionalidade, humanidade, civilidade, em que a vida é apenas um detalhe, porque nada tem valor sob o prisma pessoal do ditador, que, em absoluto, não pode ser contrariado, sob pena da aplicação de castigos severos e violentos, contrários aos princípios humanitários.
À toda evidência, ante os maus-tratos e a truculência dos ditadores dos países sob o regime socialista ou comunista, causa enorme perplexidade ainda se perceber a existência de expressivo contingente de seguidores da maldita ideologia que dá sustentação a esse desgraçado sistema político de governo, em cristalina evidência de que os defensores da esquerda não se sensibilizam diante desses atos de pura atrocidade contra o ser humano, que tem a vida desprezada, desvalorizada, sem o sentido da dignidade como ser humano, que não é respeitado e muito menos protegido nos seus direitos fundamentais, como se isso apenas fizesse parte natural da famigerada ideologia que somente valoriza o poder em si, que, em tese, é a essência das revoluções para alcançá-lo, sempre por meio de processos dolorosos, onde a vida humana é completamente ignorada, sendo que o povo serve apenas como massa de manobra.
Infelizmente, nesses casos de governos déspotas e tiranos, tendo por base a aferrada ideologia ensinada pelo regime comunista ou socialista, a dignidade do ser humano perde valor, para dá espaço ao poder, em termos de importância capital para o Estado e o pior é que a esquerda se curva a essa debilidade mental, se prostrando normalmente aos pés de lideranças que não passam de verdadeiros brutamontes destituídos de sentimentos e sensibilidades, porque eles são o todo-poderoso que podem cometer barbaridades contra o ser humano, mas mesmo assim ainda são venerados por seus seguidores da esquerda, que igualmente não passam de seres insensíveis e incapacitados de repudiar atos insanos e desumanos.
Será que não valeria a pena se refletir sobre a real validade, em termos de sentimento humano, sobre os maus-tratos ao semelhante, em nome de famigerada ideologia, que vem sendo colocada acima de tudo e de todos, inclusive dos princípios humanitários e dos direitos humanos, diante da sede do poder absoluto, que apenas beneficia círculo restrito de lideranças, a nata do poder totalitário?
Sob o ponto de vista humanitário, o Homo sapiens demonstra gigantesca e injustificável fragilidade, por se transformar, de forma consciente e pacifica, em animal absolutamente irracional e insignificante diante da espécie, quando acha normal o seu apoio dado a ditadores insanos e insaciáveis, para a prática de atos de pura selvageria contra o seu semelhante, como tem sido forma banalizada e comum nos países de regime socialista ou comunista, onde os princípios humanitário e democrático simplesmente são inexistentes, diante da prevalência do poder absoluto e totalitário, afeitos às suas conveniências políticas e ditatoriais.        
 Nesse lastimável episódio da Correia do Norte, denunciado pela mídia, fica a importante lição de que é realidade insofismável o desprezo aos princípios essenciais inerentes ao ser humano, quanto ao salutar respeito à sua dignidade, que é simplesmente exposta, em absoluta fragilidade, à fúria dos ditadores, que empregam a força bruta do totalitarismo como instrumento dissonante dos fundamentos da civilização moderna.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 5 de junho de 2019

Nenhum comentário:

Postar um comentário