sábado, 19 de fevereiro de 2022

Críticas às urnas eletrônicas?

 

Segundo a imprensa, a estratégia do presidente da República de voltar a agredir o sistema eleitoral, deixando de lado, por ora, os reiterados ataques públicos à imunização da Covid-19, faz parte de movimento calculado e aconselhado pelos integrantes do grupo que coordena sua reeleição.

Na avaliação do núcleo da campanha, liderado, pasmem, pelo Centrão, o presidente do país cai nas pesquisas sobre preferência de voto quando faz campanha contra a vacinação, uma vez que ela conta com ampla maioria dos brasileiros sensatos e, em contrapartida, ajuda a ampliar a vantagem do seu principal opositor ao cargo presidencial, que desponta como favorito à disputa ao cobiçado trono do Palácio do Planalto.

O comitê de reeleição do presidente, que une militares e o Centrão, concluiu que convém que ele "esqueça as críticas à vacina" até a eleição, para evitar maior desgaste à imagem presidencial.

O diagnóstico desfavorável ao desempenho do presidente do país permitiu a mudança de atitude e de discurso, passando a se preocupar com as urnas, embora ele não disponha de argumento algum para defender o que ele considera justo e importante para a sua reeleição.

A verdade é que a inquietação inata do presidente do país depende muito do seu estilo bélico de ser, que ele faz questão de incorporar à estratégia eleitoral, sob os cuidados do Centrão, em harmonia com os filhos dele, que se consideram o suprassumo em marketing político.

O certo é que a nova estratégia do presidente conta também com o apoio de ministros da ala política, por entenderem que a ideia de voltar a duvidar fortemente das urnas agrada positivamente o seu público fiel e cativo, com a vantagem de minimizar o impacto nas pesquisas de opinião pública, com o abandono ao virulento e arraigado negacionismo, que já se tornou marca registrada da insensibilidade humana.

Isso é o que se pode denominar de presidente sem muita convicção, em termos de propósitos políticos, que permite ser dirigido e orientado bisonhamente por equipe sem a menor qualificação, precisando ser socorrido por orientadores amadores, em forma de estratégia camaleônica, tendo ele que se ambientar ao sabor dos ventos, na tentativa de sobreviver politicamente, ao se submeter à orientação requentada e sem a menor objetividade, em termos de trunfos estratégicos, em clara demonstração de despreparo em nível de publicidade política, diante da falta de criatividade em benefício do candidato.

O presidente do país precisa se conscientizar de que essa forma de escorregadia esperteza de campanha tem seu preço, que é exatamente a crescente perda de popularidade, em razão do seu comportamento de insegurança, que se estabelece em harmonia com a conveniência e a opinião de marqueteiros pueris e ingênuos, com a criação de ideias que nada acrescentam ao currículo do candidato, que já comete enorme erro, em ter antecipado a sua campanha à reeleição.

O ideal mesmo era o presidente do país intensificar a implementação de bons projetos em benefício da população, afirmando sempre que ainda não tem espaço para cuidar de campanha, embora seja o que ele mais vem fazendo, aproveitando indevidamente do cargo, para se promover politicamente, que é algo indiscutivelmente irregular e inadmissível, em República com o mínimo de seriedade, em termos políticos.  

Ou seja, para agradar o seu auditório limitado aos cada vez mais reduzidos bolsonaristas fanatizados, que acham engraçado tudo o que o presidente diz e faz, ele é capaz de mudar de opinião como as nuvens mudam de posição, em instantes, como verdadeiro boneco do ventríloquo que faz o que os outros decidem por ele, bastando apenas que o Centrão e a sua trupe digam o que for preciso para agredir e criticar as urnas, como forma de se manter na mídia, para mostrar o poder presidencial, mas, de repente, os ventos podem mudar, na expectativa de que logo possa surgir outro avo melhor para ser criticado, em forma de satisfação da mesquinharia política, que não acrescenta nada de positivo à reeleição.

Infelizmente, trata-se de presidente que tem enorme dificuldade para se orientar por conta própria, ficando à mercê das orientações estratégicas de segmentos sem nenhuma credibilidade, a exemplo do Centrão, que ele cognominou, na sua campanha eleitoral anterior, de abominável artífice da velha política, em forma de verdadeiros políticos aproveitadores, que agora esse grupo passa a ser responsável por suas estratégias políticas e o resultado parece natural, com a sucessiva queda de popularidade.

A ideia que se tem é a de que o presidente da República tenha maturidade suficiente para ditar o seu próprio destino, como homem público que tem a incumbência de estudar, analisar e decidir sobre os mais relevantes assuntos de interesse nacional, sem necessidade senão de contar com assessoramento de primeira qualidade, em termos de experiência e conhecimento sobre matérias relevantes do país, de modo que as suas decisões político-administrativas sejam as mais brilhantes possíveis, com a finalidade de satisfazer às ansiedades da população e não às suas conveniências, que parece estas serem o caso, infelizmente.

Não obstante, os fatos do dia a dia mostram completa fragilidade de quem tem a incumbência de decidir sobre os principais assuntos de interesse do Brasil, quando ele demonstra ser guiado por grupos interessados em captação da melhor estratégia política em seu favor, em forma do aproveitamento da situação, sem ter o menor compromisso senão com a conveniência sobre a popularidade do presidente e até que fosse assim, desde que o alvo das estratégias tivessem a representatividade de algo que realmente fizesse sentido, em benefício da sociedade.

É extremamente deplorável o recarrego das baterias presidenciais, para se voltar a criticar a precariedade das urnas, quando a última tentativa dele resultou apenas em decepcionante malogro presidencial, que precisaria se envergonhar de ter feito verdadeiro alerde sobre possíveis insegurança do sistema eleitoral e depois se retirou do cenário com a viola no saco, sem ter conseguido apoio nem mesmo do Centrão para o seu ambicioso projeto de aperfeiçoamento das urnas, uma vez os congressistas desse grupo ajudou a sepultar o referido projeto de mudança.

A precariedade imaginativa do presidente do país é tão curta que ele fica cuidando de táticas de campanha eleitoral, quando, no presente momento, ele é o chefe do Executivo e, se ele tivesse real consciência disso, seria o primeiro a recusar qualquer forma de comportamento ou de atitude que não tivesse vinculação ao cargo propriamente de chefe do Executivo, deixando que os assuntos relacionados com a reeleição passem a ser tratados no momento adequado, uma vez que eles são distintos e a sua atenção voltada para reeleição é bastante prejudicial ao normal exercício do cargo presidencial, quando, na verdade, ele não consegue cuidar e dar atenção aos dois casos ao mesmo tempo.

Enfim, nada impede que se critique novamente as urnas eletrônicas, considerando que realmente o seu sistema operacional precisa de urgente aperfeiçoamento, porém não surgiu nada de novo depois das frustradas tentativas anteriores, fato este que significa falta de bom senso e racionalidade voltar às mesmas críticas do passado, na perspectiva de que elas hão de resultar em absolutamente nada, salvo em perda do tempo presidencial, que poderia ser muito bem empregado em algo efetivamente útil à sociedade.  

Convém que o presidente da República se esforce para distinguir os encargos para os quais ele foi eleito, quanto a presidir o Brasil assoberbado de matérias relevantes, de interesse nacional, em relação aos assuntos inerentes à reeleição, uma vez que esta ainda se distancia da previsão legal de início, quando então somente devem ser tratadas as questões inerentes à disputa presidencial.                

Brasília, em 19 de fevereiro de 2022

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