segunda-feira, 12 de maio de 2014

Administração sob efeitos marqueteiros

O anúncio da correção da tabela do Imposto de Renda para pessoa física pela presidente da República, no percentual de 4,5%, representa verdadeiro disparate oportunista e politiqueiro, por ter cunho destinado a mostrar a face “caridosa” do governo, mas, sobretudo, constrangedor e frustrante para a sociedade, que anseia sim pela atualização do valor pertinente em pelo menos 66%, para recuperar as perdas provocadas pela defasagem da corrosão dos percentuais pela inflação, que é medida oficialmente, nos últimos anos. Trata-se de evidente desespero de causa por parte da candidata à reeleição, que vê diluírem-se pelos ralos da incompetência administrativa, dos conchavos e das alianças espúrias, das coalizões fisiológicas, envolvendo o loteamento de ministérios e empresas estatais entre a base de sustentação do governo, da incompetência na gestão da Petrobras, entre outras precariedades administrativas, as chances de conquistar novo mandato, pela evidente queda das preferências de intenção de votos dos eleitores, que certamente estão se conscientizando sobre as oportunidades desperdiçadas, jogadas para o espaço pelo governo, por ter prometido mundos e fundo, mas nada de concreto foi realizado nem minimamente para aperfeiçoar e modernizar as estruturas funcionais do Estado, sem as quais o país padece pela falta de mecanismos de eficiência administrativa, que o impede de crescer e se desenvolver social, política e economicamente. A elevadíssima carga tributária, que já devia ter sido reformulada racionalmente à realidade brasileira e mundial, é fator preponderante que contribui para o estrangulamento da economia, sobremodo por prejudicar a expansão do parque industrial, que é forçado a reduzir drasticamente a produção nacional e a capacidade competitiva com os produtos importados. Sem as reformas estruturais, o país não somente afugenta os investidores internacionais, como dificulta a aplicação de capitais estrangeiros em novos empreendimentos, justamente porque o risco supera a garantia do retorno financeiro. No momento, as empresas estrangeiras estão retornando à sua origem, por não serem mais atrativos os investimentos no Brasil devido aos empecilhos decorrentes dos injustificáveis tributos e dos astronômicos encargos sociais e previdenciários, entre outros entraves que governo experiente e bem assessorado já teria tido a noção de solucioná-los, com a urgente eliminação dos gargalos que impedem o desenvolvimento nacional. Não obstante, a inércia e o desprezo à tomada de iniciativa com vistas à aprovação de medidas capazes de assegurar o progresso do país evidenciam completa irresponsabilidade dos administradores públicos, por permitirem, mediante omissão, enormes prejuízos social e econômico à nação, por continuar sob o jugo da incompetência e do despreparo para o acionamento de mecanismos transformadores do retrocesso em políticas de modernidade e de progresso. Em síntese, há evidência de que o anúncio da correção da aludida tabela foi indiscutivelmente desastroso, por ter sido feito em data intempestiva e imprópria, com a tentativa de demonstrar situação inexistente e de completa hipocrisia, absolutamente sem o menor nexo com a realidade da administração do país. Além de injustificável o anúncio, o índice aprovado é frustrante e deplorável, por ser inferior à inflação medida pelo órgão oficial, fato que agrava em muito a carga tributária sobre os contribuintes, que sente no bolso a diminuição da sua capacidade contributiva e de compras. Não bastasse a visível injustiça tributária, devido à defasagem representada no percentual inferior ao índice de inflação oficial, a sua vigência somente se efetivará no próximo ano. O anúncio, além de irreal, é enganoso, porque os contribuintes já tinham feito contas sobre a "bondade", imaginando que a correção vigeria imediatamente. O certo é que tudo não passou de mera encenação para contextualizar, de forma estratégica, mero marketing eleitoreiro, enfeixado em pacote com objetivos planejados por marqueteiros, para a presidente retomar a simpatia dos eleitores, que, ao contrário, devem ter ficado cada vez mais insatisfeitos com os desastrosos atos politiqueiros e oportunistas dela, que prefere agir e se orientar artificialmente por marqueteiros e gurus, cujas contribuições permitiram tão somente consolidar a estagnação do crescimento do país, o absolutismo das estruturas arcaicas do Estado e a reafirmação da lamentável situação de subdesenvolvimento da nação. O povo precisa se conscientizar, com urgência, sobre as precariedades administrativas do país, como forma de se encontrar estadista que tenha a sensibilidade e a racionalidade para promover prioristicamente as tão sonhadas reformas das estruturas do Estado e a gestão da eficiência e sobretudo da verdade. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 11 de maio de 2014

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