Segundo a imprensa, a estratégia
do presidente da República de voltar a agredir o sistema eleitoral, deixando de
lado, por ora, os reiterados ataques públicos à imunização da Covid-19, faz
parte de movimento calculado e aconselhado pelos integrantes do grupo que
coordena sua reeleição.
Na avaliação do núcleo da
campanha, liderado, pasmem, pelo Centrão, o presidente do país cai nas
pesquisas sobre preferência de voto quando faz campanha contra a vacinação, uma
vez que ela conta com ampla maioria dos brasileiros sensatos e, em contrapartida,
ajuda a ampliar a vantagem do seu principal opositor ao cargo presidencial, que
desponta como favorito à disputa ao cobiçado trono do Palácio do Planalto.
O comitê de reeleição do
presidente, que une militares e o Centrão, concluiu que convém que ele "esqueça
as críticas à vacina" até a eleição, para evitar maior desgaste à
imagem presidencial.
O diagnóstico desfavorável ao desempenho
do presidente do país permitiu a mudança de atitude e de discurso, passando a
se preocupar com as urnas, embora ele não disponha de argumento algum para defender
o que ele considera justo e importante para a sua reeleição.
A verdade é que a inquietação inata
do presidente do país depende muito do seu estilo bélico de ser, que ele faz
questão de incorporar à estratégia eleitoral, sob os cuidados do Centrão, em
harmonia com os filhos dele, que se consideram o suprassumo em marketing político.
O certo é que a nova estratégia do
presidente conta também com o apoio de ministros da ala política, por entenderem
que a ideia de voltar a duvidar fortemente das urnas agrada positivamente o seu
público fiel e cativo, com a vantagem de minimizar o impacto nas pesquisas de
opinião pública, com o abandono ao virulento e arraigado negacionismo, que já
se tornou marca registrada da insensibilidade humana.
Isso
é o que se pode denominar de presidente sem muita convicção, em termos de propósitos
políticos, que permite ser dirigido e orientado bisonhamente por equipe sem a menor
qualificação, precisando ser socorrido por orientadores amadores, em forma de
estratégia camaleônica, tendo ele que se ambientar ao sabor dos ventos, na
tentativa de sobreviver politicamente, ao se submeter à orientação requentada e
sem a menor objetividade, em termos de trunfos estratégicos, em clara demonstração
de despreparo em nível de publicidade política, diante da falta de criatividade
em benefício do candidato.
O
presidente do país precisa se conscientizar de que essa forma de escorregadia esperteza
de campanha tem seu preço, que é exatamente a crescente perda de popularidade,
em razão do seu comportamento de insegurança, que se estabelece em harmonia com
a conveniência e a opinião de marqueteiros pueris e ingênuos, com a criação de
ideias que nada acrescentam ao currículo do candidato, que já comete enorme
erro, em ter antecipado a sua campanha à reeleição.
O
ideal mesmo era o presidente do país intensificar a implementação de bons
projetos em benefício da população, afirmando sempre que ainda não tem espaço
para cuidar de campanha, embora seja o que ele mais vem fazendo, aproveitando
indevidamente do cargo, para se promover politicamente, que é algo indiscutivelmente
irregular e inadmissível, em República com o mínimo de seriedade, em termos
políticos.
Ou
seja, para agradar o seu auditório limitado aos cada vez mais reduzidos bolsonaristas
fanatizados, que acham engraçado tudo o que o presidente diz e faz, ele é capaz
de mudar de opinião como as nuvens mudam de posição, em instantes, como verdadeiro
boneco do ventríloquo que faz o que os outros decidem por ele, bastando apenas
que o Centrão e a sua trupe digam o que for preciso para agredir e criticar as
urnas, como forma de se manter na mídia, para mostrar o poder presidencial, mas,
de repente, os ventos podem mudar, na expectativa de que logo possa surgir
outro avo melhor para ser criticado, em forma de satisfação da mesquinharia política,
que não acrescenta nada de positivo à reeleição.
Infelizmente,
trata-se de presidente que tem enorme dificuldade para se orientar por conta
própria, ficando à mercê das orientações estratégicas de segmentos sem nenhuma
credibilidade, a exemplo do Centrão, que ele cognominou, na sua campanha eleitoral
anterior, de abominável artífice da velha política, em forma de verdadeiros políticos
aproveitadores, que agora esse grupo passa a ser responsável por suas estratégias
políticas e o resultado parece natural, com a sucessiva queda de popularidade.
A
ideia que se tem é a de que o presidente da República tenha maturidade
suficiente para ditar o seu próprio destino, como homem público que tem a
incumbência de estudar, analisar e decidir sobre os mais relevantes assuntos de
interesse nacional, sem necessidade senão de contar com assessoramento de primeira
qualidade, em termos de experiência e conhecimento sobre matérias relevantes do
país, de modo que as suas decisões político-administrativas sejam as mais brilhantes
possíveis, com a finalidade de satisfazer às ansiedades da população e não às
suas conveniências, que parece estas serem o caso, infelizmente.
Não
obstante, os fatos do dia a dia mostram completa fragilidade de quem tem a
incumbência de decidir sobre os principais assuntos de interesse do Brasil,
quando ele demonstra ser guiado por grupos interessados em captação da melhor
estratégia política em seu favor, em forma do aproveitamento da situação, sem
ter o menor compromisso senão com a conveniência sobre a popularidade do
presidente e até que fosse assim, desde que o alvo das estratégias tivessem a
representatividade de algo que realmente fizesse sentido, em benefício da
sociedade.
É
extremamente deplorável o recarrego das baterias presidenciais, para se voltar a
criticar a precariedade das urnas, quando a última tentativa dele resultou apenas
em decepcionante malogro presidencial, que precisaria se envergonhar de ter
feito verdadeiro alerde sobre possíveis insegurança do sistema eleitoral e depois
se retirou do cenário com a viola no saco, sem ter conseguido apoio nem mesmo
do Centrão para o seu ambicioso projeto de aperfeiçoamento das urnas, uma vez os
congressistas desse grupo ajudou a sepultar o referido projeto de mudança.
A
precariedade imaginativa do presidente do país é tão curta que ele fica cuidando
de táticas de campanha eleitoral, quando, no presente momento, ele é o chefe do
Executivo e, se ele tivesse real consciência disso, seria o primeiro a recusar
qualquer forma de comportamento ou de atitude que não tivesse vinculação ao
cargo propriamente de chefe do Executivo, deixando que os assuntos relacionados
com a reeleição passem a ser tratados no momento adequado, uma vez que eles são
distintos e a sua atenção voltada para reeleição é bastante prejudicial ao
normal exercício do cargo presidencial, quando, na verdade, ele não consegue
cuidar e dar atenção aos dois casos ao mesmo tempo.
Enfim, nada impede que se critique novamente as urnas eletrônicas, considerando que realmente o seu sistema operacional precisa de urgente aperfeiçoamento, porém não surgiu nada de novo depois das frustradas tentativas anteriores, fato este que significa falta de bom senso e racionalidade voltar às mesmas críticas do passado, na perspectiva de que elas hão de resultar em absolutamente nada, salvo em perda do tempo presidencial, que poderia ser muito bem empregado em algo efetivamente útil à sociedade.
Convém
que o presidente da República se esforce para distinguir os encargos para os
quais ele foi eleito, quanto a presidir o Brasil assoberbado de matérias
relevantes, de interesse nacional, em relação aos assuntos inerentes à reeleição,
uma vez que esta ainda se distancia da previsão legal de início, quando então somente
devem ser tratadas as questões inerentes à disputa presidencial.
Brasília,
em 19 de fevereiro de 2022
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