quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

Nanismo diplomático

         O presidente da República se encontra em Moscou, em cumprimento de visita oficial, negociada em novembro do ano passado, pelo ministro das Relações Exteriores, cuja viagem pode ter consequência bastante negativa, em razão do conflito bélico iminente entre russos e ucranianos. 

        O candidato o ex-juiz da Operação Lava-Jato criticou a viagem do presidente do país à Rússia e o chamou de “trapalhão”, em publicação postada nas redes sociais.

        O ex-ministro da Justiça do atual governo afirmou que “Bolsonaro tem a incrível capacidade de estar no lugar errado e na hora errada. Sua inexplicável ida à Rússia neste momento nos antagoniza com todo o Ocidente e é mais um constrangimento para a diplomacia brasileira”.

        Foco da maior crise diplomática internacional, a Rússia vive escalada de tensão com a Ucrânia, país vizinho que pode ser invadido a qualquer momento, segundo as agências noticiosas. 

        O presidente brasileiro foi a Moscou para cumprir agenda com o presidente russo e empresários daquele país, na tentativa da assinatura de diversos contratos comerciais.

        O presidente brasileiro disse que a viagem à Rússia é uma oportunidade para “estreitar laços diplomáticos e comerciais.”, só que a situação de tensão diplomática ali existente aconselharia que ela fosse simplesmente adiada para ocasião de plena tranquilidade, para o bem dos interesses dos países.

        Não é novidade para ninguém que a Rússia se encontra completamente envolvida com a crise diplomática com a Ucrânia, estando na iminência de ordenar a invasão  de tropas àquele país, em eclosão de indesejável guerra.

        Qualquer estadista com o mínimo de sensibilidade e racionalidade políticas haveria de compreender que este momento não é ideal para o mandatário de nação seria e evoluída, em termos diplomáticos e administrativos, participar de reunião com o presidente de país que está integralmente convivendo em intrincado ambiente de guerra, muito mais preocupado com as estratégias e as táticas de invasão e combate de suas tropas.

        Isso vale dizer que a viagem do presidente brasileiro a Moscou pode se resumir em verdadeira titica de ursos, uma vez que o presidente da Rússia está com seus holofotes exclusivamente em direção à Ucrânia, com o pensamento na guerra, que é muito mais importante do que encontro diplomático, que poderia perfeitamente ser adiado para ocasião muito oportuna e propicia às negociações.

        Somente um presidente sem noção programaria visita diplomática a pais que vive dia e noite em clima tenso de pré-guerra, de modo que o sentimento pretendido de estreitamento de laços diplomáticos e comerciais parece muito mais com miragem de quem é completamente insensível à realidade dos fatos e são todos da mesma natureza, conforme mostra o dia a dia do governo.

        Não há a menor dúvida de que já passou do tempo de o presidente brasileiro passar a ser orientado por corpo de celebridades em condições de mostrar para ele o verdadeiro significado dos princípios do bom senso e da racionalidade, no que tange às funções e aos encargos presidenciais, de modo que ele poderia ser despertado para a necessidade de raciocinar como deve proceder o verdadeiro estadista, somente atuando depois de medir os riscos e as consequências de todos os empreendimentos sob a sua alçada.

        Essa forma de atuar teria mostrado que o resultado da visita do presidente à Rússia não passa de estrondoso fiasco, mesmo que alguns tratados possam ser assinados, o que seria bem diferente se o encontro dos líderes brasileiro e Russo acontecesse em momento de tranquilidade, em clima de paz e harmonia diplomáticas, como fazem normalmente os mandatários de países civilizados. 

        De qualquer modo, nesse caso da viagem à Rússia, fica a clara impressão de que a diplomacia do Brasil é extremamente despreparada e incapaz de se antecipar aos fatos e convencer o presidente do país  de que, para os interesses comerciais e diplomáticos ansiados, o momento belicista naquele país se torna grande risco, em termos de resultados, à vista, em especial, dos altíssimos custos da viagem, que poderia render outros frutos, em condições de normalidade.

        Convém que a diplomacia brasileira se esforce para corresponder às expectativas da grandeza continental do Brasil, de modo que sejam evitadas situações vexatórias como essa de o presidente brasileiro visitar país em plenos preparativos pré-guerra, com indiscutível risco de resultarem em fiasco as negociações previamente agendadas.  

        Brasília, em 16 de fevereiro de 2022


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