sábado, 24 de maio de 2014

Decadência dos princípios ético e moral

Reportagem publicada pelo site da Folha de S.Paulo dá conta de que, segundo informações obtidas junto à cúpula da polícia, um deputado estadual do PT de São Paulo participou de reunião, em março último, que contou com a presença de, pelo menos, 13 integrantes da temida facção criminosa PCC, entre os quais se encontrava um dos criminosos acusados de participar do furto do Banco Central, no Ceará, em 2005, de onde foram levados R$ 164,8 milhões, além de um perigoso criminoso procurado da Justiça, por roubos a bancos. Na reunião, teriam sido discutidos assuntos de interesse dos cooperados dos transportes. A investigação da Polícia Civil revela que, desses suspeitos de ligação com PCC, 11 não possuem ônibus ou qualquer ligação com a cooperativa que justificasse a sua presença no local. A revelação foi feita por subsecretário do governo do estado, que revide de críticas feitas pelo secretário municipal de Transporte, do PT, ao trabalho da polícia durante a greve dos motoristas de ônibus, ao acusar a PM de "passividade", diante dos protestos do setor. Os policiais atribuem à facção criminosa o incêndio de mais de 70 ônibus, por ocasião dos protestos e ataques, em várias partes da capital, desde o início do ano. O site também publica o currículo do parlamentar petista, que foi eleito em 2010, com mais de 100 mil votos. No início da década de 1990, ele teria sido preso e condenado por assalto à mão armada no Paraná, mas fugiu da cadeia, ao ficar preso por um ano e meio e conseguiu permanecer foragido por cerca de dez anos. Em 2006, o deputado foi reabilitado pela Justiça, com a quitação de suas dívidas. Na verdade, por se tratar de bandido que alega ter quitado sua dívida perante a sociedade, isso não representa a verdade dos fatos, porque a reparação de seus crimes operou-se pelo injustificável método da prescrição, prevista em lei, ficando a mácula quanto ao ferimento do princípio ético e da conduta ilibada. Com os assaltos a supermercados, o petista amealhou, de maneira irregular, descomunal patrimônio de R$ 5 milhões, segundo declaração feita à Justiça Eleitoral, cujo capital foi investido em empresa de ônibus e postos de gasolina. A história desse cidadão é de causar arrepio às pessoas de bem e de caráter, ao se perceber que, mesmo sendo possuidor de índole criminosa ao extremo, foi capaz de construir valioso patrimônio financeiro e político, sob a proteção do partido que “defende” os princípios ético, moral e da honestidade, bem assim da Justiça, que teve a benevolência de considerá-lo quite perante a sociedade e o Estado. Num país sério, se tornaria impossível alguém foragido da Justiça conseguir construir fabuloso patrimônio e, ao emergir triunfante, se eleger representante do povo e ainda continuar dono de fantástico patrimônio adquirido de forma visivelmente irregular. Conforme a notícia publicada pela Folha, não fica bem para a imagem da Polícia Civil a declaração de que teria feito registro, em ata, da constatação de reunião de facção criminosa, inclusive com a participação de autoridade pública, e simplesmente guardar o documento para, somente agora revelar seu conteúdo, a fim de servir como meio de revide às acusações petistas, quando a sua obrigação, na forma do seu dever funcional e institucional, teria sido a prisão dos participantes da malsinada reunião. Nesse episódio, fica claro que a polícia foi cúmplice e leniente com o crime, pelo fato de ter constatado, em um só lugar, a presença de altos delinquentes, entre eles um procurado pela Justiça e ter deixado de exercer a sua competência institucional. O PT, quiçá “estarrecido” com mais outro trágico acontecimento, exige que o deputado dê explicações. Não há dúvida de que a resposta será a de sempre: não sabe de nada, não participou de coisa nenhuma, mas se realmente esteve na reunião, ante a revelação somente agora pela Polícia Civil, é possível que se trate de caso fortuito, tão insignificante que já tinha até esquecido. Essa hipótese de se pedir explicação serve apenas para que o político confirme o que todos já sabem: ele, além de jurar inocência e negar com veemência os fatos, vai acusar a imprensa ou talvez a polícia, por ter flagrado o fatídico acontecimento e, em seguida, dizer que se considera vítima, por perseguição a ex-prisionário, que não tem direito de ser lídimo representante do povo. Quanto ao Partido dos Trabalhadores, a notícia apenas confirma a sua vocação para acomodar gente suspeita, com currículo carregado de crimes, a exemplo dos participantes do esquema do mensalão, da gestão decadente da Petrobras, inclusive com a descoberta das graves irregularidades perpetradas pela operação Lava-Jato da Polícia Federal, do caso em comento e de tantos outros que, convenhamos, são capazes de desacreditar completamente as atividades político-partidárias da agremiação que ainda administra este país, que não se preocupa com a dignidade, à luz dos reiterados acontecimentos que somente contribuem para denegrir, ao ponto mais vil, a linda imagem da nação mais amada e querida dos brasileiros. O ingresso de criminoso no partido pode ser evitado facilmente, desde que se queira, bastando a exigência de declaração de vida pregressa, onde está registrado o currículo do cidadão. Com toda certeza, o Brasil não merece passar por tanta desmoralização quanto à inobservância dos princípios ético, moral, do decoro, da probidade e da honorabilidade, como vem sendo obrigado a aturar desde que esse governo assumiu os destinos dos brasileiros. Não há a menor dúvida de que causa enorme tristeza se perceber que ainda existem pessoas capazes de acreditar nesse governo e defendê-lo com as armas mais destituídas de consistência, porque os próprios integrantes do partido trabalham com afinco para a desconstrução dos princípios mais sublimes, que consistem no sentimento de honestidade que deve ser impregnado na atuação dos homens públicos, como forma benéfica à construção da grande nação como o Brasil, que possui potencialidades inesgotáveis, mas, infelizmente, o sonho de progresso está sendo cada vez mais distante de ser alcançado, devido à atrocidade impingida ao país, pela mentalidade ideológica de dominação estrategicamente predatória e maquiavélica, sob a justificativa da bestial insistência da perenidade no poder, mediante práticas visivelmente prejudiciais ao interesse nacional. A sociedade precisa se despertar dessa terrível letargia, que a impede de vislumbrar os verdadeiros malefícios causados ao país pela administração com viés visivelmente prejudicial aos seus interesses, diante da constância desmoralizante dos princípios da ética, da moral, do decoro e da honorabilidade. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 23 de maio de 2014

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