sexta-feira, 16 de maio de 2014

Cadê os investimentos de impacto?


Os governantes têm o dever cívico e patriótico de se autoavaliar, sentir-se gente pobre mortal, andar de ônibus, passar um mês com salário mínimo, precisar do atendimento de hospital público, frequentar escola pública do interior do país, ficar uns dias no Nordeste, na época da seca, enfim, se colocar no lugar do povo, para perceber que o muito que o governo diz que realiza fica ano-luz de distância das necessidades básicas da população. Essa história de se propagar que houve melhoria social e mudança do país, não passa de engodo, de pura enganação, uma vez que possível progresso da nação não tem sido analisado sob o conjunto dos acontecimentos, englobando a totalização dos recursos arrecadados, a evolução da estrutura do Estado, levando-se em contra o acompanhamento da evolução e da modernidade mundiais, sem os quais não é possível se comparar a administração atual com o governo de quinze anos atrás, sob pena de cometer injustiça e irresponsabilidade de avaliação, porque os fatores existentes em cada época são diferentes, principalmente a conjuntura econômica mundial, que jamais permanece imutável, a exemplo dos preços do petróleo, que vêm influenciando a situação das grandes nações. Na verdade, o brasileiro tem todos os elementos de convicção de que o país sofreu gigantesco retrocesso no manche de quem acredita ter contribuído para mudá-lo com a implantação de alguns programas assistencialistas, com exclusivo viés eleitoreiro, que estão contribuindo sobremodo para prejudicar a situação do resto dos brasileiros que trabalham e produzem, porque, nesse governo, os fatores capazes de propulsionar o progresso e o desenvolvimento da nação foram estagnados e se tornaram empecilho à industrialização e à produção. Esses fatores de estímulo ao crescimento e à competitividade dizem respeito às profundas reformas da estrutura do Estado, que permanece envelhecido e impotente para reagir diante dos princípios da modernidade mundial e dos aperfeiçoamentos dos mecanismos de produção. Enquanto não houver abrangentes reformas nos sistemas previdenciário, trabalhista, tributário, administrativo, político, de infraestrutura, entre outros essenciais que contribuiriam para a modernidade da administração pública, com enormes possibilidades para permitir que o parque industrial volte a atrair o capital estrangeiro, que retornou à sua origem justamente devido aos elevados tributos, aos pesados encargos previdenciários, aos elevadíssimos juros, à infernal burocracia, aos índices insuportáveis de corrupção, ao péssimo escoamento da produção, pela deplorável condições das estradas, entre inumeráveis precariedades que contribuíram para que o país deixasse de ser atraente, em termos de investimentos do capital estrangeiro. O que o governo alega ter feito em especial e estrondoso não passa do mínimo e do mais péssimo possível da obrigação prevista na Constituição Federal, com relação aos programas de governo indispensáveis à assistência social, porquanto, nas realizações, não são elencáveis, salvo alguma obra feita no exterior, com recursos dos bestas dos contribuintes, investimentos de impacto, para a melhoria das condições de vida dos brasileiros. Veja-se o caso da tão decantada obra de transposição do Rio São Francisco, com previsão inicial de gastos de R$ 2,5 bilhões e inauguração em 2012, já superou o montante de R$ 8 bilhões e poderá ser inaugurada no final de 2015. Ou seja, não existe motivo algum diferente que qualquer governo mediano não tivesse realizado, em tanto tempo e com os recordes de arrecadação, para que o país ainda figure na traseira de todos os índices de avaliação de organismos internacionais, a exemplo do Índice de Desenvolvimento Humano e demais fatores de avaliação sérios e confiáveis, que, apesar dos resultados lastimáveis, ainda não foram capazes de sensibilizar o governo que somente ele acredita que o país se encontra, por sua exclusiva administração, em estado de bonança, contrariando a realidade dos fatos que mostra, por obra e graça da sua gestão, o inchaço da máquina pública, com injustificáveis trinta e nove ministérios, muitos dos quais inúteis e dispensáveis, e incontáveis empresas estatais deficientes e onerosas, que, juntamente com os ministérios, são colocados à benevolente disposição da base aliada, em troca dos favores do apoio ao governo nos seus projetos políticos, inclusive do mais precioso, que é a perenidade no poder. Nenhum governo, quiçá do mundo, conviveu com tantos casos de corrupção no serviço público como o brasileiro, causando enormes prejuízos aos programas de governo, que deixam de atender às necessidades sociais, pelo costumeiro desvio de recursos públicos para fins pessoais e políticos. As mudanças imaginadas por esse governo permitiram que o país fosse um dos piores no contexto mundial da saúde e da educação, cujos níveis de atendimento à população ainda engatinham, em relação à evolução mundial desses serviços públicos. Como não poderia ficar isolada no conjunto das precariedades, a segurança pública se junta às mazelas, por suas notáveis deficiências, justamente por falta de prioridades para as políticas públicas essenciais, de estrita competência constitucional do Estado. O conjunto das deficiências do governo salta aos olhos não somente da população brasileira, mas do resto do planeta, que já mostrou preocupação quanto à participação dos torcedores estrangeiros nos jogos da Copa do Mundo no Brasil, principalmente sobre as condições de segurança e de civilidade que o país tupiniquim possa realmente oferecer a eles, à vista das precariedades demonstradas ao mundo. A sociedade anseia por que os governantes tenham dignidade para administrar o país com competência capaz de mostrar resultado que expresse não apenas o trivial, de se envergonhar de ter apenas gerenciado programas assistenciais de cunho eleitoreiro, que podem ser implementados sem alarde por qualquer agente público, de não ter investido em obras de impacto e de perceber que o desgaste da incapacidade gerencial não aconselha tanto esforço para mostrar que as possíveis mudanças sociais são pífias, se comparadas à grandeza social, política e econômica do Brasil. Acorda, Brasil!  
 

ANTONIO ADALMIR FERNANDES


Brasília, em 15 de maio de 2014

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