Os
governantes têm o dever cívico e patriótico de se autoavaliar, sentir-se gente pobre mortal,
andar de ônibus, passar um mês com salário mínimo, precisar do atendimento de
hospital público, frequentar escola pública do interior do país, ficar uns dias
no Nordeste, na época da seca, enfim, se colocar no lugar do povo, para
perceber que o muito que o governo diz que realiza fica ano-luz de distância
das necessidades básicas da população. Essa história de se propagar que houve
melhoria social e mudança do país, não passa de engodo, de pura enganação, uma
vez que possível progresso da nação não tem sido analisado sob o conjunto dos
acontecimentos, englobando a totalização dos recursos arrecadados, a evolução
da estrutura do Estado, levando-se em contra o acompanhamento da evolução e da
modernidade mundiais, sem os quais não é possível se comparar a administração
atual com o governo de quinze anos atrás, sob pena de cometer injustiça e
irresponsabilidade de avaliação, porque os fatores existentes em cada época são
diferentes, principalmente a conjuntura econômica mundial, que jamais permanece
imutável, a exemplo dos preços do petróleo, que vêm influenciando a situação
das grandes nações. Na verdade, o brasileiro tem todos os elementos de
convicção de que o país sofreu gigantesco retrocesso no manche de quem acredita
ter contribuído para mudá-lo com a implantação de alguns programas
assistencialistas, com exclusivo viés eleitoreiro, que estão contribuindo sobremodo
para prejudicar a situação do resto dos brasileiros que trabalham e produzem,
porque, nesse governo, os fatores capazes de propulsionar o progresso e o
desenvolvimento da nação foram estagnados e se tornaram empecilho à
industrialização e à produção. Esses fatores de estímulo ao crescimento e à
competitividade dizem respeito às profundas reformas da estrutura do Estado,
que permanece envelhecido e impotente para reagir diante dos princípios da
modernidade mundial e dos aperfeiçoamentos dos mecanismos de produção. Enquanto
não houver abrangentes reformas nos sistemas previdenciário, trabalhista,
tributário, administrativo, político, de infraestrutura, entre outros essenciais
que contribuiriam para a modernidade da administração pública, com enormes
possibilidades para permitir que o parque industrial volte a atrair o capital
estrangeiro, que retornou à sua origem justamente devido aos elevados tributos,
aos pesados encargos previdenciários, aos elevadíssimos juros, à infernal
burocracia, aos índices insuportáveis de corrupção, ao péssimo escoamento da
produção, pela deplorável condições das estradas, entre inumeráveis
precariedades que contribuíram para que o país deixasse de ser atraente, em
termos de investimentos do capital estrangeiro. O que o governo alega ter feito
em especial e estrondoso não passa do mínimo e do mais péssimo possível da obrigação
prevista na Constituição Federal, com relação aos programas de governo
indispensáveis à assistência social, porquanto, nas realizações, não são elencáveis,
salvo alguma obra feita no exterior, com recursos dos bestas dos contribuintes,
investimentos de impacto, para a melhoria das condições de vida dos
brasileiros. Veja-se o caso da tão decantada obra de transposição do Rio São
Francisco, com previsão inicial de gastos de R$ 2,5 bilhões e inauguração em
2012, já superou o montante de R$ 8 bilhões e poderá ser inaugurada no final de
2015. Ou seja, não existe motivo algum diferente que qualquer governo mediano
não tivesse realizado, em tanto tempo e com os recordes de arrecadação, para
que o país ainda figure na traseira de todos os índices de avaliação de
organismos internacionais, a exemplo do Índice de Desenvolvimento Humano e demais
fatores de avaliação sérios e confiáveis, que, apesar dos resultados
lastimáveis, ainda não foram capazes de sensibilizar o governo que somente ele
acredita que o país se encontra, por sua exclusiva administração, em estado de
bonança, contrariando a realidade dos fatos que mostra, por obra e graça da sua
gestão, o inchaço da máquina pública, com injustificáveis trinta e nove
ministérios, muitos dos quais inúteis e dispensáveis, e incontáveis empresas
estatais deficientes e onerosas, que, juntamente com os ministérios, são
colocados à benevolente disposição da base aliada, em troca dos favores do
apoio ao governo nos seus projetos políticos, inclusive do mais precioso, que é
a perenidade no poder. Nenhum governo, quiçá do mundo, conviveu com tantos casos
de corrupção no serviço público como o brasileiro, causando enormes prejuízos
aos programas de governo, que deixam de atender às necessidades sociais, pelo
costumeiro desvio de recursos públicos para fins pessoais e políticos. As
mudanças imaginadas por esse governo permitiram que o país fosse um dos piores
no contexto mundial da saúde e da educação, cujos níveis de atendimento à
população ainda engatinham, em relação à evolução mundial desses serviços
públicos. Como não poderia ficar isolada no conjunto das precariedades, a segurança
pública se junta às mazelas, por suas notáveis deficiências, justamente por
falta de prioridades para as políticas públicas essenciais, de estrita competência
constitucional do Estado. O conjunto das deficiências do governo salta aos
olhos não somente da população brasileira, mas do resto do planeta, que já mostrou
preocupação quanto à participação dos torcedores estrangeiros nos jogos da Copa
do Mundo no Brasil, principalmente sobre as condições de segurança e de civilidade que o
país tupiniquim possa realmente oferecer a eles, à vista das precariedades
demonstradas ao mundo. A sociedade anseia por que os governantes tenham dignidade
para administrar o país com competência capaz de mostrar resultado que expresse
não apenas o trivial, de se envergonhar de ter apenas gerenciado programas
assistenciais de cunho eleitoreiro, que podem ser implementados sem alarde por qualquer
agente público, de não ter investido em obras de impacto e de perceber que o
desgaste da incapacidade gerencial não aconselha tanto esforço para mostrar que
as possíveis mudanças sociais são pífias, se comparadas à grandeza social,
política e econômica do Brasil. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 15 de maio de 2014
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