quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

Estratégia ineficiente?

 

O presidente da República aproveitou a sua live semanal para atacar o ex-presidente da República petista, sob a alegação de que ele teria feito uso indevido do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e fazer reiteradas alertas sobre os inevitáveis riscos que advirão quanto à volta dele ao poder.

O presidente brasileiro afirmou que a eleição daquele famoso político seria "um crime", tendo ressaltado que "está no DNA do PT fazer essas besteiras".

O presidente do país declarou que "Vai acontecer o que aconteceu no passado, não vai ser diferente. O que tem de informações aqui eu não tenho prova, né, que está tudo pronto o futuro possível governo do Lula. Muitos desses atores vão retornar. E vão voltar fazendo a mesma coisa ou até pior. Acho até que se eles voltarem, vão voltar para nunca mais sair daqui".

O chefe do Executivo afirmou que "Então não é um retrocesso, é um crime que se vai fazer reconduzindo à cena do crime o cara que comandou o país por oito anos".

Não é a primeira vez que o presidente do país afirma, em tom de questionamento, sobre o que poderá acontecer caso o seu principal opositor vença a disputa presidencial, tendo por base apenas ilação, que não oferece a necessária segurança sobre o pode realmente vir a acontecer.

O presidente do país utiliza os referidos fatos envolvendo o BNDES para atacar o seu principal opositor na disputa eleitoral, visto que ele vem liderando as pesquisas de intenção de voto, com larga vantagem, e isso não condiz com os atos nefastos implementados no governo dele, a exemplo da irregular remessa do dinheiro dos brasileiros para países comandados por ditadores.

Convém anotar que os recursos desviados da finalidade originária somente deveriam ter sido aplicados em benefício da população do Brasil, à vista do que dispõe a lei instituidora daquele banco, quanto mais que se tratava de dinheiro inerente ao seguro dos trabalhadores brasileiros.

Não há a menor dúvida de que bateu o desespero no semblante do presidente do país, por dignar-se a perder tempo, fazendo acusações nitidamente inúteis, intempestivas e infantis, embora elas sejam da maior gravidade, na tentativa para reverter resultado de pesquisas indiscutivelmente fajutas e insustentáveis, a quase “ano-luz” das eleições, quando então ele deverá expor, de maneira competente e profissional, os reais podres do seu opositor, com a finalidade de desmascará-lo, por meio da indicação das falcatruas atribuíveis à autoria dele, tendo a competência de apresentar as provas do crime mencionado por ele.

          A verdade é que o presidente do país tem todos os meios para produzir o maior arsenal de propaganda capaz de emparedar o seu principal opositor, bastando apenas utilizar, de forma competente e inteligente, os astronômicos recursos inerentes aos podres que foram produzidos pelo próprio candidato opositor, no governo dele, inclusive no que se referem aos escândalos do mensalão e do petrolão.

A infantilidade do presidente do país é bastante perceptível, por suscitar, agora, fatos que ele poderia usar apenas no momento oportuno, que é na campanha eleitoral, porque o mais iniciante amador na política interpreta a atitude do mandatário como demonstração de inquietação e vontade de mostrar as sujeiras protagonizadas e tantas outras que ele tem capacidade para produzir e reincidir, tudo em contrariedade aos princípios republicano e democrático.

É curioso que o presidente do país não perceba que as acusações feitas por ele, na sua live, são absolutamente questionáveis, por se tratar de programa que é reservado para o uso dele, que deveria ser usado somente para tratar de assuntos relacionados com a Presidência da República, que é realmente o caso vinculado ao mandato, sem nenhuma vinculação com propaganda eleitoral, que é o caso.

Ou seja, as acusações feitas pelo presidente não se encaixam nos propósitos que precisam dizer estritamente ao interesse público, conquanto se alegar as imundícies de outrem reforge à sua competência constitucional de presidente do país.

Certamente que o presidente do país precisaria se concentrar exclusivamente nas suas tarefas, procurando centralizar as suas atenções para a implementação de seus encargos e procurando realizar excelente governo, cujos resultados do seu trabalho poderia ser objeto de exploração no pleito eleitoral, exatamente como propaganda eleitoral, quando ele poderia indicá-lo como motivo a justificar o pedido do voto do eleitorado.

O presidente do país poderia imaginar que os argumentos adiantados agora perdem total validade na campanha, porque, quando muito, eles serviriam apenas como repetição de algo que não produziu efeito algum, neste momento, salvo para rebaterem os resultados das pesquisas, sendo que isso não tem a menor valia.

Enfim, diz o ditado que cada cabeça, uma sentença, em que, no caso, o presidente da República poderia ser um pouco mais astuto e profissional, em termos políticos, para somente tratar da campanha eleitoral exatamente no período legalmente autorizado, de modo que o eleitor pudesse ser informado sobre os fatos de interesse nacional.

Nessa ocasião, o presidente do país poderá usar importantes recursos, aproveitando a inteligência própria da publicidade de campanha, para destruir moralmente o seu principal opositor, que não tem condições de resistir aos argumentos poderosos a serem facilmente produzidos e divulgados, nos termos da lei eleitoral, porque contra fatos não há argumentação.

Caso o presidente do país tivesse um pouco mais de estratégia militar, ele procuraria se inteirar das estratégias da surpresa, como emprego de tática para o lançamento de petardos contra o seu principal opositor, que seria facilmente dominado e vencido pelos elementos que jamais deveriam ser adiantados agora, a exemplo desse escandaloso caso do BNDES, diante da sua gravidade, em termos de interesse dos brasileiros, mas o seu efeito como denúncia vai perdendo importância com o tempo, até a campanha eleitoral, por oportunizar  que o acusado cuide de se defender, com contra-argumentos sobre os fatos.

Ou seja, a ingenuidade do presidente é de tamanha vulnerabilidade que o faz antecipar os fatos que deveriam apenas servir de acusação no momento da campanha, justamente para que o seu opositor tivesse dificuldade para se defender, em se tratando de elemento surpresa.

É aconselhável que o presidente do país faça emprego das inteligências militar e política para somente se manifestar somente no momento apropriado da campanha eleitoral, na forma da lei, para que, objetivamente, as suas acusações e críticas ao seu principal opositor surtam o efeito de informação útil aos propósitos da sua reeleição, tendo por base elementos poderosos da verdade que estejam em sintonia com os interesses nacionais.              

Brasília, em 2 de fevereiro de 2022

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