sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

A quem responsabilizar?

 

Em ambiente de discussão sobre a segurança das urnas eletrônicas, eis que aparece interessante indagação sobre a quem cai a responsabilidade no caso da derrota do atual presidente da República, evidentemente por conta da culpa do sistema eleitoral.

À toda evidência, a resposta parece ser a mais óbvia possível, no caso de se lançar forte suspeita sobre fraudes na contagem de votos, diante da manipulação dos resultados, com o uso das urnas eletrônicas.

Em se tratando de país que tem como regência o Estado Democrático de Direito, caso o presidente do país não seja reeleito, por culpa do uso das urnas eletrônicas, é o  caso da imediata apuração dos fatos, para o fim de se estabelecer responsabilidades, na extensão das circunstâncias, quando, depois disso, seja possível se atribuir a questionada culpa .

Agora, não se pode, desde já, à luz dos princípios do bom senso e da racionalidade, se colocar culpa nas urnas eletrônicas, como vem fazendo, de maneira absurdamente equivocada e precipitada, o próprio presidente e muitos seguidores inconformados com a possível derrota nas urnas, dando a entender que a culpa de ele perder para o pior político da face da Terra, em termos de moralidade pública, assim entendido por força das denúncias sobre a prática de atos irregulares, cuja autoria é atribuída a ele, seja exclusivamente das urnas eletrônicas.

Isso somente cabe nas cabeças vazias de positivas motivações, quando seria aconselhável, antes de prognóstico tão desesperador e derrotista, se avaliar se muitas deficiências atribuíveis ao desempenho do governo não poderiam sinalizar para a elevada rejeição à pessoa do presidente do país, que conseguiu atrair para ele uma gama de fatores incompatíveis com o exercício do principal cargo da República.

Nesse contexto, tem como principal motivação a insensibilidade dele, entre outros sentimentos impopulares, aos princípios humanitários, cabalmente demonstrada por meio do negativismo na condução das medidas de combate à pandemia do coronavírus, em que ele se colocou como o antídoto das orientações oficiais, tendo chegado ao ponto do desrespeito de chamar as pessoas de maricas, por temerem o terrível vírus, dando a entender que não havia nenhuma gravidade nem perigo a ser temido pelas pessoas, embora o estrago causado pela Covid-19 já é responsável por levar à morte mais de 600 mil brasileiros e isso ainda é insuficiente para sensibilizar coração empedernido e carente de amor humano, conforme mostram os fatos do cotidiano.

A verdade é que, possivelmente, deve bater aquela onda de terror na consciência do presidente do país só em se imaginar em perder logo para o político carregado de processos penais sobre seus ombros, motivados que foram pela suspeita do recebimento de propina e isso seria mais do que suficiente para se ganhar facilmente a eleição, caso ele tivesse agido com o mínimo de racionalidade e sensatez, repita-se, no combate à grave crise da pandemia do coronavírus.

Não deve ser nada fácil para o presidente do país, que tem o poder na mão e, em princípio, tudo pode fazer em seu benefício, ser obrigado a engolir tamanho vexame político, porque a possível derrota, nessas circunstâncias, significa que ele, perante os eleitores, é ainda pior do que político desmoralizado, por não ter convencido os brasileiros diferentemente do estado de mediocridade como ele vem sendo concebido, porque o seu governo, se realmente derrotado nas urnas, seria considerado ainda mais desprezível do que o seu opositor, tanto que assim terá que aceitar o veredicto do sufrágio universal, que contém a avaliação e a vontade soberana do povo.

Para o presidente do país, que já vislumbra possível derrota, à luz das pesquisas, inclusive realizadas pelo Palácio do Planalto, à primeira vista, uma das saídas honrosas é a de se culpar logo as urnas eletrônicas, mesmo que não se tenha elementos palpáveis e plausíveis para se provar algo nesse sentido, mas, pelo menos, tem-se a desculpa aventada de longa data.

Ou seja: "eu não disse que as urnas são fraudáveis?", evidentemente que o ideal seria o presidente do país resolver trabalhar sobre algo diferente disso, porque essa ideia se transforma no pior pensamento para o perdedor, sabendo que ele ainda dispõe de muito tempo para se inverter a tendência do eleitorado, pelo menos, tendo por base as pesquisas divulgadas que, fidedignas ou não, elas mostram forte rejeição ao seu nome, mas isso pode perfeitamente ser alterado, mediante a adoção de estratégias favoráveis ao perfil de estadista mais afável e simpático aos anseios da população.

Infelizmente, o presidente do país se tornou verdadeiro cabo eleitoral do pior político da face da Terra, em razão das suas intransigência, intolerância, insensibilidade, além do seu arraigado negativismo, que teve forte peso na sua impopularidade, não à toa, conforme mostram os fatos.

Ao contrário disso, o presidente do país seria imbatível nas urnas, mas a sua inexperiência política contribuiu, de maneira decisiva, para o enfraquecimento dos seus propósitos políticos, conforme mostram os fatos, à vista da preferência de pessoas consultadas, dando chance, em forma de esperança política à pessoa que representa a pior qualidade moral, diante das denúncias de irregularidades em tramitação na Justiça e que são do conhecimento dos brasileiros.

À toda evidência, em avaliação rasa, pode-se concluir que o Brasil não merece ser presidido senão por quem respeite os princípios republicanos, em estrita defesa da ética, moralidade, probidade, legalidade, responsabilidade, entre outras condutas inerentes à licitude na administração pública, que tem por finalidade a satisfação dos interesses da população.  

Espera-se que os brasileiros honrados e dignos possam avaliar, de forma objetiva, o verdadeiro sentido da grandeza do Brasil e se dignem a eleger somente os homens públicos que se identifiquem com os princípios republicanos, comprovando o seu compromisso de trabalhar em defesa do interesse da sociedade.

A verdade é que os brasileiros honrados torcem pela máxima segurança das eleições, com a maior licitude possível nas apurações, mas o principal agente fica por conta do eleitor, que precisa se conscientizar de que o Brasil merece ser presidido por quem tenha reais condições para representá-lo por seus atributos de moralidade, idoneidade, sensibilidade humana, entre outros, que dignifiquem a nação e o seu povo.

Brasília, em 18 de fevereiro de 2022

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