Diante de crônica da minha lavra,
onde eu fiz análise sobre o último ex-presidente do país, um cidadão,
demonstrando insatisfação acerca do meu texto, escreveu a mensagem a seguir.
“Quer dizer que o Bolsonaro
deveria continuar com o arcabouço de corrupção vigente? Deveria continuar
abastecendo de verbas públicas a imprensa, os artistas, comprando a máfia
política com cargos públicos e nas estatais? No meu ver ele deu azar de
encontrar na cúpula das forças armadas oficiais generais ou comprometidos com
as quadrilhas instaladas nos três poderes ou na sua maioria uns covardes.”.
Em
resposta, eu disse que o último ex-presidente do país precisava apenas ser
verdadeiro estadista, em cumprimento à liturgia do cargo, observando
estritamente o que estabelece a Constituição, sem necessidade alguma de
discutir ou opinar sobre o que faz ou deixa de fazer outros poderes, à luz dos
princípios constitucionais inerentes à autonomia e à independência dos poderes.
O
ex-presidente do país pode ter sido inflexível com a corrupção, embora eu acho
que ele não foi, nesse caso, por ter colocado o famigerado e desonesto Centrão
no colo do governo, que passou a arcar com os gastos com publicidade e tantos
outros assuntos como aqueles citados na mensagem inicial, mas a desnecessária
disputa do poder com ministros da corte maior do país conseguiu desestabilizar
a centralidade do governo dele, em que ele terminou facilitando e dando todos
os elementos que o sistema precisava para a destruição política dele.
Ou seja,
o envolvimento do então presidente do país em disputas absolutamente
dispensáveis contribui para fragilizar a sua estrutura de poder, posto que ele
procurava reagir às agressões contra ele apenas com palavras inofensivas e
infrutíferas, exatamente em harmonia com as pretensões do sistema, que o
provocava precisamente com a inteligência imprescindível à satisfação de seus
objetivos, cujo resultado é esse que predomina, com o país atolado até às raízes
profundas em crises institucionais é ingovernabilidade, tudo por conta das indiscutíveis
incapacidade, insensatez e incompetência, infelizmente.
Convém se
entender que o cerne da disputa do ex-presidente com membros de outro poder foi
as urnas eletrônicas, assunto esse que ele poderia simplesmente resolver, por força
de competência constitucional, na forma de medida legislativa, nos termos de
projeto apropriado, mas ele nada fez e ainda preferiu comprar briga
absolutamente desnecessária e improdutiva, que, aliás, diga-se, de passagem,
terminou lhe valendo a perda do cargo, por puras insensibilidade e
inexperiência político-administrativas.
Os
verdadeiros brasileiros precisam cair na real, para conseguir enxergar o que
aconteceu de verdade na política brasileira, na certeza de que o Brasil seria
completamente diferente do atual caso o ex-presidente do país tivesse agido
exclusivamente como verdadeiro estadista, cuidando estritamente das agendas
inerentes ao cargo para o qual ele foi eleito, sem necessidade alguma de se
atritar ou disputar ou discutir com membros de outros poderes.
A verdade
é que de nada adianta ficar agora na defesa de algo indefensável, quando o
estrago foi causado por culpa da incompetência, da insensatez e principalmente
da irresponsabilidade, conforme mostram os fatos da história, que são
claríssimos, somente não enxergáveis para quem não quiser ver, infelizmente.
Brasília, em 2 de janeiro de 2024
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